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Há 15 anos, 'padre do balão' decolava rumo a Dourados; relembre aventura trágica

Padre Adelir de Carli embarcou no Paraná para um voo de balões de gás hélio

20 ABR 2023 • POR Taynara Menezes • 14h55
Preso em uma cadeira sustentada por 1.000 balões, o sacerdote partiu às 13 da cidade Paranaguá - Foto: Reprodução

Nesta quinta-feira (20) completa 15 anos da aventura trágica do Padre Adelir de Carli que saiu de Paranaguá, no Paraná, com a destino a Dourados (MS), em um voo de balões de gás hélio. A aventura, com final trágico, ficou marcada na memória dos brasileiros e Adelir ficou conhecido como o “padre do balão”.

O padre era um paraquedista experiente e queria voar a bordo de balões de gás hélio como uma forma de bater recorde e arrecadar dinheiro para financiar as obras de uma 'pastoral rodoviária'. Ele era conhecido por suas "aventuras aéreas" e pelo trabalho em prol dos direitos humanos.

O padre também tinha o sonho de ficar 20 horas no ar para quebrar o recorde deste tipo de voo (que pertencia a dois americanos que atingiram a marca de 19 horas voando com balões de gás hélio).

Histórico

Adelir Antônio de Carli nasceu em Ampére, no Paraná, em 8 de fevereiro de 1967. Tornou-se padre em agosto de 2003 e assumiu a Paróquia de São Cristóvão, em Paranaguá, no ano seguinte. 

Antes de embarcar na viagem de 20 de abril, o sacerdote realizou um voo a bordo de balões de gás hélio em uma viagem que durou quatro horas.

No dia 13 de janeiro de 2008, ele saiu da cidade de Ampére, no Paraná, e viajou até San Antonio, na Argentina. Na ocasião, foram usados 600 balões de gás hélio, e Adelir voou a uma altitude de 5.300 metros acima do nível do mar.

20 de abril de 2008

Os preparativos para a viagem foram acompanhados por fiéis, por curiosos e pela imprensa. Antes de partir, sob chuva, o padre celebrou uma missa especial. Apesar do tempo instável, Adelir resolveu seguir com o voo.

Preso em uma cadeira sustentada por 1.000 balões, o sacerdote partiu às 13 da cidade Paranaguá, no Paraná, com a intenção de chegar a Dourados, em Mato Grosso do Sul, em um voo de 20 horas.

O equipamento de voo de padre Carli incluía paraquedas, capacete, roupas impermeáveis, aparelho de GPS, celular, telefone por satélite, coletes salva-vidas, traje de voo térmico, alimentos e água.

Vinte minutos depois da partida, para a surpresa da equipe que o acompanhava em terra, Adelir conseguiu atingir uma altitude de 5.800 metros acima do nível do mar, quase o dobro do que estava previsto.

O último contato do padre com a Polícia Militar aconteceu durante a noite, às 21h, quando ele estava a cerca de 25 quilômetros do município de São Francisco do Sul, em Santa Catarina. As investigações na época apontaram que o mau tempo o teria levado em direção ao mar.

Encontrado no mar

Durante meses, Adelir foi considerado desaparecido. Marinha, Aeronáutica e um grupo de bombeiros voluntários, passaram um mês vasculhando o mar de Santa Catarina.

Em 4 de julho de 2008, restos do corpo do padre foram encontrados no mar por um barco rebocador que prestava serviços à Petrobras próximo à costa de Maricá, no Rio de Janeiro.

O exame de DNA, feito no Instituto de Pesquisa Genética Forense a partir de uma amostra de material colhido com o irmão do padre, o mestre de obras Moacir de Carli, confirmou a identidade de Adelir. O sepultamento do padre aconteceu em sua cidade natal, Ampére.