Saúde

Com dengue, mulher morre após buscar atendimento duas vezes em UPA

A família da vítima registrou boletim de ocorrência para apurar as circunstâncias da morte da moradora de Brazlândia

14 FEV 2024 • POR Brenda Leitte, com Metrópoles • 14h09
Cíntia Maria Dourado Mendes, de 42 anos - Foto: Arquivo Pessoal

Cíntia Maria Dourado Mendes, de 42 anos, morreu em decorrência da dengue, mesmo após ter buscado atendimento por duas vezes na UPA (Unidade de Pronto-Atendimento) da região onde morava. A família da vítima registrou boletim de ocorrência na PCDF (Polícia Civil do Distrito Federal) para apurar as circunstâncias da morte da moradora de Brazlândia.

Segundo o marido de Cíntia, Fabiano Vieira Mendes, de 43 anos, ela apresentou os primeiros sintomas da doença na última quarta-feira (7). Porém, no fim de semana de Carnaval, teve uma piora no quadro de saúde e foi levada para a tenda de acolhimento a pacientes com dengue, em Brazlândia.

“No sábado (10) à noite, ela começou a apresentar inchaço, ânsia de vômito e desmaios, sintomas que fogem daqueles esperados em uma dengue leve. Na tenda, ela tomou soro na veia, fez exames de sangue, foi orientada a voltar para casa e, caso piorasse, deveria ir para a UPA”, detalhou Fabiano.

Em casa, Cíntia começou a apresentar dificuldade para respirar e dor no peito. Devido ao agravamento do estado de saúde, na noite de domingo (11), ela pediu que o marido a levasse para a UPA.

Na triagem da unidade de saúde, um dos servidores que atendeu a paciente teria dito, segundo Fabiano, que ela precisava se acostumar àqueles sintomas, pois eram normais em casos de dengue e sumiriam depois de 14 dias.

"Eu argumentei que aquilo não era normal e que minha mulher precisava ser internada, mas esse servidor continuou a dizer que os sinais vitais dela estavam normais e que ela deveria estar com síndrome do pânico. Enquanto a gente esperava o médico chamá-la, Cíntia desmaiou e foi levada para tomar soro em uma sala", continuou o marido da paciente.

Depois que recebeu o soro, o médico que avaliou a paciente liberou a família para ir embora e continuar a hidratação, bem como a observação dos sintomas, em casa. “No caminho para nossa residência, minha esposa chegou a dizer que sentia que morreria, de tão mal que estava”, contou o vigilante.

Queda em cadeira de rodas

Horas depois, na madrugada de segunda-feira (12), Fabiano e os dois filhos do casal voltaram com Cíntia para a UPA, devido à piora da paciente.

“Como ela não conseguia andar e estava bastante abatida, pedi que a equipe da unidade a buscasse dentro do carro. Eles foram pegá-la em uma cadeira de rodas, mas a deixaram cair e bater com a nuca no meio-fio enquanto subiam a rampa da UPA. Na hora, ela começou a revirar os olhos”, disse Fabiano.

Cíntia foi levada de imediato para a ala vermelha da unidade de saúde. Cerca de meia hora depois, um médico contou à família que a paciente tinha suspeita de trombose pulmonar e havia sofrido uma parada respiratória. Uma equipe teria conseguido reanimá-la, mas precisaram intubá-la na sequência.

Pouco tempo depois de receber essa primeira notícia, um médico voltou a falar com Fabiano e disse que a paciente não resistiu. “Eu acredito que nada disso teria acontecido se ela tivesse sido internada desde a primeira vez que em buscamos atendimento. A pessoa chega em estado grave e é mandada de volta para casa?”, indignou-se.

Revoltada com o ocorrido, a família de Cíntia registrou boletim de ocorrência na 18ª Delegacia de Polícia (Brazlândia) para que a causa da morte seja investigada. O corpo dela passou por perícia no Instituto de Medicina Legal (IML), e o laudo deve ficar pronto em 30 dias. “Nada vai trazer minha esposa de volta, mas queremos que a história dela seja lembrada. A família está arrasada. Ninguém acredita que isso aconteceu. Ela era o nosso alicerce familiar”, lamentou Fabiano.

O corpo de Cíntia será enterrado na tarde desta quarta-feira (14/2), no Cemitério de Brazlândia. Antes, porém, ocorrerá uma missa de corpo presente, no Santuário Menino Jesus.

“Tratamento adequado”

Responsável pela administração da UPA de Brazlândia, o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF) informou que a paciente, após ser avaliada e testar positivo para dengue, recebeu “tratamento adequado, inclusive medicação e hidratação”, e foi liberada com instruções para retornar se apresentasse “sintomas preocupantes”.

“Posteriormente, a paciente retornou à unidade com episódios de desmaios. A equipe médica prestou assistência imediata, incluindo tentativas de reanimação, mas, infelizmente, ela faleceu. O corpo foi encaminhado ao Instituto de Medicina Legal para investigação da causa do óbito”, completou. “O Iges-DF lamenta profundamente o falecimento da paciente e expressa solidariedade à família. Continuaremos acompanhando de perto as informações sobre esse caso”.

 

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