Opinião

OPINIÃO: Calma violência

Não foi surpresa o ato insano cometido em Brasília no dia 13 de novembro

16 NOV 2024 • POR Sergio Maidana - advogado • 10h46
O advogado, Sergio Maidana - Arquivo Pessoal

Não foi surpresa o ato insano cometido em Brasília no dia 13 de novembro passado. Há anos estamos vendo, em muitos casos silenciando, o sectarismo propagado nas redes sociais, e ataque diários a democracia com fake news e  inversão de valores nas notícias divulgadas pela imprensa.

O cidadão de Santa Catarina, viaja até Brasília (percurso de 1.640 km), mantém  alugada uma casa em Ceilandia (cidade satélite a 30 km do plano piloto – Brasília) desde novembro do ano passado, aluga um trailer a pouca distância da esplanada dos Ministérios em Brasília –  pouco antes do atentado praticado – e, escreve nas redes sociais que “o jogo começou” informando que bombas seriam explodidas na casa de Fernando Henrique Cardoso, José Sarney, Willian Bonner e Geraldo Alckim. Ao meu ver, não é um sujeito certo das ideias.

Além destes fatos, o autor da tentativa de atentado em Brasília (pois tentou jogar uma bomba na estátua da Justiça, não conseguindo detonar, com fósforo na mão, acendeu o artefato que trazia fixada no peito, vindo esta a explodir e causar  óbito), escreveu no espelho de banheiro da casa alugada que iria explodir a estátua da justiça, obra criada pelo artista mineiro Alfredo Ceshiatti em 1961. Lembrando que, Brasília é patrimônio cultural da humanidade pela Unesco.

O homem-bomba vivia falando aos seus parentes e amigos, que iria a Brasília assassinar o ministro do Supremo, Alexandre de Moraes. Aliás, este ministro se tornou o inimigo número um dos políticos reacionários e sectários do país, juntamente com seus seguidores estilo homem-bomba, acusando-o de ser imparcial por processar e condenar pessoas que propagavam fake news políticas, e os baderneiros e destruidores da Praça dos Três Poderes de Brasília, em janeiro de 2023.

A insanidade do “homem-bomba” pode ser vista como uma mente manipulada por pessoas inescrupulosas, incutindo na cabeça da pessoa com pouca cultura universal e pouca leitura,  a praticar violência contra  o “inimigo”, apontando como o melhor caminho para a “pacificação” democrática. Ao contrário, a violência até hoje, só provou que a democracia é destruída pelo autoritarismo.

Eu, colocando como exemplo, perdi muitas amizades desde 2016, pois muitos amigos se tornaram sectários, transformados pelas fake news dos apoiadores do último ex-presidente, queriam mandar no meu pensamento, e qualquer critica que fizesse ao seu “modus operandi” respondiam com sacarmos de que era um “isentão”. Ou seja: ou tinha que seguir as ideias autoritárias e estapafúrdias  do seu líder, ou, era um covarde que fugia da luta. Lutar contra o que, cara-pálida? Era a luta pelo poder e o “amigo” não percebia (aliás é a mesma prática de imposição nazista).

E assim foram forjados “soldados” que defendiam  pseudas ideologias, pois nada mais é do que manipulação de massa para arregimentar pessoas que com ufanismo vangloriavam feitos não verdadeiros do ex-presidente. Para estes, ele que tinha permanecer no poder, seja do jeito que for: na bala ou no voto (mas se não ganhasse no voto seria em razão das urnas terem sido violadas).

Necessário fortalecer a democracia, e o primeiro passo conscientizar parlamentares que fomentam ódio, a fazer a mea culpa. Em Brasília temos vários deputados e senadores fazendo discurso do ódio e se escondendo atrás do direito constitucional da “opinião parlamentar”. Parlamentar não pode atentar contra a democracia, e tem que respeitar os três poderes, e os membros destes poderes. O exemplo tem que começar em casa.

“Acostume-se a não estar distraído ao que diz o outro, e inclusive, na medida das suas possibilidades, procure ter acesso à alma daquele que fala.” (Marco Aurélio – Meditações)