O pré-candidato do PSL, Jair Bolsonaro, desistiu do acordo com o PR, na reta final da costura de alianças para disputar o Planalto. Com isso, Jair abriu caminho para que seu principal adversário, Ciro Gomes (PDT), iniciasse uma ofensiva pelo partido.
Sem o ex-presidente Lula (PT), Bolsonaro é líder nas pesquisas com cerca de 20% das intenções de voto, e abriu mão do principal ativo do PR, valiosos 45 segundos de tempo de TV, e agora segue com oito segundos, para fazer campanha e tentar se defender dos ataques de seus adversários durante o horário eleitoral.
O capitão reformado tentava atrair o senador Magno Malta (PR-ES) para a vaga de vice de sua chapa, com o objetivo de aumentar sua interlocução com os evangélicos (Malta é ligado a esse nicho do eleitorado, com boa aceitação ao nome de Bolsonaro).
Na semana passada, porém, o senador anunciou que tentaria só sua reeleição e o acordo começou a naufragar. Bolsonaro deve anunciar nesta quarta-feira (18), o general Augusto (PRP) como vice, o que agregará mais quatro segundos de TV ao pré-candidato.
É a primeira vez, desde a redemocratização, que uma chapa formada exclusivamente por militares se lança à sucessão presidencial.
O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), aliado de Bolsonaro, foi escalado para conversar com o filho do pré-candidato e convencê-lo a ceder, mas não teve sucesso. Avisados, aliados de Ciro Gomes iniciaram uma ofensiva sobre o PR. Segundo aliados, o ex-governador do Ceará, que deve se encontrar com Valdemar ainda esta semana, oferecerá a vaga de vice ao empresário Josué Alencar (PR-MG).
O cálculo de Ciro é pragmático: ao tentar atrair o PR, poderia provocar um efeito cascata nos outros partidos do chamado centrão, como DEM, PP, SD e PRB, que ainda estão divididos quanto a quem apoiar na corrida pelo Planalto.
O grupo já não tem certeza de que marchará junto em direção a Ciro ou a Geraldo Alckmin (PSDB), mas pretendia tomar uma decisão até esta quinta-feira (19).
Entre os integrantes que defendem um acordo com Ciro, a tese é a de que um fato político novo dentro do bloco, como a adesão do PR à chapa do PDT, poderia fazer com que todos os partidos seguissem unidos.
O PR, porém, pode obrigar o adiamento dessa definição. O partido ainda espera uma sinalização mais clara do PT (a quem Valdemar gostaria de apoiar) e pode segurar o anúncio até a próxima semana, já no meio das convenções.
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