O governo dos Estados Unidos iniciou neste sábado (20), dia em que se completa um ano da posse de Donald Trump como presidente, uma paralisação parcial por falta de fundos, forçado pela recusa dos democratas em aprovar orçamentos que condicionam a regularização de aproximadamente 800 mil jovens sem documentos.
Trump tinha previsto viajar para Flórida com o objetivo de comemorar a data com uma grande festa em sua mansão Mar-a-Lago, em Palm Beach, mas teve que cancelar o voo e ficar em Washington diante da possibilidade de um iminente fechamento de governo, o que realmente ocorreu.
Esse é o primeiro fechamento do Executivo desde outubro de 2013, quando o então presidente Barack Obama enfrentou 16 dias de paralisação com o bloqueio exercido pelos republicanos.
Na ocasião, Obama mandou mais de 800 mil funcionários públicos – aqueles considerados "não essenciais" – para suas casas, fechou museus e parques nacionais, além de cancelar tratamentos experimentais em centros federais de pesquisa médica.
O governo de Trump disse ontem (19) que, desta vez, tentará minimizar o impacto no povo americano, evitando, por exemplo, o fechamento dos parques nacionais.
No entanto, a Casa Branca já anunciou que vai dispensar mais de 1 mil de seus 1.715 funcionários, e o secretário de Defesa dos Estados Unidos, James Mattis, disse que algumas operações militares de inteligência ficam suspensas à espera de fundos.
A proposta derrubada pelo Senado no final da noite de ontem proporcionou ao governo o financiamento apenas até o dia 16 de fevereiro, prolongando assim o prazo de negociação entre democratas e republicanos para os orçamentos definitivos.
Além da pressão dos democratas ao governo de Trump, o "xis" da questão do atual fechamento está no futuro dos aproximadamente 800 mil jovens indocumentados conhecidos como "sonhadores".
O status legal com o qual o ex-presidente Barack Obama dotou a esses jovens, expira no próximo dia 5 de março, data a partir da qual poderiam ser deportados, após Trump ter acabado com o programa que os protege.
Os democratas condicionaram seu apoio às contas de que Trump e os republicanos concordassem em regularizar a situação deles, mas não deram o braço a torcer.
Logo assim que foi consumado o fechamento, a Casa Branca emitiu um comunicado advertindo aos democratas que "não negociará" o status dos "sonhadores" para obter novos fundos e que não vai sentar para falar sobre a reforma migratória até que desbloqueiem a situação.
"Não negociaremos a situação dos imigrantes ilegais, enquanto os democratas mantêm nossos cidadãos legais reféns das suas irresponsáveis exigências. Este é um comportamento de perdedores obstrucionistas, não de legisladores", diz a nota a Casa Branca.
Com o governo fechado, republicanos e democratas já começaram algumas negociações contrarrelógio, onde ambos tentarão não ficar diante do povo americano como os responsáveis da situação de paralisia em que mergulharam o Executivo.
Os dois partidos estão conscientes que enfrentam as eleições para o Congresso em novembro e enquanto os democratas não pretendem arriscar as cadeiras que apostam, os republicanos não querem ser vistos como incapazes de administrar sua maioria.
É, de fato, a primeira vez na história que um fechamento de governo acontece com um mesmo partido, neste caso o republicano, controlando a Casa Branca e as duas câmaras legislativas.
O líder dos republicanos no Senado, Mitch McConnell, já iniciou os trâmites para levar a votação uma nova proposta para financiar ao governo até o dia 8 de fevereiro, ao invés do dia 16, embora não seja claro que tenha o apoio dos democratas.
Por sua vez, o líder democrata, Chuck Schumer, disse que Trump e ele tinham negociado já um acordo ontem à tarde, mas acusou o presidente de recuar diante das pressões do seu partido.
Na ausência de consequências mais graves, os democratas conseguiram arruinar a festa de Trump em comemoração a seu primeiro ano na Casa Branca.
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