Sombrios, perversos e sem paciência com duas crianças, além de uma sessão rotineira de espancamentos. Isso é o que o relatório do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) apontou sobre Stephanie de Jesus da Silva em conversas com seu companheiro Christian Campoçano Leitheim na extração dos dados do celular da ré no caso da morte de Sophia de Jesus Ocampo.
O relatório foi anexado ao processo a pedido do Ministério Público, que ofereceu a denúncia ao casal por crime de homicídio qualificado contra a criança, que perdeu a vida em 26 de janeiro deste ano, em decorrência de várias agressões sofridas.
Foram extraídas conversas em um período de dois anos, entre 2021 e 2022, principais anos que Sophia e o outro menino, filho de Christian, passaram por intensas agressões que eram justificadas como "correções" pelas situação que supostamente seriam aprontadas pelas crianças.
Em um trecho da conversa, no dia 2 de dezembro de 2021, Christan envia um áudio para Stephanie dizendo que bateu e ameaçou a integridade de Sophia em razão dela ter supostamente batido no outro menino por causa de alguns brinquedos. "Bati bem no dedo dela, aí ela já entortou a boca e eu falei se você chorasse, você apanha de novo. Ficou quieta".
Minutos mais tarde, o padrasto novamente envia uma mensagem para sua companheira e relata que agrediu seu filho de outro relacionamento por ele ter provocado a quebra de um ventilador. Stephanie faz um leve questionamento. "Eu acho que você deve ter espancado ele, né?", e Christian rebate a fala de sua companheira em tom ainda mais agressivo. "Espancado foi pouco, eu acabei de arrebentar ele, foi só murro. Murro e chinelada no pé para ele larga de ser besta".
Uma semana depois, novos episódios de agressões foram relatados na conversa pelo WhatsApp e Stephanie informa Christian que bateu no menino, pois ele teria derrubado Sophia. "Acabei de dar umas chineladas no Iori", diz e Christian rebate apoiando a situação. "Tem que bater nele, até ele aprender. É só bater forte".
Em 14 de dezembro daquele ano, o casal mostra mais uma vez que possuem comportamentos extremistas para dialogar ou até mesmo educar as duas crianças que conviviam com eles na residência. A mulher aponta para seu companheiro que aplicou um "corretivo" contra o menino".
Já em janeiro de 2022, Christian relata que agrediu Sophia e ainda fez uma ameaça dizendo que "vou dar uma porrada nela se fizer de novo", relatando que a menina estava querendo ir à rua. Stephanie não parece se importar com a situação e ri, incentivando novas agressões. "Pode dar".
Uma nova conversa extraída do celular de Stephanie mostra um perfil ameaçador de Christian, onde ele orienta a companheira a sufocar Sophia contra o colchão para ela parar de chorar. "Dá uns tapão nela, ai você vira a cara dela para o colchão e fica segurando porque aí ela para de chorar. É sério, parece até tortura, mas não é, porque aí ela fica sem ar para chorar e para de chorar, entendeu".
O relatório, bastante extenso pelas conversas, mostra que o casal trocava mensagens constantamente sobre as agressões e que Christian possuía um perfil mais impositivo, que tentava dominar as crianças na base de tapas e até ameaças, como aconteceu com Sophia, no quesito de sufocar a menina, e até dizer que era para Stephanie quebrar o pescoço da vítima caso ela desobedecesse à ordem.
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