Por determinação da 1ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio, o bicheiro Rogério de Andrade deixou a Penitenciária de Segurança Máxima Laércio Pellegrino (Bangu 1), no Complexo de Bangu, na Zona Oeste do Rio, no começo da manhã desta terça-feira (12) para vir ao Presídio Federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.
O contraventor é acusado de ser o mandante da morte do rival Fernando de Miranda Iggnácio, em 2020 e foi preso no final do mês passado na Operação Último Ato, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio de Janeiro (Gaeco/MPRJ).
O bicheiro deixou Bangu escoltado por 4 viaturas do Serviço de Operações Especiais (SOE), que é o Grupamento de Escolta Penitenciária da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) — e foi levado até a Base Aérea do Galeão, na Ilha do Governador. Lá, uma aeronave da Polícia Federal (PF).
O Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ), vinha negociando a transferência com a Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), ligada ao Ministério da Justiça. Ele ficará no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD).
Na segunda (4) passada, o TJRJ negou dois pedidos de habeas corpus (HC), impetrados pelo advogado Raphael Mattos, que defende o contraventor.
O primeiro pedia a revogação da prisão preventiva de Rogério. Já o segundo solicitava a suspensão dos efeitos da decisão que determinou a inclusão de Rogério de Andrade no RDD. Os dois pedidos foram negados pela desembargadora Elizabete Alves de Aguiar, da 8ª Câmara Criminal do Órgão Especial do TJRJ.
Briga pelo poder
Castor de Andrade era um dos chefões do jogo do bicho no Rio e morreu de infarto em 1997. Iggnácio, que o sogro sempre considerou favorito para sucedê-lo, assumiu esse império e o expandiu com máquinas de caça-níqueis.
Rogério é sobrinho de Castor e sempre teve desavenças com o Iggnácio. No fim dos anos 90, Rogério revolveu investir também no caça-níquel e passou a invadir parte do negócio de Iggnácio, dando início a uma guerra sangrenta na família: pelo menos 50 pessoas foram assassinadas na disputa.
Vaivém na Justiça
Em março de 2021, o MPRJ tinha denunciado Rogério Andrade como mandante da morte de Iggnácio. No entanto, em fevereiro de 2022, a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu trancar a ação penal contra o contraventor, alegando falta de provas.
Em abril deste ano, Rogério Andrade retirou a tornozeleira eletrônica que monitorava seus deslocamentos, após uma decisão do ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF). O contraventor ficou quase 1 ano e meio com a tornozeleira eletrônica e cumprindo recolhimento domiciliar noturno, sem poder sair de casa após as 18h.
A vigilância eletrônica decorria da 2ª fase da Operação Calígula, em agosto de 2022, quando Andrade foi preso ao lado do filho, Gustavo.
Segundo a denúncia do MPRJ que embasou a operação, Rogério Andrade expandia seus negócios de exploração de jogos de azar em vasta área geográfica, mediante a imposição de domínio territorial com violência, além da prática reiterada e sistêmica dos crimes de corrupção ativa, homicídio, lavagem de dinheiro, extorsão e ameaça, dentre outros.
Rogério seria o chefe da organização criminosa que contava ainda com o PM reformado Ronnie Lessa, assassino confesso de Marielle Franco, e a delegada Adriana Belém, que facilitaria as ações do grupo.
Em nota, a defesa de Adriana Belém afirmou que "repudia veementemente a afirmação de que ela fazia parte de organização criminosa, sendo certo que o próprio Ministério Público não formulou contra ela acusação de pertencimento à organização criminosa".
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