Saúde

MS já tem estratégia para o Coronavírus

"O Estado está preparado para enfrentar qualquer problema em relação ao novo vírus", afirma secretário da SES

1 FEV 2020 • POR Da redação • 07h20
De acordo com o Ministério da Saúde, no Brasil o caso do Novo Coronavírus subiu para 12 - Reprodução

As infecções pelo novo coronavírus se espalham de forma mais rápida, preocupando as autoridades de saúde de todo o mundo. De acordo com os números da China, país de onde se originou a doença, 213 pessoas já morreram após contrair o vírus e o número de casos confirmados já ultrapassa 9.600 pessoas. Sendo assim, o governo de Mato Grosso do Sul, além da Prefeitura de Campo Grande, iniciam suas estratégias para evitar que o problema cause pânico na população.

“O Estado está preparado para enfrentar todo e qualquer tipo de problemas em relação ao novo vírus. Estamos seguindo as diretrizes e estamos em perfeita sintonia com o Ministério da Saúde”, afirmou o titular da Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul (SES), Geraldo Resende.

A informação do secretário é atestada por meio de uma das primeiras ações da SES, que foi criar o Centro de Operações de Emergência (COE-MS), que vai tratar de assuntos referentes ao novo coronavírus (nCoV), com o objetivo de auxiliar na definição de diretrizes estaduais para a vigilância, prevenção e controle, bem como o acompanhamento e avaliação das ações desenvolvidas pelo governo do Estado. A instituição do Centro de Operações de Emergência (COE/MS) foi publicada na edição da última sexta-feira (31), no Diário Oficial do Estado (DOE).

Segundo a resolução, o COE-MS será composto por integrantes da SES envolvidos na atuação em situações de emergências de saúde, de acordo com a estrutura existente na secretaria. O centro tem como atribuições coordenar e executar as ações da saúde no âmbito estadual junto aos demais grupos, comissões, comitês, câmaras que atuam em situação emergencial relacionada ao novo coronavírus. Também irá elaborar as Notas Técnicas e Informativas ou de procedimentos segundo a classificação da emergência, e as ações relativas à resposta rápida relacionada ao nCoV.

Outra atribuição será a capacitação de recursos humanos para atuação frente à epidemia na vigilância, diagnóstico e tratamento da doença. Também irá sensibilizar os gestores e lideranças comunitárias para a adoção de medidas preventivas, assim como elaborar cenários para atendimento da epidemia.

De acordo com a secretária adjunta Christine Gonçalves Maymone, a população não precisa ficar em pânico sobre o que está havendo e, principalmente, não acreditar nas fake news. Ela destacou ainda a criação do COE-MS. “O centro vai ficar em alerta sobre os possíveis eventos da doença. Vamos juntar todas as informações da vigilância sanitária para monitoramentos”, explicou.

“Ficaremos de plantão no centro de investigação para monitorar a situação”, acrescentou.

Ainda de acordo com Christine, neste momento a prevenção é o melhor caminho, além da etiqueta respiratória, lavagem das mãos, o uso do álcool em gel e mais ações saudáveis. “O apoio da população é muito importante, pois tanto o Ministério da Saúde como o Estado estão empenhados em manter a população informada. Não acreditem em fake news”, alertou.

A SES também encaminhou, nesta semana, nota técnica aos profissionais de saúde dos 79 municípios, orientando sobre as ações a serem adotadas em caso de surgimento de pessoas com os sintomas da doença e de como proceder com a coleta de amostras para exames. A secretaria recomendou às equipes de vigilância epidemiológica municipais, bem como serviços de saúde, a estarem alertas aos casos de pessoas com sintomatologia respiratória e que apresentam histórico de viagens para áreas de transmissão local do vírus, que tenha vínculo ou contato próximo com caso suspeito de novo coronavírus nos últimos 14 dias.

Casos suspeitos

O Ministério da Saúde já confirmou, até sexta-feira (31), 12 ocorrências suspeitas no Brasil.  Os casos estão em cinco Estados: Ceará (1), Paraná (1), Rio Grande do Sul (2), Santa Catarina (1) e São Paulo (7).  Os casos do Rio de Janeiro e Minas Gerais, que constavam no último relatório, foram descartados pelas autoridades de saúde. Até o momento, o ministério foi notificado de 33 suspeitas de casos. Após testes para vírus mais comuns e verificações, 24 pacientes foram descartados para coronavírus.

Autoridades da China informaram que, atualmente, 213 pessoas morreram após contrair o coronavírus e que o número de infecções confirmadas ultrapassou 9.600. Trabalhadores do setor médico estão extremamente ocupados em Hubei, província em que apareceu o surto. Mais de 30 mil pessoas por dia têm procurado hospitais e clínicas locais com febre.

O número de casos está se elevando também fora da China continental. Mais de 120 casos de infecção foram constatados em mais de 20 países e territórios. A Itália acabou de confirmar seus dois primeiros casos, ambos de turistas chineses. Até agora, há suspeita de casos de transmissão do vírus entre pessoas no Vietnã, em Taiwan, no  Japão, na Alemanha, França e nos Estados Unidos.

O governo americano aumentou os alertas de viagens ao nível mais alto e está pedindo aos seus cidadãos que evitem ir à China e pensem em sair de lá, caso estejam naquele país. A Organização Mundial da Saúde declarou a epidemia emergência global, em uma tentativa de evitar que o vírus se alastre ainda mais além das fronteiras. Esta é a sexta vez que a organização toma essa medida, que foi colocada em prática, entre outras, durante a gripe suína em 2009, a proliferação da poliomielite em 2014, e a epidemia do vírus ebola em 2019.

Com 213 mortos na China, a taxa estimada de letalidade chega a 2,19%, isso significa que, a cada 100 pessoas doentes, 2 morrem. Já a Sars levou à morte 916 pessoas e contaminou 8.422 entre 2002 a 2003. As duas infecções são causadas por vírus da família “coronavírus”, e recebem este nome porque têm formato de coroa.

Quando comparados a outros vírus que provocam doença respiratória, como o H1N1, o número de mortes é maior do que o registrado pelo coronavírus. No ano passado, no Brasil, 796 pessoas morreram com H1N1 e 3.430 foram infectados. Ou seja, a gripe matou 23,2% dos pacientes internados com sintomas, ou 23 a cada 100 doentes.

Sesau

O secretário municipal de Saúde Pública, José Mauro de Castro Filho, explicou que a situação é nova, pois tem alguns cenários envolvidos. Segundo ele, o vírus novo tem uma variação que chegou de uma doença que já existia e houve uma transição. Ele ressaltou que pouco se sabe sobre os casos. “Temos fatos que começaram em dezembro de 2019, então são pelo menos 40 dias em que estamos tendo conhecimento dos problemas”, disse.

“Não sabemos muito bem de que forma se dá a transmissão, a princípio, parece, que é da mesma forma de outros vírus respiratórios que acontece pelo contato direto com as gotas de espirro, entre outros meios”, frisou.

Segundo o secretário, hoje em dia temos uma comunicação muito rápida entre os países, ele lembra que vídeos se espalham pela internet e assim se cria uma sensação de pânico. “Mas se analisarmos a letalidade deste vírus, comparado com o Sars, ela é 30% menor, então não é tão alta assim comparado aos que já existiram e não tiveram a mesma repercussão”, lembrou.

José Mauro afirmou que existe uma recomendação do Ministério da Saúde com algumas precações, a forma de atendimento aos pacientes e os tratamentos. Segundo ele, a Sociedade de Infectologia já começou a se posicionar em relação ao tipo de abordagem clínica, terapêutica e medicamentos.

Mauro revelou também que todos os secretários de Saúde do país foram convocados pelo ministro Luiz Henrique Mandetta, a comparecerem nos dias 4 e 6 deste mês em Brasília para uma orientação a todos os gestores. Segundo ele, o encontro discutirá como se preparar para eventuais casos. “Assim estamos elaborando um plano que envolve a contratação de leitos, de hospitais, enfim, como fazer para pagar essa despesa. Existe também a necessidade de avaliar a compra de mais Equipamento de Proteção Individual, e com tudo isso precisamos avaliar a disponibilidade de recursos”, disse.

“Não podemos nos esquecer dos profissionais, será que haverá a necessidade de contratar mais profissionais? Será que vou precisar declarar Estado de Emergência? São todos fatores que vamos avaliar lá em Brasília”, indagou.

José Mauro aproveitou para esclarecer à população que não existe uma situação de pânico. Ele ressalta que todo o assunto deve ser tratado com responsabilidade para não haver um desespero generalizado, como já está acontecendo. “Há pessoas que apresentam uma febre e já vai à unidade de pronto atendimento achando que teve contato com alguém que veio da China ou da Japão”, argumentou.

“A imprensa tem que nos ajudar neste momento, no sentido de esclarecer a real situação”, finalizou.

De acordo com a Sesau se por ventura alguém for confirmado com o coronarírus em Campo Grande, o mesmo será encaminhado ao Hospital Universitário, que é referência no tratamento em Mato Grosso do Sul.

O que é o novo coronavírus

O coronavírus é um vírus identificado na China que causa doenças respiratórias. Os coronavírus são uma grande família viral, a mesma é conhecida desde meados da década de 60. A doença pode causar graves problemas, com impacto importante em termos de saúde pública como a Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars), identificada em 2002, e a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers), identificada em 2012.

Se por um acaso alguém contrair o vírus, o mesmo deverá utilizar uma máscara cirúrgica e ficar em um quarto isolado.