Brasil

Estragos feitos por invasores em Brasília já somam mais de R$ 14 milhões

Câmara estipula prejuízo de R$ 3 milhões, Senado entre R$ 3 a 4 milhões e no Planalto, mais de R$ 8,5 milhões já são estimados

10 JAN 2023 • POR Sarah Chaves • 10h25
Foto: Letícia Casado/UOL

As agências dos poderes legislativos, executivo e judiciário contabilizam o prejuízo causado por vândalos em ataque terrorista do último domingo (10) em Brasília, os estragos foram feitos no Congresso Nacional, onde fica o Senado e a Câmara dos Deputados, no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Palácio do Planalto, (sede do Poder Executivo Federal, local onde está o Gabinete Presidencial do Brasil).

Uma pérola do Catar e uma bola de futebol autografada por Neymar, que foram presenteadas à Câmara dos Deputados e estavam expostas no Salão Verde, sumiram depois da invasão.

Câmara
Um relatório preliminardivulgado pela Câmara dos Deputados, aponta que o custo para reparação dos danos causados pela invasão já ultrapassa R$ 3 milhões, considerados apenas os objetos e equipamentos que podem ser repostos, como computadores, vidros, veículos e outros itens de mobiliário.

Objetos destruiídos-

400 computadores - com custo de reposição estimado em mais de R$ 2 milhões. Duas viaturas usadas pela Polícia Legislativa foram danificadas -custo estimado em R$ 500 mil. Vidros das fachadas e internamente tem o custo estimado de R$ 100 mil. Tapete do Salão Verde, com diversas áreas queimadas e afetadas pela inundação provocada pelo uso de hidrantes pelos invasores - custo estimado em R$ 20 mil de material. No Colégio de Líderes, foram danificados dois monitores do painel de vídeo wall, com custo estimado em R$ 10 mil, além de cadeiras e uma mesa de telefone. As lideranças partidárias tiveram pelo menos três TVs danificadas, com estimativa de R$ 2 mil cada. 

Obras de arte
O prejuízo resultante da destruição e da subtração das obras de arte e de presentes protocolares, e os custos para recuperação dos objetos que foram deixados ainda não foram estimados.

A avaliação preliminar das obras de arte constantes do acervo da Casa detectou os seguintes itens danificados ou destruídos:

dos 46 presentes protocolares expostos no Salão Verde, 6 estão desaparecidos ou irrecuperáveis. Muitos foram encontrados com danos pontuais que poderão ser restaurados; Muro Escultórico, de Athos Bulcão, 1976 - perfurado na base; Bailarina, de Victor Brecheret - descolada da base; e Escultura Maria, Maria, de Sônia Ebling, 1980 – marcada com paulada

Ainda não foram levantados os custos com mão de obra e material necessários à limpeza dos ambientes e reparos emergenciais, como da rede elétrica da plataforma superior do Palácio do Congresso.

SENADO

A diretora-geral do Senado, Ilana Trombka, afirmou que os prejuízos financeiros da Casa devem ficar entre R$ 3 milhões e R$ 4 milhões. Infraestrutura, Patrimônio, Museu, Comunicação e Tecnologia da Informação estão entre as áreas que tiveram algum tipo de dano. Muitos vidros do prédio foram quebrados pelos invasores. O carpete do Salão Azul, além de várias obras de arte e mobiliário histórico também foram impactados.

PLANALTO

O Palácio do Planalto ainda faz o balanço do que foi danificado e divulgou uma lista prévia das obras de arte que foram destruídas na invasão. Entre as obras danificadas está “As mulatas”, de Di Cavalcanti , principal peça do Salão Nobre do Palácio do Planalto, com valor estimado em R$ 8 milhões.

A avaliação preliminar feita pela equipe responsável aponta os seguintes estragos em peças icônicas do acervo:

Térreo:

Obra "Bandeira do Brasil", de Jorge Eduardo, de 1995 — a pintura, que reproduz a bandeira nacional hasteada em frente ao palácio e serviu de cenário para pronunciamentos dos presidentes da República, foi encontrada boiando sobre a água que inundou todo o andar, após vândalos abrirem os hidrantes ali instalados. Galeria dos ex-presidentes — totalmente destruída, com todas as fotografias retiradas da parede, jogadas ao chão e quebradas.

No 2º andar:

O corredor que dá acesso às salas dos ministérios que funcionam no Planalto foi brutalmente vandalizado.

No 3º andar:

Obra "As mulatas", de Di Cavalcanti — a principal peça do Salão Nobre do Palácio do Planalto foi encontrada com sete rasgos, de diferentes tamanho. A obra é uma das mais importantes da produção de Di Cavalcanti. Seu valor está estimado em R$ 8 milhões, mas peças desta magnitude costumam alcançar valores até 5 vezes maior em leilões. Obra "O Flautista", de Bruno Giorgi — a escultura em bronze foi encontrada completamente destruída, com pedaços espalhados pelo salão. Está avaliado em R$ 250 mil. Escultura de parede em madeira de Frans Krajcberg — quebrada em diversos pontos. A obra se utiliza de galhos de madeira, que foram quebrados e jogados longe. A peça está estimada em R$ 300 mil. Além de outros objetos, mesas e relógios, o diretor de Curadoria dos Palácios Presidenciais, Rogério Carvalho, diz que será possível realizar a recuperação da maioria das obras vandalizadas, mas estima como “muito difícil” a restauração do Relógio de Balthazar Martinot.

STF

A convite da presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, os participantes da reunião com os governadores avaliaram, na noite de segunda-feira (9), os danos provocados pela invasão

A Polícia Federal ainda realiza perícia técnica no prédio do Supremo Tribunal Federal (STF) para identificar possíveis ameaças.

Depois da perícia, o STF vai iniciar o trabalho de catalogar os estragos e quantificar os prejuízos. Também não há previsão para a conclusão deste trabalho.