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Campo Grande, 'berço' de empreendimentos de sucesso

Empresários contam como fizeram para "pouco recurso" se transformar em grandes negócios

27 OUT 2022 • POR Sarah Chaves • 16h50
Solange Brum e Roneu, Maristela Sordi, Natalie Pavan e Ana Lúcia Amorim - Reprodução

Persistência foi a chave para empresários da Capital que hoje colhem frutos de ideias que começaram com poucos recursos, mas hoje são referência em Campo Grande. Relatos deixam claro que tem espaço para todos os ramos, para quem quer começar a empreender.

Assim, Mato Grosso do Sul vem crescendo em abertura de empresas, nos primeiros oito meses deste ano, foram abertas 6.610 empresas de acordo com a Junta Comercial de Mato Grosso do Sul (Jucems) e teve recorde no mês de agosto. Foram 926 novos empreendimentos no mês, número recorde desde que os dados começaram a ser contabilizados, em 2000.

Uma das empresas construídas neste período é o Vale Brum, administrando quatro empresas sul-mato-grossense, O Boticário, Óticas Carol, Quem Disse Berenice e Tô que Tô Cosméticos, o grupo começou com Solange Brum e o marido Roneu quando em 1988 o casal ligou para o 0800 de um frasco de perfume do O Boticário para solicitar uma loja na cidade de Camapuã MS. “Eu já vendia produtos de perfumaria e roupas , e me apaixonei pela marca. Na época Roneu era engenheiro civil chefe do departamento de estradas e rodagens de Mato Grosso do Sul e eu gerente do Posto de Gasolina dos pais”, contou a proprietária ao JD1.

Solange lembra que abriu a empresa sem dinheiro, somente com as economias de salário do esposo e um dinheiro emprestado dos pais do marido, inclusive pago anos seguintes, na moeda de sacos de arroz e consórcio de carro.

Roneu engenheiro civil e Solange com experiência no comércio desde seus 13 anos uniram seus talentos. “Juntamos tudo para pagar a primeira mercadoria a vista e o restante parcelado”, Solange já tinha a loja na casa de sua mãe e a ideia era levar a um ponto comercial na rua principal da cidade. “Montar a primeira loja foi um sonho e se tornou realidade. Não imaginei que um ano depois montaria a segunda loja em Coxim e no terceiro ano em Aquidauana. Assim foi e atualmente tenho lojas em Campo Grande e em outras cidades do interior como Miranda e Corumbá, empregando quase 400 colaboradores".

Ao longo dos anos, Solange e Roneu tiveram outros empreendimentos, mas não obtiveram sucesso. “A distância e falta de tecnologia e braços mais experientes dificultava ter outros negócios de diferentes segmentos”.

Para administrar Vale Brum, Roneu conduziu a área de exatas, financeiro, compras, reformas e montagens da loja se dedicando 100% ao negócio. Enquanto Solange ocupava as vendas e gestão das pessoas. "Hoje temos o dever de multiplicar e inspirar pessoas".

O Vale Brum é multibandeiras com O Boticário, Quem disse, berenice? Tô.Que.Tô Cosméticos e Óticas Carol, possuindo mais de 50 unidade de negócio espalhadas pelo Mato Grosso do Sul.
 

MORENA MULHER

Há 17 anos no mercado, o Morena Mulher começou como um espaço de bronzeamento, pois a idealizadora do projeto, Maristela Sordi gostava da técnica por acreditar que melhora a autoestima da mulher. "Além disso, eu via como um mercado escasso naquela época e vislumbrei uma oportunidade de negócio”. Ela conta que sempre quis ter uma empresa própria, e após abrir o espaço de bronzeamento, outros segmentos de beleza foram sendo agregados. Maristela até então não tinha experiência na área, era formada em administração e trabalhou sempre no setor.

A empresa foi construída com recursos próprios de Maristela de uma renda que ela obtinha trabalhando em outra empresa. “Eu não usava os ganhos com a empresa para me sustentar". "Sempre almejei ter o meu próprio negócio. Sempre acreditei que a mulher tem que ser independente financeiramente, seja qual for a sua classe social ou condição. Foi o que busquei através do meu desejo em ter o meu próprio negócio", defendeu a empresária.

Por último, ela também deixou uma dica. “Por várias vezes, buscamos crédito no mercado financeiro. Sempre devemos priorizar as menores taxas e os melhores prazos para não comprometer o fluxo de caixa da empresa, para isso é preciso se enquadrar dentro da capacidade de pagamento da empresa e do negócio", frisou.

MYCOOKIES:

Já Natalie Pavan bacharel em Direito com MBA em Gestão de Franquias, abriu seu negócio com um produto próprio, dona do My Cookies desde sua criação em 2016, ela conta que tinha uma receita de cookies que fazia sucesso entre família e amigos. “Sempre me pediam para fazer nas festas e confraternizações e foi aí que surgiu a ideia de comercializar o produto, em um primeiro momento em frente à escolas e posteriormente no primeiro quiosque localizado em um supermercado em Campo Grande”.

Com relação ao investimento, Natalie contou que não procurou apoio financeiro. "Não tinha dinheiro guardado, comecei utilizando cartão de crédito e girando o dinheiro que ia entrando. Ainda fiquei um ano como CLT, antes de me dedicar totalmente à MyCookies”, afirmou.


O sonho de ser empreendedora veio desde muito jovem. “Sempre tive o apoio da minha família, acreditavam que o negócio poderia dar certo, pois era um produto de qualidade, além disso, eu cresci dentro do trabalho dos meus pais na correria deles, então de certa forma isso já estava em mim”, concluiu.

NINHO JARDIM DE INFÂNCIA

Nesse período de ascensão de empresa, também foi inaugurada a  Instituição de Educação Infantil, Ninho Jardim de Infância que começou com sete crianças matriculados, e agora, cinco anos depois, tem 130 matriculadas e outras na lista de espera para diversas turmas.  “Quando resolvi abrir o Ninho, tudo estava totalmente no campo do sonho. Sou odontopediatra, pós-graduada na USP de Bauru, e minha experiência profissional até então havia sido em consultório. Não tinha experiência com Administração de empresas”, conta Ana Lúcia Amorim.

Ela ainda relata que teve o auxílio da consultora Andrea Gregório para fazer seu Plano de Negócio. “Foi um processo muito minucioso. A partir daí, fiz diversos cursos de curta duração em Administração, incluindo Empretec do Sebrae, que foi uma experiência muito interessante. Concomitantemente, fui fazendo cursos na área de Pedagogia e hoje faço o curso de Especialização em Educação Infantil na PUC/RJ”, explicou que para dar seguimento no empreendimento, correu atrás de especializações.

Ana e o marido começaram a construir o sonho do Jardim de Infância com as economias que tinham guardado. “Não precisamos utilizar nenhum tipo de crédito financeiro até o momento, pois chegamos ao ponto de equilíbrio muito antes do planejado. Mas, com isso, hoje temos crédito facilitado, sim, se for preciso. Acredito que trabalhar com muito foco no plano de negócio e na sua execução fez toda diferença para mantermos a saúde financeira do nosso empreendimento”.

Um dos segredos é trabalhar no que ama e acredita. “Trabalhei 12 anos como dentista e já havia perdido o envolvimento com a profissão. Queria construir algo que tivesse mais significado para mim e fizesse diferença na vida de outras pessoas”, finalizou.