Pesquisadores detectam bactéria multirresistente a antibióticos no Nordeste
Pesquisadores da USP apontaram para a possibilidade do patógeno se tornar um risco global
3 OUT 2024 • POR Pedro Molina • 17h11Um estudo publicado por pesquisadores apoiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) na revista The Lancet Microbe revelou um caso de uma cepa multirresistente da bactéria Klebsiella pneumoniae na região Nordeste do Brasil.
Os pesquisadores conseguiram sequenciar o genoma da bactéria resistente a antibióticos, isolada de uma paciente de 86 anos com infecção urinária que faleceu 24 horas após ser admitida no hospital, e compararam as informações reunidas em um banco de dados sobre patógenos do tipo.
Os resultados apontaram que a cepa já havia sido detectada nos Estados Unidos e está circulando no Brasil, com a possibilidade de se tornar um risco global. Nilton Lincopan, professor do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) e coordenador da pesquisa, reforçou o alerta.
“Ela é tão versátil que se adapta às mudanças de tratamento, já que adquire facilmente outros mecanismos de resistência não contemplados pelas drogas existentes ou pela combinação delas. É possível que se torne endêmica nos centros de saúde em nível mundial”, comentou.
Lincopan também é responsável pela plataforma One Health Brazilian Resistance, que reúne dados epidemiológicos, fenotípicos e genômicos de microrganismos classificados como de “prioridade crítica” pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
A plataforma conta com o apoio da Fapesp, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação Bill e Melinda Gates.
“Como patógeno oportunista, em pacientes com imunidade normal a bactéria pode nem causar doença. Mas, em pessoas com imunidade baixa, pode ocasionar infecções graves. Em nível hospitalar, pacientes internados em unidades de terapia intensiva [UTIs] ou em tratamento para outras patologias podem adquirir infecção secundária, como pneumonia. Sem tratamentos disponíveis e com o sistema imune deprimido, muitas vezes podem ir a óbito”, comentou.
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