Internacional

"Ordem de Lula é que não haja retratação", dizem fontes

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil já convocou o embaixador de Israel no Brasil para uma reunião

20 FEV 2024 • POR Sarah Chaves, com informações da Reuters • 11h52
A fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi feita durante coletiva de imprensa no domingo (18/02), na Etiópia - Rosinei Coutinho STF

Após o presidente Lula comparar as ações de Israel na Faixa de Gaza com os crimes nazistas e ser dado como 'persona non grata' pelo ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, fontes ouvidas pela agência Reuster que o  Brasil não pretende retratar o comentário do presidente.

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil já convocou o embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, para uma reunião no Rio de Janeiro, e chamou de volta o seu próprio embaixador em Israel depois que autoridades israelenses lhe deram uma reprimenda formal após o comentário de Lula.

“O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não tem paralelo em outros momentos históricos”, disse o presidente do Brasil. “Na verdade, existia quando Hitler decidiu matar os judeus”, disse Lula durante uma cimeira da União Africana no fim de semana em Adis Abeba, referindo-se aos crimes de guerra nazista durante a Segunda Guerra Mundial.

"A ordem de Lula é que não haja retratação e que quaisquer respostas sejam dadas por via diplomática", disseram as fontes.

Na manhã de segunda-feira, o ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, anunciou que Lula não é bem-vindo no país do Oriente Médio até que retire seus comentários.

"Não esqueceremos nem perdoaremos. É um sério ataque antissemita. Em meu nome e em nome dos cidadãos de Israel - diga ao presidente Lula que ele é persona non grata em Israel até que ele retome o poder", disse Katz ao embaixador do Brasil, de acordo com um comunicado do escritório de Katz.

Repercussão

A fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva resultou em um pedido de impeachment que já conta com a assinatura de 87 deputados federais de oposição.

Dentre os nomes, alguns se destacam pela firme oposição contra o governo de Lula, como o deputado Kim Kataguiri (União-SP), que se pronunciou sobre a fala do presidente. “Sua fala contra Israel associando-o ao holocausto não é apenas uma gafe — como a imprensa tem dito —, mas sim uma afronta às vítimas desse terrível crime contra os judeus“, afirmou o parlamentar.

O líder da oposição na Câmara, Carlos Jordy (PL-RJ), também assinou o documento. Além dele, parlamentares como Carla Zambelli (PL-SP), Júlia Zanatta (PL-SC), Rosângela Moro (União-SP), Marcel van Hattem (Novo-RS) e pastor Marco Feliciano (PL-SP) também constam em meio às assinaturas.