
Sem shows, a 74ª edição da Expogrande está de cara nova, por força de decisão judicial, e no primeiro sábado de evento, historicamente um dos mais movimentados por ser dedicado aos principais shows, já contabiliza as consequências da mudança. Entre as poucas famílias visitantes, a mudança foi bem-vinda, mas para os comerciantes a falta de público significou prejuízo.
“Horrível”, resume o proprietário de uma das barracas de bebidas, Robson Oliveira, de 23 anos, sobre o volume de vendas.
Em três dias de evento, ele contabiliza que só vendeu R$ 50, enquanto que no ano passado vendeu R$ 2,8 mil no mesmo período.
São muitas barracas de comidas e bebidas para poucos visitantes no espaço. Desses, a maioria são pais com os filhos ainda crianças. Para piorar, o primeiro sábado de feira teve chuva até cerca de 19h.
O vendedor de bebidas diz que eram os jovens, maioria do público dos shows, que movimentavam o comércio no local. “É a molecada que manda na Expogrande, que fazia vingar isso e dava retorno financeiro para a gente”, frisa.
Com a barraca cheia de pastéis para vender e o pior faturamento em 32 anos de participação na Expogrande a comerciante Lenita Andrade, de 52 anos, diz que só o público atraído pelo agronegócio e as famílias não são suficientes para a feira sobreviver. Ela disse que as vendas caíram mais de 80%.
“Não acredito que vai dar certo desse jeito. Já vi em outras feiras tirarem os shows e o que acaba acontecendo é a feira fechar de vez”, prevê.
A proibição dos shows na festa é decorrente de ação do Ministério Público Estadual, que cobrou na Justiça a aplicação das leis ambientais em relação à poluição sonoroa e à estrutura sanitária para receber tanto público como atraíam os shows.
Familiar
A presença majoritária de famílias na feira pode ser constatada em um rápido passeio pelo espaço dos estandes. Na tranquilidade da Expogrande sem shows e com público reduzido, as crianças aproveitam para ver os animais e os pais conferir as novidades e exposição. O parquinho e as barracas de lanche também são atrativos.
“Ficou uma coisa mais família. Eu gostei. Dá para trazer as crianças para verem os animais, passear e lanchar com tranquilidade”, diz a funcionária pública Simone Nakabashi, de 28 anos, que foi conferir a feira junto com a família. A filha, de 2 anos, aproveitou para abraçar um dos bois expostos e tirar foto.
A família de Jean Cardoso, de 35 anos, também foi conferir a nova cara da feira e aprovou a mudança, mas a esposa diz que poderia ter também “alguns showzinhos”.
Mesmo com a aprovação da tranquilidade, não tem como não reparar no vazio do espaço. “Ficou bem vazio. O show querendo ou não acaba atraindo mais gente”, diz o comerciante Robson da Silva, de 42 anos, que foi passear com as duas filhas.
O proprietário de uma barraca de espetinhos, Jakson Frandoloso, diz que esperava a presença de mais famílias, já que sem os shows esse foi o público alvo da feira neste ano. No entanto, ele acredita que as vendas devem melhorar ao longo da semana, com a maior divulgação da feira.
“Tem muita gente que ainda nem sabe que a Expogrande está acontecendo”, diz.
Faturamento
Já na parte de leilões, responsável pela maior movimentação financeira da feira, a mudança na Expogrande 2012 parece não ter atrapalhado, pelo contrário, parece ter ajudado nos faturamentos.
“Pra gente não afetou nada, só melhorou o acesso. Diminui o fluxo de veículos, não tem mais tumulto, e isso facilitou para os pecuaristas, que às vezes preferiam nem vir para não ter que enfrentar o tumulto”, avalia o diretor de empresa responsável por quatro leilões ao da Expogrande, Josenir Pereira Martins, mais conhecido como "Pezão".
A expectativa da Acrissul é movimentar cerca de R$ 120 milhões durante a Expogrande 2012, com a realização de 31 leilões, stands de empresas e palestras. A feira vai até o dia 22 e a entrada é gratuita.
Via Campograndenews
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