Por questões de formação, me sinto muito a vontade para escrever sobre assuntos ligados ao meio rural e o ambientalismo. Fui favorável à aprovação do Novo Código Florestal e até escrevi sobre ele, aqui neste mesmo JD1 Notícias.
Não tenho dúvidas que vamos iniciar no Brasil uma era de mudanças que darão ao país uma fisionomia diferente de tudo aquilo que assistimos ao longo dos últimos governos.
No campo da economia, não precisamos dizer que as mudanças serão drásticas, tendo em vista o perfil liberal de um “super” ministro que fala com propriedade sobre sua pasta.
A Justiça estará nas mãos de um juiz competente, que tem a admiração da sociedade – e honesto como deve ser um juiz –, Saúde, Segurança e Educação serão conduzidos por profissionais reconhecidamente competentes e intimamente ligados aos setores específicos, longe de se pensar em corporativismo.
O setor agrícola, da mesma forma, volta a contar com a gestão de uma profissional da área, de reconhecida e decantada competência e que entende e conhece os problemas do campo e, certamente, saberá lhes dar soluções.
Mas, na realidade o motivo principal desse meu artigo, se prende à questão ambiental. O primeiro pronunciamento do Presidente eleito Jair Bolsonaro, sobre meio ambiente, na conversa semanal que ele promete ao povo brasileiro, muito embora parta de uma pessoa que não tem a sua formação ligada a área, dá conta de que ele, em sua decantada simplicidade, coloca o assunto com a propriedade de quem realmente pensa em promover o polêmico "desenvolvimento sustentável", que seria cuidar do desenvolvimento sem prejuízo do meio ambiente e, agora, englobando os problemas sociais, particularmente o empoderamento da mulher.
Bolsonaro dicerta sobre vários problemas vividos pelo setor produtivo, especialmente a respeito do licenciamento ambiental.
Me deixa feliz o comportamento do presidente, porque suas ideias vêm ao encontro daquilo que já escrevi várias vezes sobre a atual política preservacionista.
A proliferação desmedida de organismos ligados à preservação do meio ambiente, e os próprios órgãos oficiais, carregam uma carga de barreiras que se constituem em entraves no caminho desse desenvolvimento. Em nome da preservação ambiental, se cometem abusos desnecessários, através de burocracias e atrasos incompreensíveis que muitas vezes chegam a inviabilizar os projetos pela demora, prejuízos financeiros e perda de competividade, com reflexos danosos para a economia do país e a produção de empregos.
Estou convencido de que Bolsonaro conhece a importância da preservação ambiental mas, felizmente, ele navega no sentido de não deixar que a hipocrisia continue a se sobrepor ao razoável. Por certo que não se pode criar boi e plantar feijão em cima de árvores. Que não ligaremos um ventilador onde não houver energia. Não se pode manter o conforto, o emprego e não se poderá servir a mesa se não mais contarmos com o trabalho e o idealismo do homem do campo.
Sendo assim, não se pode ver nem tratar o setor produtivo como o “vilão” do desenvolvimento sustentável. Sem ele jamais poderemos garantir o futuro de novas gerações.
(*) Alicio Mendes é médico veterinário e educador ambiental
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