O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, é o entrevistado desta semana do JD1 Notícias. Os principais assuntos abordados por Mandetta foram os futuros investimentos em Campo Grande, com um projeto inovador conhecido como Saúde na Hora e a importância do Sistema Único de Saúde (SUS) para o brasileiro. O ministro destacou também sua experiência como secretário de Saúde da capital, de 2005 a 2010. Segundo ele, gerir a pasta lhe rendeu grandes conhecimentos e experiências, que influenciam, até hoje, seu trabalho à frente do Ministério da Saúde.
JD1 Notícias – Senhor ministro, explique como será o Programa Saúde na Hora e os investimentos para o mesmo, como serão feitos e quando será, de fato, implantado? Campo Grande será a primeira a ter o projeto?
Henrique Mandetta – O programa Saúde na Hora, que estamos apresentando em Campo Grande, é o resultado de nossa decisão de priorizar o atendimento à atenção primária. Criamos, pela primeira vez na história do Ministério da Saúde, a Secretaria de Atenção Primária à Saúde para fortalecer a promoção da saúde e prevenção de doenças. O objetivo não é apenas tratar a doença, mas impedir o surgimento ou o agravamento dela com a ampliação da oferta e qualificação dos serviços e políticas de saúde que se destinam ao usuário nos atendimentos feitos na outra extremidade. Já temos mais de 503 solicitações de adesão em 80 municípios de 21 Estados. Conseguimos criar três formatos de financiamento aos municípios, 40 horas semanais, 60 horas semanais e 75 horas semanais, que significam que os municípios serão remunerados para ficar com as unidades de saúde com as portas abertas em horários alternativos. O trabalhador, a dona de casa, quem precisar vai encontrar consultas médicas e odontológicas, coleta de exames laboratoriais, testes de rastreamento de vacinas, consultas pré-natal, entre outros procedimentos durante os três turnos, sem intervalo de almoço e, opcionalmente, aos sábados ou domingos.
JD1 Notícias – O senhor falou sobre SUS revigorado. Quanto vai custar e haverá recursos para algo tão grande?
Henrique Mandetta – O SUS é um dos maiores e mais complexos sistemas de saúde pública do mundo, abrangendo desde o simples atendimento para a avaliação da pressão arterial, por meio da atenção primária, até o transplante de órgãos, garantindo acesso integral, universal e gratuito para toda a população do país. O tamanho do SUS é refletido em números de atendimento à população. Para se ter uma ideia, no período de janeiro até abril deste ano, estes são os números: 1,1 bilhão de procedimentos ambulatoriais; 384,1 milhões de consultas/atendimentos; 3,8 milhões de internações; 28 milhões de procedimentos oncológicos no SUS (2018); 3,4 milhões de procedimentos de quimioterapia (2018); ainda somos o maior sistema público de transplantes de órgãos do mundo. Estamos trabalhando, no ano de 2019, com a dotação orçamentária preparada no ano passado, que é de R$ 132,8 bilhões. Desse total, R$ 4,5 bilhões são para investimentos e R$ 108,3 bilhões para outras despesas correntes, que incluem custeio da atenção primária, de média e alta complexidade, assistência farmacêutica, vigilâncias epidemiológicas, recursos para a compra e distribuição de medicamentos e imunobiológicos, além de outras despesas finalísticas. Temos buscado a adoção de melhores práticas de gestão para evitar desperdícios. Nessa nova organização, criamos uma Diretoria de Integridade com participação do TCU, da CGU e MPF, para dar mais transparência à gestão pública de saúde.
JD1 Notícias – O senhor enfrentou grandes desafios como gestor em Campo Grande. Sua passagem pela Secretaria Municipal de Saúde lhe ensinou algo, para seu atual cargo?
Henrique Mandetta – Sim. Como secretário municipal de Saúde enfrentei muitos desafios. O primeiro deles, quando encontrei a Santa Casa com as portas fechadas com corrente e cadeado. Depois, a epidemia de dengue, quando organizamos um combate que acabou servindo como modelo de enfrentamento. Posso afirmar que passar pela Sesau me credenciou a outros desafios. Atualmente, temos a preocupação com o índice de vacinação no país, que está perigosamente baixo. Precisamos urgentemente ampliar a imunização contra doenças que já haviam sido eliminadas ou erradicadas, mas que voltaram a circular no país, como o sarampo. Pela primeira vez, em âmbito federal, estabelecemos a cobertura vacinal como meta prioritária para a gestão de saúde no país. A ampliação da faixa etária de vacinação para as crianças contra a influenza, pois lançamos, em abril, o Movimento Vacina Brasil, para reverter o quadro de queda das coberturas vacinais registradas nos últimos anos. Na reunião do G-8, em Osaka, no Japão, defendi, junto aos líderes mundiais, a necessidade de uma campanha mundial para o aumento da vacinação. Estou pedindo ajuda às grandes plataformas, como o Facebook, para o combate às fake news. Reforço aqui a necessidade de as famílias ficarem atentas à vacinação, pois todos têm direito à imunização. Vamos todos fazer a nossa parte, para continuar a construção do SUS que queremos e sonhamos.