Polícia

Vídeo - Polícia "tortura assassino" e "morto” aparece desmentindo crime

Fábio ficou 11 dias preso na delegacia de Ribas do Rio Pardo

27 FEV 2019 • POR Da redação com informações da assessoria • 16h33
Fábio Araújo dos Santos relata estar indignado com a situação que passou e quer justiça - Reprodução/Facebook

Parece trama de novela das oito, mas o caso de Fábio Araújo dos Santos, 21 anos, que foi preso sob suspeita de ter cometido um assassinato em Ribas do Rio Pardo, em janeiro deste ano, deixa muitas contradições acerca de quais são os quesitos de acusação da Justiça brasileira.

O jovem foi acusado de ter matado um homem identificado como Vanderlei, em uma noite que houve apagão geral na cidade. Algumas pessoas relataram na delegacia da cidade, que teriam visto Fábio sequestrando a “vitima” e o levando para um local distante, fora do perímetro urbano.

Conforme o relato, a equipe policial deu início as diligências e chegou até Fábio, que teve mandado de prisão temporário expedido em seu desfavor. Já detido, o jovem diz que, a todo o momento, os policiais afirmavam que ele era um dos “discípulos” da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).

O suspeito ficou preso durante 11 dias, e relata ter sofrido diversos tipos de tortura para que confessasse o crime. Durante esse período, ele afirma também ter sido obrigado a gravar um vídeo, no qual afirma ter assassinado Vanderlei e ser integrante do PCC na região, conforme mostra o vídeo abaixo:

Para surpresa da polícia e até mesmo do “autor” do crime, o suposto morto apareceu na cidade e foi informado do que estava acontecendo. Vanderlei compareceu a delegacia e disse que tinha viajado a serviço para uma fazenda no distrito de Jaraguari.

Fábio foi ouvido novamente e liberado depois de passar o fim de semana em cárcere, mesmo tendo a prova concreta que era inocente. O jovem comentou que está indignado com a situação e pede justiça, pois desde então vive com medo do que pode acontecer. Ele afirma não fazer parte de nenhuma facção criminosa e que só conhecia Vanderlei de vista, e que nunca chegou a trocar uma palavra com o homem.

Segundo ele, as “testemunhas” eram amigos próximos e o mesmo não entende o motivo de o terem denunciado com falsas declarações. Fábio cuida da mãe doente e não consegue emprego na cidade, porque o boato de ser um “assassino perigoso” já se espalhou e muitas portas se fecharam.

A polícia

Segundo o delegado da Polícia Civil, Bruno Santacatharina Carvalho de Lima, os procedimentos foram realizados conforme a lei e Fábio teve o pedido de prisão temporária expedido pelo juiz Idail De Toni Filho, apresentado pelo promotor George Zarour Cezar, do MP-MS.

Bruno relata que o jovem é conhecido na região como integrante do PCC, mas quando houve o suposto crime, testemunhas relataram e apontaram Fábio como o autor do "assassinato".

O delegado ainda diz que, se houve uma denúncia caluniosa, os responsáveis irão responder por isso, e afirma que em nenhum momento o jovem foi torturado ou passou por algum tipo constrangimento para confessar a autoria do suposto crime.

“Eu suspeito que isso seja uma trama do PCC, no qual o Fábio e a vítima simularam algo para mostrar serviço aos líderes da facção. No vídeo, Fábio fala espontaneamente e com detalhes de como teria assassinado Vanderlei, minha equipe não o coagiu a falar nada e nem torturou”, concluiu o delegado Bruno Santacatharina.