Longen aborda integração de países em evento no Paraguai
24 MAR 2018 • POR Da redação • 10h13O presidente da Fiems, Sérgio Longen, participou em Assunção, no Paraguai na última terça-feira (20) do painel “Mercosul – Potência para Alimentar o Mundo”, que integra o evento “Diálogo Público-Privado”, promovido pelo LIDE (Grupo de Líderes Empresariais do Paraguai). Ele abordou questões de integração dos países do Mercosul e defendeu a necessidade do rompimento de barreiras burocráticas entre essas nações.
“Enquanto empresários, industriais e rurais, temos uma grande preocupação quando se refere à marca, ao produto e isso não é só no Brasil, mas também vemos muito isso aqui no Paraguai. E o que estamos fazendo com isso? O nosso desafio precisa ser o de transformarmos industrialmente a soja e o milho. Temos de sair dos números positivos de exportações apenas quando se refere a produtos in natura, enquanto países em desenvolvimento, as nações que integram o Mercosul necessitam também apresentar superávit na balança comercial com produtos industrializados”, destacou.
Longen reforça que, no caso de Mato Grosso do Sul, a safra de 9,3 milhões de toneladas de soja já está praticamente toda vendida para o exterior. “Do que adianta, hoje, Mato Grosso do Sul ser o maior produtor de celulose do mundo, se nós não transformamos essa celulose em papel? Acredito que esse seja o grande desafio dos países em desenvolvimento”, pontuou, completando que o Paraguai evoluiu muito nesses últimos anos, principalmente nas questões da transparência do Governo, o que fez com que muitos empresários, não só brasileiros, o enxergassem como um país aliado do desenvolvimento.
“Precisamos deixar nesse encontro um plano de ação para que não deixemos cair no vazio o que aqui foi discutido. Necessitamos de sugestões de diversas áreas para que possamos avançar em melhorias no relacionamento comercial entre os países do Mercosul. É preciso reduzir a burocracia, começando pelo Brasil, onde as regras alfandegárias e as fiscalizações só atravancam o desenvolvimento. Produzir é muito difícil, mas, com uma maior integração, é possível evoluir. E talvez seja o desafio do LIDE, avançar com termos específicos e de que formas podemos empresarialmente evoluir e propor parcerias em busca de marca e valorização dos produtos que consumimos”, analisou o presidente da Fiems.
Ainda durante o painel, Sérgio Longen abordou que há anos a carne brasileira é exportada para o mundo inteiro, passando pelo crivo dos consumidores de inúmeros países em quase todos os continentes. No entanto, de acordo com ele, uma simples denúncia pode colocar em xeque a qualidade dessa produção, comprometendo inúmeros produtores rurais, bem como a cadeia inteira. “Esse é o tamanho da nossa fragilidade perante o resto do mundo. Então esses são temas que nós, em conjunto, talvez pudéssemos buscar mais segurança para a nossa indústria, para o nosso produtor, porque todos fazem parte da mesma cadeia produtiva”, defendeu.
Transformação da produção
O presidente da Fiems acrescenta também que quem produz soja, transforma a soja, quem produz milho, transforma milho e, nesse sentido, os empresários do Mercosul precisam avançar nessa questão. “Precisamos hoje dar segurança. Imaginem quantos produtores de frango que sequer sabem como é o processo depois que entregam aos frigoríficos. Ele recebe o pintinho na sua propriedade, recebe a ração e o medicamento e entrega a sua produção para a indústria. Depois disso, nós temos uma cadeia enorme para que esse frango chegue à Europa e à Ásia. Essa segurança é muito importante, porque esse pequeno produtor ou esse grande processador são muito frágeis diante do mercado consumidor internacional. E a nossa dependência da exportação está cada vez maior”, alertou.
Por isso, ele entende que eventos como o promovido pelo LIDE devem trabalhar pela integração, tanto empresarial, quanto governamental. “O corredor bioceânico, que tanto debatemos no passado, hoje se torna mais real. No entanto, de que forma vamos utilizá-lo? Como podemos avançar? Que tipo de competitividade clara esse corredor pode deixar? Precisamos entender que se trata de uma nova frente de desenvolvimento, uma nova mudança, uma nova condição crescimento para os nossos países”, afirmou.
Longen lembra que Mato Grosso do Sul foi muito beneficiado com a inauguração do Porto de Concepción, no Paraguai. “Conversava com o ministro da Indústria e Comércio do Paraguai, Gustavo Leite, sobre como nós podemos melhorar a utilização desse porto e assim não buscar apenas a soja e o milho do Estado para exportar para a Ásia ou para a Europa. Não podemos mais correr esse risco de exportar somente grãos. Precisamos transformar aqui, agregando valor aos nossos produtos com a qualidade que temos aqui. Precisamos defender uma marca em comum, definir o que é um produto de boa qualidade”, alertou.
Para finalizar, o presidente da Fiems colocou o setor produtivo de Mato Grosso do Sul à disposição para colaborar com esses processos. “Entendo que precisamos escrever um pouco dessa nossa proposta. Acredito muito nas discussões empresariais do setor privado para que a gente ganhe conceito. Nós precisamos inverter um pouco a ação, não esperar do Governo aquilo que nós devemos executar e devemos propor aos governos aquilo de que precisamos. Devemos mudar a posição das nossas nações de passivas para ativas, avançando na produção e na integração dos nossos países e dos nossos produtos”, concluiu.
O painel “Mercosul – Potência para Alimentar o Mundo”, que integra o evento “Diálogo Público-Privado” promovido pelo LIDE, também teve como palestrantes o ministro da Indústria e do Comércio do Paraguai, Gustavo Leite, o ministro de Produção da Argentina, Francisco Adolfo Cabrera, o presidente do conselho LIDE, Ignacio Helsecke, a presidente do Frigomerc, Maris Llorens, o presidente da Minerva Food para o Paraguai e o Uruguai, Patricio Silvera, e o presidente do conselho LIDE, Patricio Llano. “Nós do Governo do Paraguai conseguimos, nesse evento, entender o que o empresariado enxerga e agora podemos seguir no mesmo rumo. Falei para o presidente Sérgio Longen que vou procurar por projetos de integração produtiva que vá além da soja e do milho. Nós queremos uma indústria integrada entre Mato Grosso do Sul, Paraguai e o mundo e, logo, mais países vão querer fazer a mesma coisa”, assegurou Gustavo Leite.