Pai de Matheus Xavier chora ao narrar dia da morte do filho, 'encomendada' por Name
Estudante de direito faria 25 anos daqui um mês e morreu por engano no lugar do pai
17 JUL 2023 • POR Brenda Leitte e Sarah Chaves • 16h23"Até achei que poderia ser rojão, quando a secretária que trabalhava em casa falou -Paulo isso é tiro-", contou em Júri Popular nesta segunda-feira (17), Paulo Roberto Xavier (PX), pai de Matheus Coutinho Xavier, de 20 anos, estudante de direito assassinado por engano em abril de 2019, em Campo Grande.
São réus na ação penal, o empresário Jamil Name Filho, o "Jamilzinho", como mandante do crime de pistolagem, o ex-guarda civil Marcelo Rios, e o policial Vladenilson Olmedo que teriam intermediado a contratação de assassinos de aluguel.
Matheus Coutinho Xavier, faria 25 anos daqui um mês (17 de agosto) e morreu por engano no lugar do pai, PX, desafeto da família Name por ser considerado "traidor".
Matheus tirava a caminhoente do pai da garagem naquele dia, para poder retirar outro veículo de casa e buscar os irmãos na escola, quando os atiradores chegaram e o confundiram com PX,
Ouvido no Júri, PX conta que após a secretária informar ter ouvido tiros, ele saiu na rua, e uma segunda pessoa informou que haviam atirado em um homem dentro da caminhonete. "Eu olhei e falei - Essa caminhoneta é minha, quando me aproximei da janela, tava o meu filho totalmente ensaguentado, ainda respirando, eu peguei ele, coloquei meu filho no veículo no banco de trás, eu segurava ele, por que o carro era cambio automático, ele ainda gemia tentando buscar ar, mas pelas narinas, boca e ouvido eu via que tava saindo sangue", contou.
"Peguei a Afonso Pena, tinha congestionamento que já era 18h, passei pelo canteiro central com o pisca alerta ligado, peguei a Mato Grosso, la pedi socorro e dois motosocorristas do Corpo de Bombeiros abriram caminho até chegar na Santa Casa, atá próximo a Santa Casa, meu amado filho respirava com dificuldades", lembrou emocionado o pai, antes de interromper o depoimento para chorar.
Julgamento
Sessão no Tribunal do Júri já ouviu as testemunhas, delegada Daniela Garcia que contou como começaram as mortes executadas com armas de grosso calibre na Capital a mando dos Names, e Tiago Macedo dos Santos que detalhou logística bem executada dos crimes realizados pela organização criminosa.
O delegado Carlos Delano, atual titular da DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídio), foi a terceira testemunha de acusação e contou que após ouvir o hacker Eurico dos Santos Mota e descobrir que ele sabia todas as informações do alvo da quadrilha, foi afastado do comando do caso, a pedido de Jamil Name à corregedoria-regional de Polícia Civil de Mato Grosso do Sul. “Ninguém fala nada, ninguém delata ninguém e nem vai. O crime que seria cometido contra PX, teve uma liderança muito forte, com um poder econômico muito expressivo em Campo Grande. Indícios levaram a investigação até uma organização criminosa. Os fatores estão expostos para quem quiser ver”, concluiu o delegado.