Polícia

26 de janeiro: Morte de Sophia completa um ano com casal preso e sem julgamento

Nas redes sociais, companheiro de Jean, pai da criança, publicou um texto descrevendo sentimentos e dor durante esse período

26 JAN 2024 • POR Luiz Vinicius • 10h08
Sophia de Jesus Ocampo morreu e caso ainda segue sem respostas - Arquivo Pessoal/Reprodução/Redes Sociais

Era final do mês, a cidade ainda respirando um ar de férias, as redações jornalísticas praticamente estavam encerrando seus expedientes, quando uma mensagem disparada naquela noite de 26 de janeiro de 2023, abalaria Campo Grande, Mato Grosso do Sul por inteiro e também alcançaria o país: a morte de uma criança em uma unidade de saúde.

Sophia de Jesus Ocampo, de 2 anos, havia dado entrada no UPA Coronel Antonino na companhia de sua mãe Stephanie de Jesus da Silva, no final da tarde daquele dia. Porém, assim como na vida, existia um "mas" naquela história: a criança estava morta, com inúmeras lesões, fazendo com que a equipe médica chamasse diretamente o GOI (Grupo de Operações e Investigações) da Polícia Civil.

Após as diligências noturnas, depoimentos colhidos e todos os detalhes de uma investigação preliminar, Stephanie e seu companheiro Christian Campoçano Leitheim foram presos em flagrante pelo crime de homicídio qualificado e formalmente acusados de estupro de vulnerável. Eles estão presos até a presenta data, cujo ainda não há uma definição sobre o julgamento.

Havia uma data escolhida, no mês de março deste ano de 2024, contudo, recursos das defesas dos dois réus conseguiram suspender a ação no plenário, mas ressalta-se que ambos serão submetidos a júri popular.

A história de Sophia de Jesus Ocampo foi ganhando vários capítulos, contornos de dramas, enredo perverso e lacunas que estava sendo preenchidos com detalhes que surgiriam ao longo de 2023. Detalhes como as conversas entre Stephanie e Christian, que combinaram uma versão para ludibriar a polícia, pontos em que citam agressões com a justificativa de eram "correções" para os comportamentos das crianças, principalmente contra a menina.

Nesse aspecto, entra Jean Ocampos, pai de Sophia, que havia relatado notar que a criança sempre que ia para sua casa, apresentava alguns hematomas e lesões, suspeitando de maus-tratos.

Ressalta-se ainda que a história contempla um fato de que Sophia teria dado entrada cerca de 30 vezes em unidades de saúde. O pai da menina também buscou ajuda na Polícia Civil, na Defensoria Pública, no Ministério Público, Conselho Tutelar, como forma de alertar sobre a situação. Contudo, nenhuma das chamadas foi levada adiante, com recusas ou arquivamentos da ação.

Lembrança e dor

Nas redes sociais, Jean Ocampo preferiu o silêncio, manter-se ausente para evitar lembranças de um dia tão trágico em sua vida. Mas seu companheiro, Igor de Andrade, tomou as rédias e assumiu o direito de publicar um longo texto em que mostra a paixão que sentia por Sophia, mostrar a dificuldade que é viver com saudade e pedir, mais uma vez, a justiça pela morte da menina. "Há 1 ano perdemos nossa filha e ainda sentimos uma dor enorme ao escrever estas palavras", inicia o texto publicado no Instagram.

"Temos o coração dilacerado e sentimos uma angústia enorme no peito. Essa é uma enorme mágoa que nos acompanha diariamente. Ainda estamos de luto por nossa filha e estaremos por todas nossas vidas… pois ao perdermos o nosso anjinho, nosso bem mais precioso, perdemos também a razão da nossa existência. Parece que foi ontem, mas já passou um ano. O vazio que se apoderou de nossos corações não param de aumentar", diz Igor.

Igor ainda foi enfático ao lembrar dos obstáculos que passou ao lado de Jean e dos ataques que sofreram nesse período, mas que o sentimento pela Sophia foi maior para seguir adiante.

"Foi um ano duro, de muita humilhação, tivemos que ler e ouvir muitos achismos e ofensas de pessoas ruins e que se não fosse por você filha, nós já teríamos colocado um fim nesse sofrimento", conta.

Por fim, ele volta a dizer que não deixará de lutar para ter Justiça. "Iremos lutar por Justiça até o fim. Pelo que fizeram com você, e pelas pessoas que não fizeram por você. Pelas pessoas que decidiram não te enxergar pedindo socorro. Essa justiça é falha demais, mas à divina, essa sim nunca falhará", finaliza.