Internacional

Embaixada do Brasil na França repudia decisão do Carrefour sobre carne do Mercosul

Decisão do CEO da empresa, Alexandre Bompard, ocorre após reclamações de pecuaristas franceses diante um possível acordo de livre comércio entre a União Europeia e o bloco comercial sul-americano

25 NOV 2024 • POR Pedro Molina • 18h52
Foto: Neofeed

A embaixada brasileira na França repudiou, nesta segunda-feira (25), a decisão da rede de supermercados Carrefour de suspender a compra de carne de países do Mercosul para abastecer as unidades francesas da companhia.

Em um comunicado à imprensa, a embaixada brasileira diz a declaração do CEO global do Carrefour, Alexandre Bompard, “reflete uma opinião e temores infundados” sobre a pecuária do Brasil.

“Sua declaração reflete uma opinião e temores infundados quanto à sustentabilidade e à qualidade dos produtos oferecidos pela pecuária brasileira, que não condizem de forma alguma com a prática comercial do próprio Carrefour, que, todos os dias, oferece esses mesmos produtos a mais de 2 milhões de consumidores brasileiros, nem com um eventual risco para os produtores e consumidores europeus decorrente das importações provenientes do Mercosul”, diz nota da embaixada.

O principal motivo por trás desses boicota à carne do bloco econômico sul-americano ocorre após reclamações de pecuaristas franceses diante da proposta de acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul.

Os produtores franceses de carne alegam que existem suspeitas sobre os padrões ambientais, sociais e de saúde dos produtos originados nos países do Mercosul.

“O acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia não prejudica os elevados padrões produtivos e sanitários adotados em ambas as regiões. O Brasil se orgulha de ser, há décadas, um fornecedor seguro de proteína animal para o mercado europeu, mas também de sua capacidade de atender plenamente às exigências e controles sanitários de mais de 160 países, incluindo os rigorosos controles da União Europeia”, diz outro trecho da nota.

A decisão do Carrefour já foi alvo de críticas do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), além da Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrisul).

Confira abaixo o comunicado, em tradução livre, na íntegra:

O governo brasileiro lamenta a recente publicação de Sr. Alexandre Bompard na rede social X sobre a decisão do Carrefour de suspender a compra de carne originária dos países do Mercosul.

Sua declaração reflete uma opinião e temores infundados quanto à sustentabilidade e à qualidade dos produtos oferecidos pela pecuária brasileira, que não condizem de forma alguma com a prática comercial do próprio Carrefour, que, todos os dias, oferece esses mesmos produtos a mais de 2 milhões de consumidores brasileiros, nem com um eventual risco para os produtores e consumidores europeus decorrente das importações provenientes do Mercosul.

Com o objetivo de combater essa desinformação manifesta, o governo brasileiro tem o dever de esclarecer que:

• A declaração de que haveria um risco de “transbordamento no mercado francês de uma produção de carne [do Mercosul] que não respeita seus requisitos e normas” é falsa.

A União Europeia consome 6,5 milhões de toneladas de carne bovina por ano, das quais apenas 5% é importada. A Europa exporta mais carne do que importa. O contingente de carne bovina destinado ao Mercosul corresponde a apenas 1,5% do consumo europeu.

O acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia não prejudica os elevados padrões produtivos e sanitários adotados em ambas as regiões.

O Brasil se orgulha de ser, há décadas, um fornecedor seguro de proteína animal para o mercado europeu, mas também de sua capacidade de atender plenamente às exigências e controles sanitários de mais de 160 países, incluindo os rigorosos controles da União Europeia.

Além disso, é importante observar que os produtores brasileiros estão sujeitos a normas de sustentabilidade e produção frequentemente mais rigorosas do que as da UE. Além das áreas protegidas, que representam quase metade do território amazônico, nosso Código Florestal reserva entre 20% e 80% da superfície total das propriedades rurais para a proteção da vegetação nativa (80% em todo o bioma amazônico), números que não têm equivalente na regulamentação europeia.

O Brasil respeita, democraticamente, a oposição de qualquer setor ao acordo de livre comércio Mercosul-União Europeia. No entanto, tal posição não pode justificar uma campanha pública baseada na disseminação generalizada de desinformação sobre os produtores brasileiros.

 

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