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Cultivo de soja convencional tende a crescer na próxima safra em MS

A opção pelo cultivo de sementes não-transgênicas tem se mostrado um bom negócio

6 MAI 2018 • POR Redação com informações da Embrapa MS • 17h02
Embrapa MS

O cultivo de soja convencional (ausente de eventos transgênicos) deve aumentar na próxima safra em Mato Grosso do Sul. A opção pelo cultivo de sementes não-transgênicas tem se mostrado um bom negócio, pois a exportação do grão convencional atende as exigências de alguns mercados específicos.

Uma das estratégias utilizadas pelas empresas que comercializam grãos de soja, com vistas a aumentar a oferta do produto, consiste na bonificação paga aos produtores de soja convencional. Além da bonificação, os produtores de soja convencional não precisam desembolsar a taxa tecnológica (royalties), que está necessariamente atrelada ao uso da tecnologia Intacta (IPRO) e que deve ser paga à empresa que dispõe a tecnologia.

A oferta de novas variedades de soja convencional, desenvolvidas por meio do Programa de Melhoramento Genético da Embrapa, também contribui diretamente com o aumento das áreas cultivadas com soja convencional. As cultivares BRS 284 e BRS 511, por exemplo, além de serem precoces, apresentam excelente comportamento nas semeaduras antecipadas, a partir do fim do vazio sanitário, o que pode facilitar o manejo da produção de soja convencional.

Recém-lançada, a BRS 511 é uma cultivar de soja convencional que possui resistência genética à ferrugem da soja, proporcionando maior eficiência e segurança ao manejo químico da doença. A resistência genética à ferrugem não dispensa o controle químico, mas representa uma importante ferramenta para manejar adequadamente a principal doença da soja. A variedade também apresentou valores significativos de produtividade com mais de 70 sacas. Diversos resultados de pesquisa e validação em lavouras comerciais evidenciam o elevado potencial produtivo dessa cultivar em Mato Grosso do Sul.

Em 2009, foi lançada pela Embrapa a BRS 284, também de ciclo precoce e tipo de crescimento indeterminado, com excelente potencial produtivo, alcançando ótimos resultados mesmo em áreas com a presença do Nematoide de galhas Meloidogyne javanica. “Na safra 2017/2018, plantamos uma área de 1.150 ha com a cultivar BRS 284, e obtivemos uma produtividade média de 84 sacas por hectare”, informou o engenheiro agrônomo da Sementes Jotabasso, em Ponta Porã, Edmar Lopes Dantas.

Benefícios extras – O pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, Rodrigo Arroyo Garcia, chama atenção para o fato de que o cultivo de soja convencional é uma importante estratégia para melhorar o sistema de produção, principalmente nas questões fitossanitárias.
 
Arroyo salienta ainda que a utilização dessas cultivares é de extrema importância no manejo de plantas daninhas e explica “os herbicidas seletivos, utilizados anos atrás, apresentam boa eficiência no controle de plantas daninhas que estão se tornando problemáticas. Além disso, a inclusão dos produtos pré-emergentes é outra ferramenta de grande valia no controle eficiente dessas plantas daninhas”.

Segundo o pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, mesmo nas áreas cultivadas com soja resistente ao glifosato, tornou-se recorrente a mistura de alguns herbicidas, com o objetivo de melhorar o controle de ervas resistentes a esse herbicida. Desta forma, o pesquisador aconselha que “mesmo que a adoção da cultivar convencional seja praticada em apenas uma parte da propriedade, o ideal é que seja feita a rotação de cultivares (convencional/transgênica), para que o manejo diferenciado de herbicidas passe por toda a área de produção”.

Esses benefícios destacados por Arroyo fazem parte da realidade do produtor rural Guaracy Boschilha Filho, que cultiva soja convencional há 15 anos em Amambai. Ele conta que obteve uma produtividade de 58 sacas/ha com a cultivar BRS 511; já com a BRS 284 a produtividade foi 10% menor que a BRS 511. O produtor se diz satisfeito com os resultados obtidos e destaque que os aspectos de sanidade das cultivares de soja convencionais realmente merecem destaque. “Em função do manejo, tenho tido menos problemas em relação à buva e ao capim amargoso, ervas consideradas problemáticas e que são resistentes ao glifosato”, salienta.