Brasil

Presidente colombiano diz que Constituinte não é "saída adequada" para Venezuela

Maduro convocou uma Assembleia Constituinte há uma semana perante a situação de crise no país

8 MAI 2017 • POR Agência Brasil • 13h29

O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, afirmou nesta segunda-feira (8) que a Assembleia Nacional Constituinte proposta por Nicolás Maduro não é a "saída adequada" para a crise da Venezuela e pediu liberdade para os presos políticos. As informações são da agência EFE.

"[A Constituinte] não é a saída adequada. Primeiro é preciso um calendário eleitoral, que respeite a Assembleia Legislativa, para que devolva seus poderes, [para que] a Constituição seja cumprida e, nesse espírito, se inicie um processo para libertar os presos políticos", disse Santos, em uma entrevista à rede colombiana RCNRadio.

Maduro convocou uma Assembleia Constituinte há uma semana perante a situação de crise no país, onde a oposição tem se manifestado há quase um mês contra o governo em protestos nos quais já morreram 37 pessoas. O governante venezuelano convocou a Constituinte alegando que não tem outra alternativa e que desta forma atingirá a paz no país.

Juan Manuel Santos disse que "é importante" manter relações cordiais "dentro das diferenças" com a Venezuela, país vizinho da Colômbia e com o qual têm vínculos históricos. "O pior que pode ocorrer aos colombianos é uma implosão no vizinho", falou. E assegurou que "a estabilidade da Venezuela é uma prioridade para a Colômbia”.

O governante colombiano também lembrou a conversa que teve com o ex-presidente venezuelano Hugo Chávez, a quem disse, há seis anos, que "a revolução bolivariana fracassaria". Santos disse que falou para Chávez que ambos eram muito diferentes. "Eu nunca vou ser um revolucionário bolivariano e o senhor nunca vai ser um democrata liberal. Eu asseguro que seu modelo vai fracassar, mas deixemos que a história nos diga".

Acordos de paz

Santos reconheceu o trabalho dos governantes de Venezuela para a Colômbia alcançar a paz e agradeceu aos governantes do país vizinho. Sobre a advertência feita por Maduro de que iria revelar detalhes dos diálogos de paz com as Farc, dos quais a Venezuela foi país fiador, assegurou que nenhum dos negociadores teme o líder venezuelano.

"Estão todos muito tranquilos, e todos disseram 'o que ele poderá revelar?' Não acredito que possa revelar grande coisa, e não imagino do que se trata, porque tudo foi feito com transparência", concluiu o presidente colombiano.