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47 ANOS: Mato Grosso do Sul cultiva tradições gaúchas, indígenas, nipônicas e paraguaias

Marcos culturais do estado incluem pontos turísticos, patrimônios históricos a festivais

11 OUT 2024 • POR Sarah Chaves • 10h41
Foto: Matte in box

Separado há 47 anos do Mato Grosso, o estado de Mato Grosso do Sul cultiva sua identidade própria. Pra cá vieram italianos, árabes, japoneses e paraguaios, nossa gente é um pouquinho da gente de cada lugar e nossa cultura, rica, com traços fortes dos povos indígenas.

Assim como os gaúchos prezamos mais que tudo um bom churrasco, assim como mineiros, aqui pão de queijo ou chipa pela manhã é quase sagrada, e o café nem se fala.
Nas ruas, feiras e no interior os indígenas vendem sua iguarias, leite fresquinho da fazenda, ovo caipira, temperos e pequi.

Aqui no MS temos Chamamé, tereré e sertanejo. No dia a dia, apreciamos paisagens que alternam entre natureza e urbanização. Aqui não tem erro, se alguém vem de fora e depois de 45 anos, não se deu conta de que não somos Mato Grosso, a gente relembra com "jeitinho" que é do Suuulll.


O Estado que já tem 2,62 milhões de pessoas tem um espaço especial em cada cantinho. Confira:

Feirona


Conhecida como “Feirona”,  a Feira Central de Campo Grande tem no setor de gastronomia, 25 restaurantes, onde a maioria dos proprietários são japoneses, descendentes da ilha de Okinawa, cuja gastronomia se adaptou a culinária local.

A Feira Central de Campo Grande abriga um encontro de várias raças, além dos japoneses vindos da emigração através do Kasato-Maru, colonizadores de outros estados brasileiros com seus costumes, nativos, povos indígenas na sua essência vindos da Aldeia Limão Verde e das aldeias urbanas existentes no município de Campo Grande, e também irmãos vizinhos, Bolivianos e Paraguaios.

A Feira realiza anualmente o Festival do Sobá, que leva campo-grandenses e visitantes a provarem o prato que é o cargo chefe do local, e faz ainda o “Domingo Cultural”, um espaço dedicado aos artistas locais, para que possam divulgar o seu trabalho.
 

Corrida do Pantanal

Considerada a maior corrida da região Centro-Oeste, a Corrida do Pantanal acontece anualmente em Campo Grande, e reúne atletas, corredores profissionais e amadores não só de Mato Grosso do Sul, mas do país inteiro.

Em 2024, a 3ª edição da Corrida do Pantanal ocorreu no dia 22 de setembro, com percursos de 5 km (caminhada), 8 km e 15 km (corrida), prestigiando os principais pontos turísticos de Campo Grande. O evento é uma realização do Sistema Fiems e Sesi, em parceria com a TV Morena.
 

Corumbá, a Cidade Branca


 
Corumbá é conhecida como cidade branca, devido à cor clara de seu solo, rico em calcário. A região foi explorada pelos portugueses no início do século XVI, na intenção de encontrarem ouro.

Em 1.778 foi fundado o Arraial de Nossa Senhora da Conceição de Albuquerque, para impedir o avanço dos espanhóis. O vilarejo logo transformou-se no principal entreposto comercial da região. Quando a passagem de barcos brasileiros e paraguaios pelo Rio Paraguai foi liberada, e devido à importância comercial que passou a ter, a localidade foi elevada a distrito em 1838 e, em 1850, a município.

Durante a Guerra do Paraguai (1864 a 1870), a freguesia de Santa Cruz de Corumbá – nome que recebeu na emancipação – foi palco de uma das principais batalhas do conflito, sendo ocupada e destruída por tropas de Solano Lopez em 1865. A partir de 1870, ao ser retomada pelo tenente-coronel Antônio Maria Coelho, a cidade começou a ser reconstruída. Na mesma época, imigrantes europeus e de outros países sul-americanos chegaram, impulsionando o desenvolvimento local. 

Linguiça de Maracaju


Famosa em todo o estado, a linguiça de Maracaju é um dos produtos artesanais que mais movimentam a economia local.
Apenas um açougue da cidade produz de 600 a 700 quilos de linguiça por semana. Na receita, só vai carne de traseiro bovino: como a picanha, o patinho, o coxão mole, o contra-filé, a alcatra, a ponta de alcatra, a maminha.

A tradição dessa linguiça foi uma herança dos primeiros colonizadores de Maracaju, vindos principalmente de Minas Gerais, eles dominavam a técnica da produção, só que com a carne de porco.
Isso porque a iguaria era alimento das comitivas e quando os suprimentos acabavam e os tropeiros improvisaram uma receita com ingredientes da região. Foi aí que entrou o traseiro do boi, aproveitando a fartura da criação em Mato Grosso do Sul, além de ser uma forma inteligente de conservar os cortes nobres, já que na época não existia geladeira.

Festival de Inverno de Bonito

Que Bonito tem os pontos turísticos mais requisitados de Mato Grosso do Sul não é novidade, com suas águas cristalinas, cavernas, cachoeiras e esporte de trilhas a cidade tem também um dos maiores festivais do estado.

Em 2024, o Festival de Inverno de Bonito completa 23 anos.  A festa que acontece na praça da cidade durante quase uma semana tem shows, peças teatrais, artesanato, exposições de artes plásticas e fotografia, filmes e oficinas na Praça da Liberdade que fica bem no centro da cidade.

Chamamé 


O estilo musical teve origem no nordeste da Argentina, nas províncias entre os Rios Paraná e Uruguai, região conhecida como “Mesopotâmia argentina”. Mesmo assim, Mato Grosso do Sul além do Rio Grande do Sul, foi um dos estados do Brasil onde a música se popularizou. No estado o ritmo está sempre presente nos bares e roda de viola. Nosso gosto pela música é tanto que Campo Grande (MS) passou a ser reconhecida como a Capital Nacional do Chamamé, através da Lei 14.315 publicada no Diário Oficial da União.

Parque dos Poderes

Local que abrange os criadores e fiscalizadores das leis do estado, o Executivo, Legislativo e Judiciário, o Parque dos Poderes foi idealizado pelo ex-governador Pedro Pedrossian (1980-1983/1991-1995), com o objetivo de facilitar o acesso das pessoas aos serviços públicos, tudo em um único lugar, e dar “cara de capital” para Campo Grande.

O Parque dos Poderes foi entregue em duas etapas. No início da década de 1980 foi finalizada a construção dos oito blocos que hoje abrigam as secretarias estaduais do Poder Executivo. No final da mesma década foram construídos o Tribunal de Justiça, o Tribunal de Contas, a Assembleia Legislativa e o Centro de Convenções Arquiteto Rubens Gil de Camillo, o Palácio Popular de Cultura.
Além das autarquias, o Parque possui 285 hectares, de acordo com o Governo do Estado. O espaço abriga nascentes de córregos e uma extensa área de vegetação nativa, com espécies preservadas da fauna e da flora regional.

Tereré


Não podia faltar, nosso patrimônio das tardes de domingo, ou de todas as tardes para alguns. Uma das histórias ou teoria mais popular de como surgiu a bebida é de que foi um acidente, durante os anos 30 na Guerra do Chaco, travada entre Bolívia e Paraguai. Dos dois lados, os soldados gostavam de apreciar um mate entre uma batalha e outra, mas passaram a consumi-lo gelado para que o sinal do fogo e da fumaça não chamasse a atenção das tropas adversárias. Se é verdade ou não, quem vai dizer?

A bebida combina com o clima predominantemente quente de MS, já que diferente do mate feito com infusão de ervas e água quente, o tereré é com água gelada.
 

Leitão no Rolete  de São Gabriel do Oeste 

A Festa do Leitão no Rolete, em São Gabriel do Oeste, é tão importante que integra o calendário oficial de eventos em Mato Grosso do Sul desde 2008.

A região de São Gabriel do Oeste é palco de atividades desde meados de 1885. Registros históricos apontam que a área onde hoje se situa a sede do município foi ocupada primeiramente por criadores de gado oriundos de Minas Gerais, por isso festas com carnes são sempre referência na cidade.

Rio Miranda


Já tendo sido palco de filmografias, a mais recente a da novela Pantanal, o Rio Miranda banha o estado de Mato Grosso do Sul, sendo formado no encontro do rio Roncador com o córrego Fundo, nos limites dos municípios de Jardim e Ponta Porã, a uma altitude de 320 metros acima do nível do mar.


Mas nem sempre o Rio Miranda foi denominado assim. Antes do século XVIII, para os índios que moravam ali, era Guaxis.

Outras denominações foram:
Mareco: de um português que por ali andou mais tarde.
Mboteteí: o nome mais citado. Todavia, pelas dificuldades de grafia e de audição corretas, o nome sofreu corruptelas e variantes: Bateteú, Boteteú, Matetuí, Mboteteuí. Em 1716, João Leme do Prado por ali andou em reconhecimento da região, a mando de Luís de Albuquerque, dando outro nome ao atual rio Miranda: Mondego. Porém, o nome mais notável acabou sendo Mboteteí. 

Em 1777, em função do nome do Presídio ali fundado, veio o novo nome do rio: Miranda, isto para a porção sul, ou seja, de suas nascentes até o encontro com o Aquidauana (Arariani). Nesse tempo, como o rio Aquidauana era pouco utilizado, praticamente não se fazia menção ao seu nome, apenas uma citação de Francisco Rodrigues do Prado que os guaicurus, naquele tempo, chamavam esse rio de Nabi-nugo (água negra).

Cerâmica Terena


A cerâmica Terena é Patrimônio Histórico e Cultural de Mato Grosso do Sul e tem em seu âmago a história da etnia.
Os índios Terena habitam área espalhadas por sete municípios do estado. A cerâmica Terena é conhecida pela sua tonalidade vermelha (que para as oleiras é a cor da tradição terena) e desenhos na cor branca, assemelhados a uma renda, no caso a renda portuguesa foi a referência inicial).

Sua estrutura é composta por três tipos de barros diferentes, sendo o preto usado para dar a forma ao artefato; o vermelho, a cor e o brilho que o grupo identifica como tradicional; e por último, o branco, que é utilizado para “bordar” as peças com motivos florais, pontilhados e mistos. Esses traços são para o povo Terena, indicativos da sua identidade, perpetuando a cultura para as próximas gerações.