Uma composição sui generis, aconteceu na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, lá o vereador Carlos Bolsonaro (PSL), “se uniu” aos parlamentares do PSOL, arqui-inimigos a nível nacional, para “salvar o pescoço” do desgastado prefeito Marcelo Crivella. Com isso, o projeto em votação que permitiria eleição indireta na Casa de Leis, para eleger o prefeito a partir do terceiro ano de mandato, em caso de cassação e não tendo o vice-prefeito no cargo, foi rejeitado. Fosse aprovado, o texto abriria a porta para a cassação de Crivella.
De acordo com informações do G1, em votação na terça-feira (26), houve a rejeição por um voto do projeto de emenda à Lei Orgânica do Município que poderia ampliar o prazo para os parlamentares elegerem, indiretamente, um novo prefeito em caso de impeachment do prefeito.
A proposta precisaria de 34 votos para passar. Trinta e três vereadores votaram a favor, 15 contra e um se absteve. Dos 51 vereadores, apenas 15 ajudaram a “salvar o pescoço” do atual prefeito, isso incluindo os seis vereadores do PSOL, e o Leandro Lyra, do Novo. O bispo tem apenas oito vereadores que "fecham"com ele.
A estratégia encontrada pelos parlamentares favoráveis ao voto indireto, em caso de impeachment do atual prefeito, foi aproveitar a votação do Projeto de Emenda à Lei Orgânica Municipal, que tinha o objetivo de discutir a data de pagamento do 13º salário dos servidores do município.
A manobra, conhecida como "jabuti", ou seja, quando a proposta de interesse em nada se relaciona com o tema da votação original, foi tentar aprovar uma segunda emenda à Lei Orgânica.
Atualmente, a legislação municipal prevê que os parlamentares possam escolher um novo prefeito apenas se o cargo ficar vago nos últimos 12 meses do mandato. Antes disso, novas eleições deveriam ser convocadas.
O texto da proposta apresentada definia que o prazo passaria a dois anos. Ou seja, se o atual prefeito Marcelo Crivella (PRB) sofrer o impeachment, os vereadores poderiam já eleger, indiretamente, um novo prefeito.
O vereador do PSOL, Tarcisio Motta disse que o governo sai da votação "bastante frágil". "Foram 33 votos contra o governo, portanto quase 2/3 da casa, com parte dos votos que o governo teve sendo da oposição. Então é um governo frágil que precisa se rearticular. Se alguém aqui que votou favorável a essa emenda depois vier votar contra o impeachment aí fica mais que provado o casuísmo. Eles só votariam o impeachment se eles tivessem o controle do processo e isso é ruim para a democracia", opinou.