Política

"Êxodo venezuelano perturba países da América Latina", diz Temer

20 MAR 2018 • POR Agência Brasil • 15h46
Os presidentes Michel Temer, da República, e Juan Manuel Santos, da Colômbia, se cumprimentam, no Palácio do Planalto - Antônio Cruz/Agência Brasil

O presidente Michel Temer disse hoje (20) que o êxodo venezuelano perturba os países da América Latina e que deseja a pacificação política do país. O assunto foi um dos abordados durante a visita do presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, ao Brasil.

"O êxodo venezuelano, para o Brasil e para a Colômbia, perturba os países da América Latina e nós fizemos questão de evidenciar que a nossa relação com a Venezuela é institucional, é de Estado e Estado, mas não significa que nós patrocinemos o que está acontecendo na Venezuela sob foco político", disse Temer à imprensa após reunir-se com Santos no Palácio do Planalto.

"O que queremos é a pacificação política na Venezuela, a democracia plena nas eleições e a não agressão aos que se opõem ao regime que ora está constituído", acrescentou.

Por sua vez, Santos ressaltou que os presidentes fazem um apelo ao presidente venezuelano, Nicolás Maduro, para que aceite a ajuda humanitária ofertada por países como a Colômbia e Brasil. "Não entendemos como recusam esse tipo de ajuda quando a crise humanitária se agrava dia após dia".

No Brasil, cerca de 32 mil venezuelanos já pediram refúgio ou residência temporária desde 2015, quando começou o fluxo migratório para o país, informou a Casa Civil. Mas o fluxo na fronteira é ainda maior, já que muitos deles voltam à Venezuela para buscar familiares ou para levar dinheiro para quem ficou. Por dia, entram de 600 a 800 venezuelanos no Brasil, mas eles não necessariamente se estabeleceram aqui.

De acordo com a organização não governamental (ONG) Conectas, 600 mil venezuelanos entraram na Colômbia nesse último período de crise, mas o país tem fechado a fronteira em alguns momentos e passou a exigir passaporte dos imigrantes.

Combate ao crime organizado

Em 2016, Santos, recebeu o Prêmio Nobel da Paz, pelos esforços para pôr fim à guerra civil no país, que durou mais de 50 anos e matou pelo menos 220 mil colombianos. Ele firmou um acordo de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), a maior guerrilha do país, no qual as Farc se comprometem a abandonar as armas e as técnicas de guerra, além de se tornar um partido político, a Força Alternativa Revolucionária do Comum, que conservou a sigla.

No discurso a imprensa, Santos enfatizou: "O crime organizado se combate de várias maneiras, mas a mais efetiva é a inteligência". De acordo com ele, a questão das fronteiras do Brasil e Colômbia foi também discutido no encontro. Os países pretendem fortalecer a relação na área de segurança para combater o narcotráfico e outras práticas ilegais.

No brinde feito após a cerimônia no Planalto, no Palácio do Itamaraty, Temer disse: "A maior coragem é harmonizar as reações dentro do país e portanto buscar a paz, isso que é corajoso e não foi sem razão que recebeu o Nobel da Paz".

Acordos

O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, veio ao Brasil a convite do presidente Michel Temer, acompanhado por seus ministros das Relações Exteriores, da Defesa, do Comércio, da Agricultura e do Meio Ambiente.

Os presidentes trataram de temas da agenda bilateral, como apoio brasileiro ao processo de paz na Colômbia, comércio, investimentos, cooperação em agricultura familiar e desminagem, segurança nas fronteiras e desenvolvimento fronteiriço. Também abordaram temas regionais, em especial a aproximação entre o Mercosul e a Aliança do Pacífico, a crise venezuelana e o fluxo migratório dela decorrente.

Os países firmaram um entendimento para a cooperação na agricultura familiar e o desenvolvimento rural e um entendimento para de ajuda bilateral no desenvolvimento de micro, pequenas e médias empresas e artesanato. Além disso, firmaram uma declaração conjunta que reconhece o Certificado de Origem Digital como instrumento para simplificar os procedimentos comerciais entre Brasil e Colômbia.

Segundo o Ministério das Relações Exteriores, a Colômbia é parceira estratégica do Brasil. O comércio bilateral cresceu 25% e alcançou US$ 3,9 bilhões em 2017, com superávit para o Brasil de aproximadamente US$ 1 bilhão. Entre as exportações brasileiras para a Colômbia, 92,8% são produtos manufaturados.

A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos aponta o país vizinho como segundo destino de interesse para internacionalização de empresas brasileiras, atrás somente dos Estados Unidos.