JD1 Notícias – O senhor teve uma carreira na magistratura conhecida por todos. Por que essa mudança para tentar agora um cargo eletivo?
Odilon de Oliveira – Eu me aposentei com 68 anos de idade e já estava trabalhando há 55 anos, dos quais aproximadamente 40 anos no judiciário, Ministério Público, Procuradoria Federal. Resolvi me aposentar por causa dessa extensão funcional, desse longo período, e decidi ir para a política para continuar tendo um espaço e prosseguir no meu trabalho. A minha intenção é continuar dedicando a minha vida a causa pública. Se o Brasil estivesse em uma situação boa, principalmente com relação à moralidade pública eu ficaria onde eu estava, não teria me habilitado a ser político. Nós temos que colaborar, participar, e eu me sentiria omisso, e mais que isso, me sentiria covarde se não aderisse a essa luta, se não compusesse esse exército do bem, o exército da paz. Eu estou na política sem nenhum interesse pessoal, eu não vou atrás de dinheiro, eu tenho o meu salário. O único patrimônio definitivo que eu tenho e sei que terei até morrer é a minha aposentadoria. Eu não quero nenhuma vantagem pessoal, eu vou trabalhar de graça. Também não vou atrás de nenhuma regalia. O que me interessa é exercer o cargo com elevada dignidade.
JD1 Notícias – Mato Grosso do Sul é um estado que sempre esteve muito dependente de intercâmbios, convênios, de participar de grandes programas federais para conseguir investimentos. Como o senhor procederá?
Odilon de Oliveira – Em primeiro lugar, no aspecto geral há uma interdependência no serviço público e na iniciativa privada. Hoje em dia tem que haver uma integração, nenhum município sobrevive sozinho nem um estado se desenvolve sozinho, nenhum país se desenvolve sozinho, e o fato de alguém ser eleito pelo PDT e o presidente da república ser eleito por outro partido, isso não modifica. Mas é claro que gostaríamos que o candidato do PDT, Ciro Gomes, ganhasse. Primeiro que a sociedade já está bem interligada com o poder através da globalização das comunicações, e isso é fantástico. O responsável por isso é exatamente o setor das comunicações. Hoje em dia é arriscado e será mais arriscado a partir de 2019 o político, seja do executivo ou do legislativo não se afinar com os interesses públicos, por que o povo fica sabendo disso. Seria praticamente o encerramento da carreira política.
JD1 Notícias – O senhor acabou de falar em Ciro e PDT, no entanto na sua campanha o senhor também tem uma porta aberta para o Álvaro Dias, que é do Podemos. Ter dois candidatos à presidência não é uma incoerência?
Odilon de Oliveira – Não, por que no caso, é uma aliança parcial com o Podemos. O pacto que foi feito com o partido é ele não lançar candidato ao governo do estado e me apoiar. Em compensação a gente vai apoiar candidatos do Podemos. Mas nesse pacto não inclui o apoio do PDT aqui no estado ao Álvaro Dias para presidente da república. Ele não deve ter minha presença aqui no estado no palanque dele, o Ciro é que deve. Nós vamos apoiar Chico Maia, por exemplo, que está nessa coligação parcial ao senado, e eventuais outros candidatos. Então com relação a presidência da república que não tenho compromisso com Álvaro Dias.
JD1 Notícias – Que partidos o senhor acredita que estejam do seu lado nessa caminhada?
Odilon de Oliveira – Temos conversado com alguns partidos, mas esse encargo de realizar as alianças está sob responsabilidade do João Leite Schimidt. Não podemos fazer nenhum adiantamento.
JD1 Notícias – Quando alguém se elege para um cargo majoritário, normalmente traz uma série de pedidos, de pleitos, de natureza funcional e salarial, de várias autarquias que atendem o estado. Todos com uma demanda a ser atendida. Que postura o senhor vai ter quando a calculadora pesar mais do que aquilo que o senhor prometeu na campanha?
Odilon de Oliveira – Em primeiro lugar, durante a campanha nós não estamos fazendo promessas, estamos fazendo um juramento de se entregar completamente. Fazer o máximo de esforço para tenta realizar as coisas. Nós temos que combater a corrupção. Outra diretriz que vamos implantar é o desestímulo à sonegação fiscal. A terceira diretriz é proteger a receita e reduzir custos. A quarta diretriz será a priorização de investimentos e a quinta é informatizar Mato Grosso do Sul. Aplicando essas diretrizes poderemos cumprir perfeitamente o que o orçamento permite.
JD1 Notícias – Dois aspectos estão na boca dos seus críticos. O primeiro deles é a sua relação com o "Jogo do Bicho". Ele terá influência no seu governo?
Odilon de Oliveira – Não. Na verdade, eu não tenho relação com o “Jogo do Bicho” e nunca tive. Nunca sentenciei nenhum caso envolvendo o "Jogo do Bicho", mesmo porque o jogo é de competência estadual, é uma contravenção. Eu tenho uma relação distante com pessoas que são acusadas de serem jogadoras ou donos do "Jogo do Bicho". Quer dizer, talvez você se refira a uma fotografia minha que circula na internet. Como eu tirei fotografia com Delcídio do Amaral, com André Puccinelli, com Olarte e outras pessoas que depois vieram a ser acusadas disso ou daquilo. O fato de tirar uma foto com alguém não significa que haja um contágio do bem pelo mal que pertença a uma daquelas pessoas que estão ali. O que há de bom em mim ou o que há de mau não vai contaminar aquela outra pessoa e vice-versa.
JD1 Notícias – O segundo aspecto que está na boca dos seus críticos seria a falta de experiência administrativa.
Odilon de Oliveira – Eu passei mais de 40 anos exercendo função pública, em diversos postos do serviço público, como promotor de justiça, que significa fiscal da lei, fui procurador federal, exerci o cargo de juiz estadual e durante mais de três décadas exerci o cargo de juiz federal. Nessas atividades, entramos nos meandros da administração, julgando exatamente causas inerentes a própria administração pública. O papel da justiça federal não é julga causas particulares, mas causas sempre envolvendo interesse público. Reforma agrária, desapropriação, indígenas, questões administrativas. Esse é o papel do juiz e é rotineiro. Como juiz federal eu atuei em três estados da federação e isso dá uma vivência muito grande. Eu conheço a legislação, que rege a administração pública. Eu conheço a alma da administração. Eu não preciso ter nenhum conhecimento técnico de como se faz uma ponte ou um asfalto. O que o governador deve saber é se há necessidade, ele tem que decidir sobre a conveniência.
JD1 Notícias – Em relação à segurança pública, ouve se falar que a presença do PCC na faixa de fronteira do estado está crescendo e que já estaria fora de controle. O senhor acha que essa é uma causa perdida?
Odilon de Oliveira – Se for usar a mesma fita métrica para combater a criminalidade que está aí, o poder público vai continuar perdendo. Precisa ser adotada uma postura mais enérgica. Quando se pensa nessa criminalidade, pensa-se em justiça criminal e temos que pensar em uma coisa mais ampla, em um sistema penal. Ele começa antes da polícia, ele começa no Congresso Nacional, lá é onde é feito o serrote, o martelo, a enxada, os equipamentos com que a polícia vai atuar com que o Ministério Público vai atuar. Tem que haver uma melhoria dentro do Congresso Nacional. O Brasil tem o mesmo martelo para combater o crime organizado e o ladrão de galinha. Então tem que haver uma estrutura jurídica diferente. O judiciário tem que mudar completamente, ele está desatualizado.
JD1 Notícias – O senhor está afirmando que o grande nó da segurança pública é uma questão de legislação?
Odilon de Oliveira - Também. Questão de legislação e de estrutura. Eu conheço delegacias de polícia que estão caindo aos pedaços. Muitas delegacias de polícia do estado que não tem nem escrivã. Algumas têm o banheiro, mas não tem o papel higiênico, não tem a toalha. Temos também que valorizar o policial. Nós temos aqui no estado a metade dos policiais militares que deveriam ter. Policia Civil a mesma coisa, há um desfalque muito grande.
JD1 Notícias – Se hoje fosse dia primeiro de janeiro qual seria seu primeiro ato como governador?
Odilon de Oliveira - Eu serei mais amplo. O que precisa de um choque térmico, de um balde d'água bem escaldante é a segurança pública e a saúde pública, de imediato. Precisamos regionalizar a saúde pública. A saúde pública está uma calamidade e não se tem nem mais fôlego para reclamar e nem onde. O povo está morrendo à míngua. E eu não me refiro somente a Mato Grosso do Sul, é o Brasil inteiro.
JD1 Notícias – O senhor está no PDT, um partido de esquerda. No entanto o estado tem uma tendência muito grande a votar na direita. Isso pode ser um empecilho a sua campanha?
Odilon de Oliveira - Não, de maneira alguma. Hoje em dia população não se divide mais entre direita e esquerda, ela quer o bem.