Opinião

OPINIÃO - DOIS ESTADOS: A CAUSA DA PAZ

7 OUT 2023 • POR Carlos Marun, ex-deputado e ex-ministro • 14h49
Carlos Marun, ex-ministro-chefe da Secretaria de Governo e ex-deputado federal - Foto: Divulgação

No final do Sec XIX nasceu o Movimento Sionista, que pregava a volta dos Judeus para a Palestina, de onde haviam sido expulsos pelos Romanos há quase dois mil anos, e o estabelecimento ali de um Estado Nacional Judeu.

Com o fim da 2a Guerra Mundial e a divulgação das atrocidades nazistas este movimento se fortaleceu. Os Judeus lutaram inicialmente contra os Ingleses, que ocupavam a região. Cumpre lembrar que ali o terrorismo foi utilizado como estratégia de guerra, tendo ficado célebre a explosão do Hotel King David, onde morreram dezenas de ingleses. Este ataque praticado pelo Grupo “Irgun” comandado por Menahem Begin, que veio a se tornar no futuro primeiro-ministro de Israel.

Em 1948, com o mundo justamente sensibilizado diante do absurdo do Holocausto, a ONU, tendo como seu secretário-geral nosso compatriota Oswaldo Aranha, decidiu que a Palestina fosse dividida entre Judeus e Palestinos. Os árabes não aceitaram e Israel foi a Guerra, vencendo de forma heróica. A Guerra não acabou e os conflitos continuaram, especialmente em 1956 e 1967.

Aí chegou 73. Há exatos 50 anos, também no Yom Kyppur, Egito e Síria lançaram um grande ataque a Israel. O Estado Judeu resistiu, mas correu risco real de perder. Isto abriu caminho para um processo de paz. Israel devolveu parte dos territórios que ocupou a partir de 1967. O Egito reconheceu a existência de Israel, o que na prática representou a sua vitória na Guerra pela sua existência. Aí começou outra Guerra, a dos Palestinos pela existência de sua Pátria.

O processo continuou, algumas vezes lento e em outras acelerado. Os Palestinos, que haviam optado pelo terrorismos como forma de luta começaram a repensar está situação.

Chegamos em 1993, a Oslo, quando Arafat e Rabin, dois “Homens da Guerra” e heróis dos seus povos, trocaram sob o olhar de Clinton um constrangido mas simbólico aperto de mãos. Existiu o reconhecimento mútuo. Pareceu que a Paz estava chegando…

Todavia, veio o novembro de 1995.

Em um “Sabath”, Itzak Rabin, após participar de uma manifestação onde mais de cem mil israelenses celebravam a paz, foi assassinato por um Judeu com um tiro pelas costas. Na sequência, a maioria do eleitorado de Israel referendou este assassinato, elegendo Nethaniahu e optando pela solução por via da Guerra. Infelizmente esta opção permanece até hoje.

Este ataque do Hamas atinge o arrogante mito da segurança absoluta de Israel pregado por Nethaniahu. Isto abala a confiança daqueles eleitores israelenses que confortavelmente assistiam os foguetes lançados pelo Hamas errarem o alvo ou serem abatidos pelos moderníssimos sistemas anti-misseis israelenses. Existem israelenses que querem a paz.

Desejo que isto faça com que eles sejam mais ouvidos e que sejam abertas negociações sérias para a solução “Dois Estados” proposta por Oswaldo Aranha.

Até lá muitíssimos Palestinos já estão morrendo e morrerão, já que deixaram claro que não mais aceitam se render.  Mas Israel também terá que contar seus mortos enquanto insistir em não ouvir o seu grito de “Eu quero uma Pátria”.

Por fim, espero sinceramente que desta guerra advenha, como há 50 anos, um avanço no processo de Paz, que passa necessariamente pela implantação de dois Estados, Israel e Palestina, livres e soberanos.