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Execuções com fuzis na Capital ficaram "comuns" com família Name, aponta delegada

Alegação da testemunha ocorreu durante depoimento no Júri dos acusados pela morte do estudante Matheus Coutinho Xavier

17 JUL 2023 • POR Brenda Assis e Sarah Chaves • 11h30
Depoimento da delegada Daniela Garcia - Brenda Assis

Ouvida em Júri popular na manhã desta segunda-feira (17), como testemunha de acusação no caso do Matheus Coutinho Xavier, de 20 anos, morto a mando de Jamil Name Filho, o "Jamilzinho", a delegada Daniela Garcia declarou que antes de 2018, era incomum crimes com armas de grosso calibre em Campo Grande.

"Em 2018 começaram a acontecer assassinatos incomuns que até então não tinha, execuções com fuzis e armas de grosso calibre e queima do veículo após o crime", falou a delegada que na época estava alocada na 1ª Delegacia de Polícia Civil da Capital e depois integrou o grupo de investigação dos crimes organizados pela família Name.

Segundo Daniela, os crimes começaram a acontecer em um curto espaço de tempo. "Na 1ª delegacia iniciei as investigações do Marcel Colombo, conhecido como Playboy, caso que depois foi transferido para a Delegacia de Homicídios (DEH), e quando chegou a conclusão de que seria o mesmo grupo, que poderia estar ligado a família Name, foi criado o primeiro grupo da força tarefa da Polícia Civil".

Com o grupo da força-tarefa na investigação dos crimes, foi identificado que o modus operandi da execução de Playboy foi o mesmo que do estudante Matheus, cujo alvo era seu pai, Paulo Roberto Teixeira Xavier, por "trair" a família Name ao parar de atuar em sua segurança e ao fazer negociações com o advogado Antonio Augusto de Souza Coelho por uma fazenda no Parque do Bodoquena e trabalhar diretamente na segurança do advogado.

Em junho de 2018, Ilson Martins de Figueiredo foi o primeiro executado a tiros de grosso calibre, a caminho do trabalho, na Capital. A motivação seria vingança pela morte de Daniel Jamil Georges, o Danielito, filho de Fahd, (integrante da organização criminosa) desaparecido em 2011 e dado como morto em 2020. No mesmo bairro, a cerca de 2km, a investigação localizou um carro incendiado que teria sido utilizado pelos suspeitos.

Ainda conforme relato da delegada, Paulo Roberto Teixeira Xavier, (PX) foi chamado na casa de Jamilzinho um dia após a morte do filho, onde foi oferecido dinheiro para que ele saíse de Campo Grande e não voltasse mais. "Depois disso, PX teve a certeza queo alvo era ele, ainda mais após veririficar que os materiais apreendidos com os guardas civis da organização criminosa que estavam em posse de Jamilzinho teriam ligação dele com Antonio Augusto e Fred Brandão dos Reis, ex-guarda civil que trabalhava para os Name".

Ainda devem ser ouvidos nesta segunda-feira (17) no Tribunal do Júri, o escrivão de polícia Jean Carlos de Araújo e Silva, e os delegados Tiago Macedo dos Santos, João Paulo Natali Sartori, Carlos Delano de Souza e o pai de Matheus, Paulo Roberto Teixeira Xavier como informante.