Resolver conflitos utilizando práticas pedagógicas e o diálogo, levando as partes envolvidas a repensar seus atos e reparar os danos foram alguns dos pontos discutidos em audiência pública sobre Justiça Restaurativa nas escolas, que aconteceu nesta segunda-feira (3), na Câmara Municipal de Campo Grande.
A sessão, convocada pela Comissão Permanente de Legislação, contou com a presença da secretária Municipal de Educação, Ilza Mateus. Na oportunidade, os profissionais da área de Educação e do Judiciário, debateram a implantação das técnicas de Justiça Restaurativa na resolução dos conflitos que ocorrem dentro do ambiente escolar.
A principal ferramenta utilizada são os círculos, onde os envolvidos se reúnem para dialogar e restaurar as relações, chegando a um acordo definido em conjunto, sempre com o apoio de um facilitador. O processo exige que ambas as partes falem honestamente sobre os sentimentos e suas responsabilidades, buscando reconhecer os erros.
Nas escolas municipais de Campo Grande, o programa é desenvolvido em parceria com o Tribunal de Justiça. Para a secretária municipal de Educação Ilza Mateus, a aplicação nas unidades da Rede Municipal tem sido fundamental na formação dos alunos. “Buscar o diálogo nem sempre é fácil e é um processo demorado, mas que trará melhores resultados no futuro, pois estamos ajudando a construir cidadãos mais conscientes de seus atos”, ressaltou.
Este ano o programa atendeu mais de 140 casos do 6º ao 9º das escolas participantes da Reme, e a intenção, segundo a secretária Ilza Mateus, é ampliar o número de escolas atendidas. “Para nossas escolas é importante a Justiça Restaurativa porque o ambiente escolar é onde os alunos passam 200 dias do ano e muitas vezes, também levam seus conflitos familiares para a escola o que acaba interferindo em sua relação com os amigos e professores. O programa ajuda inclusive os pais, que muitas vezes não sabem como agir em determinadas situações”, afirmou.
O presidente do Condaem (Conselho de Diretores e Diretores Adjuntos das Escolas Municipais), Fabio Reis também destacou a necessidade de envolver a família no processo de diálogo. “Através da conversa poderemos construir uma escola de qualidade, além de valorizar os profissionais que nela atuam. O papel dos pais é essencial para mostrarmos a eles o que a escola tem a oferecer para ajudar seus filhos”, disse.
A juíza Katy Braun, titular da Coordenadoria da Infância e Juventude do Tribunal de Justiça, também presente a audiência, disse que a implantação das técnicas do programa nas escolas visa modificar o modo de pensar das crianças. “Ela irão levar essa cultura para a família e sociedade e irão aprender a se comunicar de uma forma sem violência”, concluiu.
No intuito de combater a violência no âmbito escolar, a Semed ainda trabalha temas transversais sobre a questão e desenvolve projetos nas áreas de esporte e cultura nas unidades da Reme, com a proposta de fazer com que o aluno se sinta inserido no ambiente escolar, oportunizando uma convivência pacífica com os amigos.