Polícia deflagra operação contra irregularidades na gestão do CAPS Aero Rancho
Além da gestão, o descarte irregular de prontuários médicos também estão sendo investigados
7 ABR 2025 • POR Brenda Assis • 09h11
Durante as primeiras horas da manhã desta segunda-feira (7), a Polícia Civil, por intermédio do DRACCO (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado), deflagrou a operação “S.O.S Caixa Preta”, destinada a apurar graves irregularidades na gestão, guarda e descarte de prontuários médicos no âmbito do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS III) Aero Rancho, vinculado à Secretaria Municipal de Saúde do município de Campo Grande.
Conforme as informações policiais, a investigação teve início em outubro de 2024 a partir de representação formal da Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso do Sul, por meio do seu Núcleo de Atenção à Saúde (NAS), que relatou a destruição sistemática de prontuários físicos de pacientes em tratamento psiquiátrico, documentos que devem ser preservados por, no mínimo 20 anos, conforme legislação federal e municipal.
A apuração também conta com o apoio técnico do Departamento Nacional de Auditoria do SUS (DENASUS), que incluiu o CAPS no cronograma prioritário de auditorias federais, em razão da gravidade dos fatos. O órgão federal recebeu a denúncia em outubro de 2024 e acatou o pedido de admissibilidade pela abertura de uma auditoria.
O DENASUS já entrou em contato com a Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande e solicitou a relação de todos os prontuários físicos dos pacientes atendidos no CAPS III Aero Rancho, no período de 01/01/2009 a 31/12/2024.
Durante a deflagração, foram cumpridos mandados de busca e apreensão em dois endereços residenciais de servidoras públicas investigadas e nas dependências do próprio CAPS III Aero Rancho.
As diligências tiveram como objetivo localizar documentos físicos, registros digitais, mídias e outros elementos de prova que confirmem a destruição de documentos médicos, eventual quebra de sigilo profissional e manipulação de sistemas informatizados. Entre os crimes investigados, portanto, estão destruição de documento público ou particular (art. 305 e 337 do Código Penal) e quebra de sigilo funcional, sem prejuízo de outros ilícitos que eventualmente forem constatados durante a investigação criminal.
O nome “Operação S.O.S Caixa Preta” simboliza o caráter emergencial da situação, evocando o “sinal de socorro” representado pela atuação da Defensoria Pública e dos órgãos de controle social, diante da violação de direitos fundamentais de pacientes vulneráveis. A expressão “caixa preta” remete à importância dos prontuários médicos como registros sigilosos e essenciais à verdade dos fatos e à continuidade do tratamento clínico.