Primeira negra a ganhar o Nobel de Literatura, a escritora americana Toni Morrison morreu ontem (5), aos 88 anos, na cidade de Nova York. A morte foi comunicada nesta terça-feira (6) pela editora que a representava e por sua família. "Sua narrativa e sua hipnótica prosa deixaram uma marca indelével na nossa cultura. Seus romances dominam e demandam a nossa atenção", escreveu no Twitter o diretor da editora Alfred A. Knopf, Sonny Mehta.
A família de Toni Morrison informou, por meio de comunicado, que a escritora "morreu após uma breve doença". "Apesar de sua morte representar uma tremenda perda, estamos gratos por ela ter tido uma vida longa e bem vivida", afirma a nota, segundo a agência de notícias AFP.
Conhecida por descrever as dificuldades enfrentadas pela comunidade negra nos EUA, Morrison ganhou o Nobel de Literatura em 1993 e, após uma carreira de décadas, deixa um legado com obras que se destacam pela sua humanidade, como Amada, Canção de Salomão e Deus Ajude essa Criança.
O romance mais famoso de Toni Morrison, Amada, foi inspirado em uma história verdadeira e angustiante que a escritora primeiramente achou "inacessível à arte". O livro lhe rendeu o Pulitzer de ficção em 1988.
Seus outros trabalhos incluíram Playing in the Dark, uma coleção de ensaios; Dreaming Emmett, uma peça sobre o adolescente assassinado Emmett Till; e vários livros infantis de coautoria com Slade Morrison, seu filho que morreu de câncer em 2010.
Toni Morrison também escreveu sobre os horrores da escravidão e do racismo, questionando a noção simplista do bem e do mal.
Nascida em 1931 em Lorain, no estado de Ohio, Morrison formou-se em letras e lecionou em várias universidades, tendo trabalhado também como editora na Random House, num posto que lhe permitiu divulgar outros nomes da literatura afro-americana.
Sua estreia como autora ocorreu pouco antes de completar 40 anos, em 1970, com o romance O Olho mais Azul, baseado numa história de infância sobre uma criança negra que desejava ter olhos azuis e que foi assediada pelo pai.
Morrison se sentia sozinha com os dois filhos, em Nova York, quando começou a escrever
Em entrevista ao jornal The New York Times, em 1979, Toni Morrison recordou que se sentia sozinha com os dois filhos, em Nova York, quando começou a escrever. "Escrever era uma coisa que eu fazia à noite, depois de as crianças irem dormir", contou.
Após O Olho mais Azul, seguiram-se Sula (1973), Canção de Salomão (1977), Tar Baby (1981) e Amada (1987), todos eles dando voz a personagens negras e evocando questões relacionadas ao racismo, segregação e minorias.
Em 1993, quando se tornou a primeira escritora negra a ganhar o Nobel de Literatura, a Academia Sueca destacou a presença da tradição afro-americana nas obras da autora, por influência dos livros que lia e das histórias que o pai lhe contava, e da transposição desse patrimônio cultural para romances sobre redenção e integridade.
Nesta terça-feira, no Twitter, o Nobel escreveu: "Toni Morrison, ganhadora de um prêmio Nobel, morreu aos 88 anos. Ela foi uma das forças literárias mais poderosas e influentes do nosso tempo".
A escritora foi casada com o arquiteto jamaicano Harold Morrison, com quem teve dois filhos. O casal se divorciou em 1964. A escritora deixa o filho Harold Ford Morrison e três netos.
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