O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, disse nesta segunda-feira (12) ao Conselho de Segurança da ONU que a resolução do órgão pedindo um cessar-fogo na Síria não tem sido cumprida. A decisão, aprovada a 24 de fevereiro, por unanimidade, decretava “uma pausa humanitária de pelo menos 30 dias consecutivos em toda a Síria, para permitir a entrega de ajuda humanitária de forma segura e a retirada dos doentes graves”. A informação é da ONU News.
No seu discurso, António Guterres destacou que “não houve cessar das hostilidades” e a entrega de ajuda humanitária não tem acontecido “de forma segura, desimpedida e sustentável”. Ele disse também que não foi levantado o cerco em zonas habitadas, como Ghouta Oriental, e que “nenhum doente ou ferido grave foi evacuado” até ao momento.
Segundo o líder das Nações Unidas, a ONU e os seus parceiros estão prontos para entregar ajuda humanitária, mas os objetivos não têm sido cumpridos devido à violência.
Guterres falou também sobre as negociações que estão ocorrendo e detalhou vários encontros e correspondência entre as partes envolvidas no conflito, incluindo o governo sírio, fações rebeldes, a ONU e a Rússia.
O chefe da ONU afirmou que ele e o seu enviado especial para o país, Staffan de Mistura, se mantiveram “informados de cada passo, oferecendo apoio e orientação para garantir a implementação da resolução. ”
O secretário-geral detalhou o que foi feito nas últimas duas semanas. Em Afrin e Tell Refaat, a norte de Alepo, a ajuda chegou a 50 mil pessoas. Em Dar Al-Kabira, foram alcançadas 33,5 mil pessoas, mas “o governo sírio não permitiu a entrega de medicamentos essenciais como a insulina”.
Em Ghouta Oriental, a ajuda chegou a 27,5 mil pessoas, um terço do objetivo. Além disso, explicou Guterres, “a maioria do material médico foi removida pelas autoridades sírias”. Ele afirmou que “a violência tornou esta operação extremamente perigosa, apesar das garantias dadas. Numa das ocasiões, o pessoal teve de regressar a Damasco por causa de bombardeios”.
Esperança
O secretário-geral elogiou ainda “os valentes trabalhadores humanitários que arriscam as suas vidas para entregar ajuda e proteção às pessoas que precisam.” Segundo ele, “com todas estas dificuldades, a situação humanitária e de direitos humanos na região torna-se mais desesperadora a cada dia”.
No fim do discurso, Guterres disse acreditar que “apesar das dificuldades, falta de confiança, desconfianças mútuas ainda é possível implementar a Resolução 2401 visando a trégua”.
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