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Surto de ebola no Congo: saiba mais sobre a doença

20 maio 2018 - 10h58Agência Brasil

A República Democrática do Congo vive seu nono surto de ebola desde a descoberta do vírus, em 1976. O número de casos confirmados em laboratório chegou a 14, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

De 4 de abril a 17 de maio, 45 casos de ebola foram reportados no Congo, Foram notificadas ainda 25 mortes.

Na última sexta-feira (18), a OMS optou por não declarar emergência internacional em saúde pública, mas alertou que a situação na região africana desperta preocupação e que países vizinhos foram avisados da possibilidade de disseminação do vírus.

Durante coletiva de imprensa, o chefe do comitê internacional que analisou o cenário na República Democrática do Congo, Robert Steffen, orientou que o governo local, a própria OMS e seus parceiros, incluindo Médicos sem Fronteiras e Cruz Vermelha Internacional, mantenham uma atuação conjunta e coordenada. Segundo ele, caso o surto do vírus se amplie significativamente ou registre transmissão internacional, o comitê fará uma nova reunião para reavaliar a situação.

Confira abaixo as principais perguntas e respostas sobre ebola divulgadas pela OMS:

O que é a doença do vírus Ebola?

Comumente conhecida como febre hemorrágica do ebola, é uma enfermidade severa e geralmente mortal, com taxa de óbito de até 90%. A doença é causada pelo vírus Ebola, membro da família filovírus, identificado pela primeira vez em 1976, quando dois surtos simultâneos aconteceram – um em Yambuku, vilarejo próximo ao Rio Ebola, na República Democrática do Congo, e outro numa área remota do Sudão. A origem do vírus é desconhecida, mas evidências atuais sugerem que morcegos comedores de frutas podem ter sido os hospedeiros originais.

Como as pessoas são infectadas pelo vírus?

A infecção em humanos ocorre por meio do contato com animais infectados (normalmente após o manuseio da carne) ou pelo contato com fluidos corporais de pessoas infectadas. A maioria dos casos em humanos é provocada pela transmissão pessoa a pessoa, que acontece quando o sangue ou outras secreções (fezes, urina, saliva e sêmen) de pacientes infectados entram em contato com o corpo de uma pessoa sadia por meio de lesões na pele ou pelas membranas mucosas.

A infecção também pode acontecer caso a pessoa entre em contato com itens ou ambientes contaminados por fluidos corporais de pacientes infectados, o que inclui roupa suja, roupa de cama, luvas, equipamentos de proteção e resíduos médicos como seringas.

Quem está sob maior risco?

Durante um surto de ebola, as pessoas sob maior risco de contrair a infecção são: trabalhadores de saúde; membros da família e demais pessoas que tiveram contato direto com pacientes contaminados; pessoas em luto que manuseiem corpos em rituais de enterro.

Por que pessoas que participam de rituais de enterro podem contrair a doença?

Os níveis do vírus ebola permanecem altos mesmo após a morte do paciente. Desta forma, os corpos de pessoas que morreram após serem infectadas devem ser manuseados por pessoas que utilizam equipamento protetivo e enterrados imediatamente. A OMS aconselha que os corpos de pacientes mortos pelo ebola sejam manuseados apenas por equipes treinadas e equipadas propriamente para enterrar mortos de forma segura e digna.

Por que trabalhadores da saúde estão sob risco de infecção?

O risco se dá caso os profissionais não utilizem equipamento de proteção correto ou não coloquem em prática medidas de prevenção e controle de infecções no momento em que estiverem cuidando de pacientes. Trabalhadores de todos os níveis do sistema de saúde – hospitais, clínicas e postos de saúde – devem ser informados sobre a doença e seu modo de transmissão e devem seguir firmemente as regras de precaução.

O ebola pode ser transmitido por via sexual?

A transmissão sexual do ebola, do homem para a mulher, é uma possibilidade muito forte, mas ainda não comprovada. Menos provável, mas ainda possível, é a transmissão da mulher para o homem. Mais dados de vigilância e pesquisa sobre a transmissão sexual do vírus se fazem necessários, particularmente sobre a prevalência de transmissão viável pelo sêmen ao longo do tempo.

Quais os sinais e sintomas típicos do ebola?

Os sintomas do ebola variam, mas febre de início súbito, fraqueza intensa, dor muscular, dor de cabeça e dor na garganta são comumente sentidos logo no começo da doença – período conhecido como fase seca. À medida em que a infecção avança, os pacientes costumam desenvolver vômito e diarreia (fase molhada), erupção cutânea, insuficiência renal e hepática e, em alguns casos, hemorragias internas e externas.

Quanto tempo demora para que as pessoas desenvolvam sintomas após a infecção?

O período de incubação ou intervalo de tempo entre a infecção e o início de sintomas varia de dois a 21 dias. O paciente só transmite a doença depois de apresentar sintomas. A infecção por ebola só pode ser confirmada por meio de exame laboratorial.

Quando é preciso procurar ajuda médica?

A pessoa com sintomas similares aos do ebola (febre, dor de cabeça, dor muscular, vômito e diarreia) e que esteve em contato com pacientes possivelmente infectados pelo vírus ou que viajou a localidades onde foram registrados casos da doença deve procurar assistência médica imediatamente.

Há tratamento para o ebola?

Cuidados de apoio, sobretudo terapia de reposição de fluidos, cuidadosamente gerenciada e monitorada por profissionais de saúde treinados melhoram as chances de sobrevivência. Outros tratamentos utilizados para ajudar pacientes a combater o ebola incluem, quando disponível, diálise, transfusões de sangue e terapia de reposição de plasma.

Pacientes infectados pelo ebola podem ser tratados em casa?

A OMS não aconselha que famílias e comunidades cuidem de pessoas com sintomas do ebola em casa. Pacientes com sinais da doença devem procurar atendimento em hospitais ou clínicas onde médicos e enfermeiras estão equipados para prestar esse tipo de serviço.

O ebola pode ser prevenido?

As pessoas podem se proteger da infecção pelo vírus seguindo medidas específicas de prevenção e controle que incluem: lavar as mãos; evitar contato com fluidos corporais de pessoas que podem ter sido infectadas; evitar manusear ou preparar corpos de pessoas que morreram com suspeita ou diagnóstico da doença.

Existe vacina contra o ebola?

Uma vacina experimental contra o ebola se mostrou altamente protetiva contra o vírus na Guiné. A dose foi utilizada em estudos clínicos envolvendo quase 12 mil voluntários em 2015 e será adotada novamente pela OMS como tentativa de conter o surto registrado na República Democrática do Congo. A estratégia, este ano, é a chamada vacinação em anel, onde todas as pessoas que tiveram contato com um novo caso confirmado são rastreadas e recebem a dose, no intuito de frear a transmissão do vírus.

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