Ocorrências e divergências entre alguns integrantes Polícia Militar e Polícia Municipal, terminaram em confusão e registros de ocorrências nos últimos dias em Campo Grande. O tenente-coronel da PM identificado como Claudemir de Melo Domingos e o soldado da Polícia Municipal Maiso Marques Farias, brigaram e foram parar na delegacia neste domingo (3). O fato ocorreu após o tenente-coronel encontrar uma bicicleta que havia sido roubada do seu filho na sexta-feira (1) na Base Operacional da Polícia Municipal, localizada no bairro Estrela do Sul.
O tenente-coronel Claudemir acusava o policial municipal de tentar se apropriar do bem. As informações constam que a bicicleta teria sido roubada do filho do tenente-coronel na sexta-feira no Parque dos Poderes. Posteriormente, uma equipe da Polícia Municipal teria abordado um adolescente no bairro Nova Lima e apreendido a bicicleta suspeita de furto, levando-a para o pátio da Base Operacional da Polícia Municipal.
A confusão teve início quando a mãe do tal adolescente abordado procurou a delegacia no final de semana e registrou ocorrência de abuso de poder contra a Polícia Municipal; apontando integrantes da Base como os autores.
Nisso, o tenente-coronel que já estaria procurando a bicicleta do filho, teria ligado e tido a confirmação de que o objeto estava apreendido no local. Ele foi até lá acompanhado de uma guarnição da Polícia Militar e questionou a demora da equipe em levar a bicicleta até a Delegacia de Polícia.
O policial municipal Maiso, que registrou ocorrência como vítima se deslocou até a base para conversar com o PM. Ao chegar ao local, o tenente-coronel Domingos teria alegado que o mesmo tinha a intenção de se apropriar do bem e deu voz de prisão a ele e, conforme o registro, teria até colocado a mão na cintura fazendo menção em sacar a arma de fogo.
A ocorrência policial ainda diz que o tenente-coronel Claudemir pegou o policial municipal pelo braço e depois disso a guarnição da Polícia Militar e Municipal decidiram encaminhar todos até a 2ª Delegacia de Polícia Civil.
O policial municipal foi sem algemas e sentado no banco de traz da viatura da PM e segundo ele, o tenente-coronel permaneceu o tempo todo empunhando a arma de fogo.
Na Delegacia, os policiais municipais da base teriam entrado em conflito nos depoimentos e um boletim de ocorrência por prevaricação, que consiste em retardar, deixar de praticar ou praticar indevidamente ato de ofício, foi registrado.
Versão da Polícia Municipal
Em coletiva de imprensa o secretário de Segurança Municipal Valério Azambuja, disse que existe uma briga entre as forças policiais devido a mudança de nomenclatura ocorrida o ano passado. A antiga Guarda Municipal passou a se chamar Polícia Municipal e muitos servidores do poder estadual não concordam com isso, inclusive o tenente-coronel, diz o secretário.
Ele afirmou ainda que, se houve abuso da Polícia Municipal na abordagem ao menor, a ocorrência será encaminhada a corregedoria. Sobre a ocorrência entre o oficial da PM e o policial municipal ele desaprova. “É inadmissível que tenhamos esse tipo de problema, já que as esferas Estadual e Municipal devem andar em harmonia, tivemos esse caso isolado, desse tenente-coronel da PM que invadiu um prédio municipal, quero deixar claro que o relacionamento entre as forças é excelente”.
Agora o Ministério Público Estadual (MPE), deve investigar a conduta, a Corregedoria da Polícia Municipal deve fazer averiguações sobre o procedimento do policial municipal, e a Polícia Militar verificar a postura do tenente- coronel, pontuou o secretário.
Para Valério Azambuja, não era de ofício do tenente-coronel ir até a base e tentar prender o policial. Sobre supostas mensagens do mesmo ameaçando o policial municipal, ele diz que isso não deve ocorrer.
Ele ainda explicou que o procedimento da Polícia Municipal foi correto e que não houve demora. “Pelo o que me chegou até momento à abordagem foi na sexta, e os adolescentes evadiram deixando as bicicletas, como a Defurv não funciona no sábado e domingo, eles fariam o termo de entrega na Delegacia na segunda-feira, e não cabe ao policial militar invadir órgão municipal”.
Boletim de Ameaça
No dia 8 de janeiro deste ano, o policial municipal Aveladio Alberto Espinoza, 49 anos, registrou uma ocorrência de ameaça contra o tenente-coronel citado na reportagem acima. Conforme o boletim, os dois envolvidos participam de um grupo de whatsapp e servidores da segurança pública discutiram a respeito da nomenclatura da antiga guarda.
O tenente-coronel teria se ofendido e mandado mensagens de áudio contendo ameaças para a vítima, que registrou o ato e se comprometeu a levar a mídia até a delegacia.
Coincidência ou não, o fato é que o mesmo tenente-coronel e integrantes da polícia municipal se envolveram novamente em um "caso de polícia".
Em contato com o Comandante Geral da PM Coronel Waldir Ribeiro Acosta, foi dito que os procedimentos legais em relação à ocorrência foram efetuados e no momento se encontram sob poder da polícia civil. Em relação às possíveis brigas entre integrantes das forças de segurança, ele disse que somente a Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), pode responder.
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