Opinião

O Coronavírus e as crianças

O pediatra alerta pais e responsáveis sobre os cuidados com as crianças sobre o risco da doença

4 FEV 2020 • POR Eduardo Marcondes • 16h57
Eduardo Marcondes, médico pediatra, ex-vereador e ex-secretário municipal de Saúde de Dourados - Reprodução

Muito tenho lido e ouvido sobre o Coronavírus, o novo mal que amedronta o mundo, depois da SARS, do “Mal da Vaca Louca”, do H1N1 e outras epidemias que ceifaram vidas e desafiaram/desafiam a ciência. Falta porém a meu ver, uma abordagem maior da doença no que tange às crianças. Por isso, vou dar neste artigo minha modesta contribuição, com a credencial de quem lida diariamente com esses pequenos seres.

    Alerto as autoridades, pais, cuidadores, educadores e toda a sociedade para a necessidade de uma atenção especial às crianças. Elas transmitem muito mais infecção por via respiratória pelo contato com outros meninos e meninas, além da proximidade que têm com os adultos. É um grupo de risco e por isso devemos ficar atentos, seja na atenção às condições dos espaços de uso coletivo, seja nas residências, onde, como já ponderei em artigo anterior, a assepsia e profilaxia é fundamental. Para proteger as crianças, algumas medidas são essenciais. É preciso estimular a ingestão de líquidos, a adoção de bons hábitos alimentares, de sono e, sobretudo, tornar rotina a higienização das mãos e também ao tossir.

  Importante destacar que o álcool gel deve ser usado sempre que a criança tocar em qualquer objeto, ao cumprimentar uma pessoa e quando retornar de atividades habituais do dia a dia – como os momentos de lazer em parques, nas áreas comuns de recreação de prédios/condomínios, shoppings, entre outros locais. Também é fundamental que, ao tossir, coloque o antebraço na boca. Jamais as mãos, pois elas favorecem o contágio dessas doenças.

   Como em todas as enfermidades (e por isso insisto na importância da medicina preventiva, muito mais barata e eficiente que a medicina curativa, que quando necessária deve ser de qualidade e adequada) a informação faz a diferença na compreensão e prevenção ao Coronavírus. Atualmente, com o surto presente na China, o vírus ganhou uma notoriedade muito maior.  Não é uma gripe, esse termo utilizamos apenas para a infecção causada pelo influenza. O Coronavírus é responsável por um quadro de insuficiência respiratória com pneumonia, por isso a transmissão por via respiratória acaba sendo mais comum.

    O Coronavírus, tipo de organismo RNA que causa doença pulmonar, com sintomas como febre, tosse, falta de ar e dificuldade em respirar, recebe esse nome por causa de sua aparência que, quando observada em microscópio, remete a uma coroa (corona significa coroa em italiano e espanhol). Contagioso, o Coronavírus normalmente é transmitido por meio de gotículas expelidas quando tossimos. A prevenção, em áreas de risco, é feita evitando o contato (sem proteção) com animais e com pessoas que apresentam sintomas semelhantes aos do resfriado e da gripe.

    O Governo Brasileiro está no caminho certo ao não enveredar pelo alarmismo. Não proibiu a entrada de chineses no país, o que seria inócuo, pois não fazemos fronteira com a china e os chineses que aqui aportam passaram antes por outros países. Está adaptando a Base Aérea de Anápolis para eventuais quarentenas. Contamos agora com o empenho da ciência para que seja descoberto o mais breve possível uma vacina para a doença. No mais, os cuidados que citamos acima e que  estão em qualquer  manual básico de higiene devem ser observados o ano todo, a todo momento, e não apenas quando eclode um drama como o que vivem os chineses e  tantos outros povos onde o Coronavírus já chegou.