Após contraprova, confirmado primeiro caso do coronavírus no Brasil
Com a chegada do vírus no país, confira o que você precisa saber para se previnir contra a doença
26 FEV 2020 • POR Sarah Chaves, com informações do Exame e Folha de São Paulo • 08h15O primeiro caso do Novo Coronavírus no Brasil foi registrado nesta quarta-feira (26), depois que um brasileiro vindo da Itália, onde mais de 320 pessoas foram infectadas, desembarcou no país com a suspeita do vírus.
O homem fez o teste para a doença na terça-feira (25), no Hospital Israelita Albert Einsten, em São Paulo, e foi submetido ao teste contraprova no Instituto Aadolfo Lutz, cujo resultado foi anunciado hoje pela manhã.
Com isso, o Brasil passa a ser o primeiro país da América Latina com um caso confirmado do novo vírus que já matou 2.708 pessoas no mundo.
Segundo o Hospital Israelita Albert Einstein, o paciente foi atendido na segunda (24), e a Vigilância Epidemiológica estadual foi notificada nesta terça (25). “O paciente encontra-se em bom estado clínico e sem necessidade de internação, permanecendo em isolamento respiratório que será mantido durante os próximos 14 dias”, afirma o hospital em nota. O homem está em casa.
A Anvisa afirmou em nota, na noite desta terça, que solicitou a companhia aérea a lista de passageiros do voo que trouxe o paciente ao Brasil, e que “aumentou a criticidade no monitoramento dos voos internacionais provenientes de países onde na terça-feira, a pasta havia divulgado que o primeiro teste realizado no paciente tinha dado positivo para o Sars-CoV-2. As amostras foram enviadas ao laboratório de referência nacional, o Instituto Adolfo Lutz, para realização da contraprova que confirmou a infecção.
O período em que o homem esteve na Itália a trabalho (do dia 9 a 21 de fevereiro) coincide com a explosão de casos no país europeu, quando mais de 220 pessoas foram infectadas.
Até esta quarta, mais de 320 pessoas foram infectadas e 11 morreram na Itália. O aumento no número de casos pode ter relação com falhas de procedimento em um hospital na região de Milão, onde foi internado um paciente considerado "número um", segundo informou o primeiro-ministro Giuseppe Conte.
Até esta quarta, mais de 80 mil pessoas foram infectadas e 2.708 morreram em decorrência da doença Covid-19.
A BBC News Brasil conversou com infectologistas e colheu as principais recomendações do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), o Serviço de Saúde britânico (NHS) e do Ministério da Saúde brasileiro nesse sentido
- A principal é lavar as mãos com sabão após usar o banheiro, sempre que chegar em casa ou antes de manipular alimentos. O ideal é esfregar as mãos por algo entre 15 e 20 segundos para garantir que os vírus e bactérias serão eliminados, de acordo com Fernando Spilki, presidente da Sociedade Brasileira de virologia.
- Se estiver em um ambiente público, por exemplo, ou com grande aglomeração, não toque a boca, o nariz ou olhos sem antes ter antes lavado as mãos ou pelo limpá-las com álcool. O vírus é transmitido por via aérea, mas também pelo contato.
Ainda não se sabe quanto tempo o coronavírus sobrevive fora do corpo, mas o vírus da influenza, por exemplo, pode resistir por até 24 horas em superfícies mais porosas, como a madeira, explica a médica Rosana Richtmann, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas.
- É importante manter o ambiente limpo, higienizar com soluções desinfetantes as superfícies da casa, móveis e o telefone celular, por exemplo. Para limpar o celular, pode-se usar uma solução com mais ou menos metade de água e metade de álcool, além de usar um pano limpo.
- Outra recomendação é, se possível, evitar aglomerações e manter distância de pessoas com sintomas de gripe. A responsabilidade é maior ainda para quem está gripado: ao espirar ou tossir, cubra a boca e o nariz e jogue o lenço fora logo em seguida.
Medidas como essas valem mais até do que usar máscara, dependendo da situação. A infectologista Rosana Richtmann ressalta que os brasileiros, ao contrário dos asiáticos, não têm uma cultura de usar máscaras de proteção, muitas vezes, nem sabem colocá-las adequadamente. "É capaz de se transformar em uma falsa sensação de segurança", diz ela.
No caso do coronavírus, as máscaras mais tradicionais não funcionam, afirma o médico Fernando Spilki, porque seu tamanho permite que ele atravesse o material. Por isso, em ambientes hospitalares os profissionais de saúde têm usado máscaras com filtro de ar ou feitas de materiais com poros menores que a partícula viral.