Um avião de pequeno porte ultrapassou a pista do aeroporto de Ubatuba, no litoral norte de São Paulo, e explodiu na Praia do Cruzeiro, na manhã desta quinta-feira (9). A aeronave, modelo Cessna, matrícula PR-GFS, estava registrada na Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) em nome do produtor rural Nelvo Fries e familiares. Fries, que atua no ramo agrícola em Mato Grosso do Sul, é investigado em um dos maiores esquemas de fraude fiscal do estado.
Histórico de Nelvo Fries e investigação
Nelvo Fries foi um dos principais alvos da "Operação Grãos de Ouro", conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (GAECO) do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS). A operação, deflagrada em agosto de 2018, desmantelou um esquema de sonegação de ICMS na comercialização de grãos, gerando prejuízos estimados em R$ 44 milhões aos cofres públicos.
As investigações começaram em 2016, após denúncia da Secretaria de Fazenda de Mato Grosso do Sul sobre irregularidades na emissão de notas fiscais frias. O esquema envolvia produtores rurais, servidores públicos, caminhoneiros e 14 empresas de fachada. No total, 58 pessoas foram denunciadas à Justiça.
O processo tramita na 1ª Vara Criminal Residual sob a condução do juiz Roberto Ferreira Filho. Fries e outros respondem por crimes como organização criminosa, falsificação de documentos públicos, lavagem de dinheiro e sonegação fiscal. Apesar de solicitar absolvição sumária, o pedido foi negado pelo juiz, que considerou haver indícios suficientes para prosseguir com a ação penal.
Acidente em Ubatuba
No momento do acidente, a aeronave transportava cinco pessoas, o piloto, Paulo Seghetto, de Goiânia, um casal e seus dois filhos pequenos. Seghetto não resistiu aos ferimentos e morreu após ser retirado das ferragens. A família – Mireylle Fries, de 41 anos, Bruno Almeida Souza, de 41, e os dois filhos, de 4 e 6 anos – foi resgatada com vida e encaminhada ao hospital. Todos estavam conscientes e apresentavam quadro de saúde estável.
No local, uma mulher que caminhava pela praia sofreu uma torção no pé ao tentar se afastar rapidamente do impacto. Nelvo Fries, proprietário da aeronave, não estava entre os ocupantes.
Investigações sobre o acidente
A Força Aérea Brasileira (FAB), a Polícia Civil de São Paulo e o Ministério Público de São Paulo abriram inquéritos para apurar as causas do acidente. A Polícia Civil registrou um boletim de ocorrência e investiga possíveis responsabilidades criminais.
O Ministério Público solicitou informações preliminares à ANAC, à Prefeitura de Ubatuba e ao Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA). A promotoria também examinará a regularidade da aeronave e do aeroporto.
Situação da aeronave
Segundo a ANAC, o avião, fabricado pela Cessna Aircraft, tinha capacidade para oito passageiros e estava com a situação de aeronavegabilidade normal. Seu Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade era válido até 3 de setembro de 2025. Entretanto, a aeronave não possuía autorização para operar como táxi aéreo.
As investigações seguem em andamento para esclarecer as causas do acidente e possíveis irregularidades envolvendo a operação da aeronave. Autoridades estaduais e federais continuam trabalhando na coleta de informações para determinar possíveis responsabilidades e evitar novos episódios semelhantes.
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