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Mais de 5 mil passaram por velório das vítimas do massacre em Suzano

Alunos e funcionários mortos na terça-feira estão sendo velados juntos

14 MAR 2019 • POR Da redação com informações da assessoria • 13h34
Os corpos sendo velados na Arena Suzano - Reprodução/Assessoria

A prefeitura de Suzano contabilizou mais de 5 mil pessoas que já passaram pelo velório coletivo dos estudantes e funcionários mortos no atentado na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, no interior paulista. O velório ocorre na Arena Suzano desde as 7h desta quinta-feira (14). No entorno do ginásio, pessoas em uma longa fila aguardam para entrar no local e prestar solidariedade aos parentes das vítimas. Às 11h foi celebrada uma missa, e às 14h, haverá um ato ecumênico.

Além das famílias, estudantes da escola, pais de alunos e vizinhos estão no local. A confeiteira Rosália Vieira de Melo, 39 anos, era amiga da coordenadora pedagógica Marilena Ferreira Umezo, 59 anos. “Éramos irmãs de igreja. Cheguei em Suzano em 1998 e pouco tempo depois já nos conhecemos na igreja. Ela era voluntária e trabalhava muito nos Encontros de Casais com Cristo com a gente. Era ministra da Eucaristia. Muito querida por todos nós. É uma grande perda, como profissional e também como voluntária”, relembrou.

O estudante Thales Medeiros, 20 anos, é um dos sobreviventes do atentado. Aluno do 3° ano do Ensino Médio, ele estava no refeitório quando os atiradores chegaram e se juntou ao grupo de pelo menos 50 pessoas que se esconderam na despensa da cozinha. Ele mora próximo ao estudante Claiton Antonio Ribeiro, 17 anos, e fez questão de abraçar a família do colega morto. “Ele sempre foi humilde, respeitador. Sempre na dele, nunca arrumou confusão”, descreveu.

Thales disse que a escola é conhecida por manter um clima tranquilo entre os estudantes. “É muito bom. É uma escola que é difícil ter confusão. Quando tem, a diretora, as "tias", acalmam, apaziguam. É um clima muito bom, familiar mesmo. Eu mesmo já tive muito problema na escola, era bagunceiro, e agora estou mais tranquilo. A escola me ensinou isso”.

Sobre o retorno para a escola, Thales disse que sabe que será um momento de muita tristeza. “Mas temos que voltar. Fazer a alegria da escola como era antes. Aos poucos nós vamos retomando o nosso caminho”.

Já para a estudante Juliana Souza, 14 anos, a volta às aulas ainda não é uma certeza. Ela estuda no centro de línguas, que funciona na Escola Raul Brasil, há cerca de um mês. “Sempre foi uma escola 'da hora'. Sempre quis mudar para lá, porque todo mundo se dá superbem. Ninguém esperava que isso fosse acontecer”, disse. Ela estava na sala de aula quando começaram os tiros. “Eu acho que ninguém vai querer mais voltar para lá. Foi um momento de desespero. Todo mundo em pânico. Isso vai ficar na cabeça. Quando saímos da sala, vimos eles [atiradores] mortos e também os outros alunos”, relembrou a jovem que foi ao velório acompanhada da mãe, Cristina de Souza.

Também estiveram no velório o ministro da Educação, Ricardo Vélez, que cumprimentou as famílias e conversou com a secretária estadual da Educação, Rossieli Soares da Silva, e com o prefeito de Suzano, Rodrigo Ashiuchi.