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Campanha alerta sobre abuso sexual no transporte coletivo

O Transporte é Público, Meu Corpo Não

14 AGO 2017 • POR Da redação com assessoria • 15h11

Se aproveitar da lotação do ônibus e dar aquela encostadinha na mulher que está ao lado ou a frente é muito comum nos transportes coletivos de todo o país e mesmo do mundo. O que muita gente não sabe é aquele resvalo ‘sem querer’, aquela prensada, é crime e pode sim ser denunciado para as autoridades civis e militares.

Pensando no número de reclamações e da quantidade de mulheres usuárias do transporte coletivo – 65% do total – a Prefeitura de Campo Grande, por meio da Subsecretaria de Políticas para as Mulheres (Semu), lançou nesta segunda-feira a campanha “Abuso sexual no ônibus é crime”.

O projeto consiste em divulgar nos terminais rodoviários, por meio de cartazes e nos veículos de transporte coletivo, os telefones dos serviços que devem ser acionados nas situações em que a mulher esteja sendo abusada. Está prevista, ainda, a formação continuada para os condutores dos coletivos e para os guardas civis municipais e policiais militares. Para tanto, a campanha conta com a parceria da Secretaria Especial de Segurança e Defesa Social (SESDES), Consórcio Guaicurus, SEST e SENAT.

Para a auxiliar de limpeza Girlane Limas Mendes, de 33 anos, a campanha é fundamental. “Quem nunca passou por isso? É muito importante informar e as pessoas ficarem atentas”, disse.

Mais incisiva, a estudante de direito Gabriela Côrrea, de 17 anos, contou que já passou por constrangimentos no ônibus e o agressor ainda a fez se sentir culpada. “É horrível, faz a gente se sentir mal. Dá vontade de sair gritando e ao mesmo tempo a gente fica sem reação. Com a campanha acredito que as pessoas se conscientizem e diminua o número de casos. Vão saber o que acontece”, afirmou.

É exatamente isso que o Executivo pretende com a campanha. No lançamento, o prefeito Marquinhos Trad pontuou que não gostaria que esse tipo de campanha fosse necessária. “Dizer que as mulheres não devem ser molestadas e muito menos abusadas, ainda mais dentro de um transporte publico, é algo que entristece, mas é uma realidade que devemos enfrentar”, afirmou. “Esta campanha oportuniza às mulheres uma maneira de coibir gestos dessa natureza (abuso) e esperamos que vocês confiem na administração pública. Quando surgiu a Lei Maria da Penha muitos ironizavam e hoje é um exemplo de eficiência no sistema brasileiro”, emendou.

A subsecretária de Políticas para as Mulheres, Carla Stephanini, enfatizou que o objetivo é chamar a atenção para o problema. “Abuso sexual é crime, estamos oferecendo informações para as mulheres buscarem ajuda… O transporte é publico, mas o corpo da mulher não. Portanto, as mulheres devem ser respeitadas dentro de todos os espaços”, frisou.

Coordenadora Geral da Casa da mulher Brasileira, Tai Loschi, lembrou da importância das campanhas continuadas. “Elad fazem com que a mulher que tem vergonha, a mulher que tem medo, busque ajuda. Se acontecer, as mulheres devem denunciar, devem gritar, que o motorista vai ajudar. Esse momento é para informar a população”, afirmou.

Com 27 homens atuando em regime de escala de 24 horas por 72, a Guarda Civil Muniopal vai exercer papel fundamental neste processo. O secretário Especial de Segurança e Defesa Social, Valério Azambuja, contou que a Guarda vai atuar diretamente na prevenção e repressão do crime de abuso. “Estamos atendendo junto ao Consórcio Guaicurus. A Guarda, assim que for acionada por meio do 153, a patrulha mais próxima vai interceptar, vai prender e encaminhar para a Delegacia da Mulher”, detalhou.

Mais representatividade

Em seu discurso, o prefeito Marquinhos Trad ainda pontuou a importância das mulheres nas Casas de Leis. “A PEC 134, que tramita no Senado e na Câmara Federal e obriga um número de mulheres no parlamento nos níveis federal, estadual e municipal. Elas devem ter representatividade nos parlamentos, porque existem detalhes que dificilmente o homem, o legislador em si, vai sentir na pele o que as mulheres sentem. A Carla como vereadora propôs um projeto de lei, justamente nesse combate: chamar a atenção das mulheres que vale a pena sim denunciar, porque só assim vamos começar a reduzir esse índice altíssimo e intimidar aqueles que se aproveitam”, finalizou.