Polícia já prendeu 12 pessoas envolvidas em furto de cocaína em delegacia
Novas prisões, inclusive de policiais, podem acontecer no decorrer da investigação
24 JUN 2019 • POR Rauster Campitelli • 17h43Desde o início das investigações sobre o furto de 101 quilos de cocaína da delegacia de Aquidauana (MS), 12 pessoas já foram presas preventivamente e mais prisões podem acontecer nos próximos dias. A informação foi apresentada na tarde desta segunda-feira (24) pelo delegado geral da Polícia Civil, Marcelo Vargas, durante coletiva de imprensa sobre o caso.
“Não temos compromisso com a defesa ou com a acusação. Estamos aqui para apurar os fatos, independentemente de quem serão os nossos alvos. Prova disso é que hoje (24), demos cumprimento a um mandado de prisão de um colega, delegado de polícia. Isso demonstra a seriedade dessa instituição e o compromisso da apuração da verdade”, disse o delegado.
“É importante esclarecer que a participação dos dois delegados de Aquidauana foi fundamental, em apoio a Corregedoria e, inobstante ter a participação de um delegado daquela cidade, não significa dizer que toda a polícia de lá esteja contaminada”, acrescentou, frisando que mais prisões podem acontecer no decorrer da investigação. “Provavelmente terão outras prisões”, cita, sem descartar a possibilidade de que outros policiais tenham participação no crime.
Conforme o delegado Carlos Delano, da Corregedoria da Polícia Civil, a falta de 101 quilos de cocaína que estavam no depósito da delegacia de Aquidauna foi verificada no dia 9 deste mês. A droga havia sido apreendida no dia 31 de maio. Desde então, várias diligências foram realizadas. “É um trabalho muito extenso. Nós conseguimos localizar o veículo no qual esta droga foi transportada, um Toyota Corolla. O dono do carro e o pai dele estão presos temporariamente”, explica o delegado.
O carro, quando apreendido, já estava em poder da advogada, também presa, assim como o marido. Segundo Delano, quatro presos, que estavam na delegacia de Aquidauana, também estão sendo investigados. “Trabalhando com essas pessoas presas, oitivas, documentos apreendidos, e informações que estavam nos celulares apreendidos, chegamos a outros dois presos - que estão presos temporariamente também. Eles estavam cumprindo pena no regime semiaberto de Aquidauana”.
Subtração da droga ocorreu em dois dias, mostra investigação
A polícia descobriu que, na realidade, houve duas subtrações da droga. “Uma delas do dia 6 para o dia 7, quando foi subtraída metade da droga no depósito. A janela estava arrombada, mas isso não era perceptível de fora, estava arrombada uma trava interna. Na segunda-feira pela manhã percebeu-se que não havia mais nada da droga”, diz o delegado, lembrando que a pessoa que levou a droga deixou cair um tablete.
“Nós temos apreensão de pequenas porções de droga na casa de algumas dessas pessoas presas, e vamos requisitar exames para verificar se essas porções são compatíveis com a droga que estava no depósito”. Quanto a participação do delegado titular em Aquidauana, Eder Oliveira Moraes, Delano esclarece que já havia indícios desde as primeiras prisões. “Temos elementos bastante convincentes, principalmente nos celulares apreendidos com a advogada e o marido, e também nas provas testemunhais colhidas”.
Já o delegado-geral adjunto da Polícia Civil, Adriano Garcia Geraldo, afirma que assim que a polícia teve conhecimento da subtração da droga, a corregedoria foi designada. “Isso gera uma situação de desconforto, mas contamos com a participação efetiva dos policias daquele município. A resposta rápida foi fundamental e não se deve somente à corregedoria, mas à própria atuação de cada servidor que trabalha em Aquidauana”.
O delegado acrescenta que, como o crime está materializado, a polícia está investigando agora as circunstâncias em que ocorreu e delimitando a participação de cada envolvido. “Isso doa a quem doer. A conduta isolada desse servidor não representa a atuação da maioria”, conclui, frisando que Mato Grosso do Sul é o estado que mais apreende drogas no país.