Internacional

Salsicha que seria exportada para Venezuela é barrada e distribuída para pessoas

Empresa teve mercadoria barrada pela Venezuela e distribui 28 toneladas de salsicha como forma de protesto

16 JUN 2023 • POR Yara Deckner, com G1 • 14h12
Reprodução

A distribuição de cerca de 28 toneladas de salsicha ocorre após a Venezuela barrar as exportações brasileiras. Os moradores de Boa Vista fizeram uma fila gigante na manhã sexta-feira (16) para receber as doações.

Empresários brasileiros acusam o governo da Venezuela de barrar exportações de alimentos na fronteira por Pacaraima, ao Norte de Roraima, desde janeiro. Com isso, eles têm feito protestos para que autoridades negociem com o país a liberação das cargas. 

Por volta das 9h funcionários da empresa Frios Roraima começaram a distribuição dos pacotes de salsicha para brasileiros e venezuelanos no local.

Serão doados mais de 5 mil pacotes de salsicha. Cada unidade tem cerca de 3 kg e possui data de validade para o mês de agosto. Mesmo com a forte chuva que caiu por volta das 10h, os moradores não abandonaram os lugares na longa fila. No local havia muitas mulheres com crianças de colo.

A migrante Ysmarelys Garcia, 36 anos, foi uma das pessoas que chegou cedo. “Eu cheguei as 7h, moro lá no bairro Treze de Setembro. Espero sair daqui com um [pacote]”, disse ela enquanto aguardava na fila, pouco antes de começar a distribuição.

O gerente de exportação da empresa, Inaldo da Silva Santana, disse que a iniciativa partiu para que o alimento não fosse perdido e também como uma forma de protesto.

“Estamos sofrendo com esse problema desde o dia 18 de janeiro de 2023. A gente não tem opção a não ser jogar fora o nosso produto, porque esses produtos venceram dentro da Receita Federal e quando todo o processo já tinha sido feito, processo burocrático do lado do Brasil e venceu na Receita Federal. Então, como forma de beneficiar as pessoas nós pegamos uma carreta que não venceu ainda e estamos doando para que chame a atenção das pessoas, parlamentares, deputados, senadores e governadores para que se sensibilizem. O empresário não consegue sobreviver se o produto dele não está sendo escoado", disse.

A empresa distribuiria apenas uma carreta, mas, como havia muitas pessoas na fila, há a previsão de abrir uma segunda carga.

A brasileira Ana Nandes chegou por volta de 8h e conseguiu pegar o pacote de salsicha por volta das 10h.

“A gente vem para cá porque precisa. A situação tá feia. Tem muito desemprego e algumas famílias não tem nada para almoçar com as suas famílias e isso aqui já é uma ajuda”, disse.