Opinião

OPINIÃO: O fim da política?

3 NOV 2024 • POR Sergio Maidana - advogado • 13h37
O advogado, Sergio Maidana - Arquivo Pessoal

Em tempos de eleição, em grupos de debates de rede social, sempre surgem curiosidades, revelando fatos desconhecidos. Neste ano, quando um amigo contestou que o partido qual é filiado não era “nanico”, resolvi pesquisar as estatísticas de filiação partidária no TSE, e fiquei abismado.

Abismado não em razão do partido qual o amigo é filiado ser “super” nanico, com 834 filiados em Campo Grande, posicionando em 18º em filiados na capital. O que fiquei abismado foi pela reduzida participação da juventude na política partidária no país e Estado, tendo em Campo Grande na faixa etária de 21 a 24 anos 548 filiados e a faixa dos 18 a 24 somente 170, no universo de  76.862 filiados a partidos políticos na capital.

Sim! São números estarrecedores, me lembrando que no ano 1.982  tínhamos mais de mil e quinhentos filiados na JPMDB, a famosa “J” e com participação ativa dos jovens na política. Esta mesma juventude de Campo Grande que foi as ruas para exigir o “meio-passe estudantil”, marchando em passeata com 8 mil estudantes (na época a população era em torno de 300 mil habitantes) até a Câmara Municipal, exigindo a  votação do projeto de lei do “meio passe”. Campo Grande foi a primeira capital do Brasil que os estudantes conquistaram este benefício, posteriormente transformado em “passe estudantil” gratuito. Esta mesma juventude que foi ativa na Campanha do “Diretas-Já” e no voto aos 16 anos.

Mas, se a política partidária não está atraindo os jovens, com números desesperadores, traz preocupações que devem ser estudadas com objetivo de incentivar a juventude a participar da política no futuro. Os números no Brasil não são diferentes do MS, existindo 16 milhões 397 mil filiados no país, tendo somente  200.618 jovens filiados entre 18 a 24 anos.

Passando pente fino na filiação partidária da juventude, temos que a grande maioria dos filiados jovens de 18 a 24 anos no Mato Grosso do Sul estão em partidos que disputaram eleições municipais com chance de eleger prefeito e vereadores. Resumindo em números temos o PSDB com  587 filiados, PP (502), PSB (352), PT (233).

Ao analisarmos os números, observamos que a maioria dos filiados a partido político em Campo Grande e no Estado, estão na faixa etária acima dos 45 anos (2/3 dos filiados), demonstrando mais uma vez que a política partidária no MS envelheceu, não atraindo os jovens. Necessário lembrar que a idade média do brasileiro no último censo é 35 anos.

O que está ocorrendo com a juventude? Falta de interesse pela política? Falta de patriotismo? Falta de interesse pelos reclamos da sociedade? Desesperança frente a corrupção? Desesperança frente a impunidade dos corruptos poderosos? Individualismo e crescimento da egolatria, com o advento da rede social? Alienação face a facilidade em emitir opiniões em redes sociais? Fuga do debate? Fuga da política profissional?

Necessário urgente que os partidos políticos comecem a pensar e agir em futura “inclusão” dos jovens na política partidária, oxigenando este quadro amorfo que se encontra. Cadê as campanhas de filiação partidária que existiam antes? cadê os projetos de lei popular que os jovens saiam as ruas? Hoje quem manda é o cacique do partido, fazendo a maioria de massa de manobra e políticos profissionais que sempre se reelegem e não renova as ideias no país. Será que este não é um dos motivos de grande abstenção nas eleições? Mudar é preciso, com a esperança em anos vindouros.

Informação 1: os cinco partidos com maior número de filiados no MS: MDB (42.908); PSDB(35.011); PT(34.036); PRD - fusão Patriota e PTB (24.133) e PP(22.852). filiados no Estado 305.654.

Informação 2: os cinco partidos com maior número de filiados no Brasil: MDB (2.083.619); PT (1.653.361); PRD (1.331.581); PP (1.331.354); PSDB (1.305.253).

Informação 3: A maioria dos filiados no Brasil tem grau de escolaridade fundamental incompleto (26,76%); No estado de Mato Grosso do Sul,  fundamental incompleto (26,95%); Em Campo Grande os índices são: médio completo (26,24%), Superior Completo (24,67%) e Fundamental incompleto (19,9%).

“O castigos dos bons que não fazem política é serem governados pelos maus” (Platão)