Repelentes feitos em casa a base de citronela, andiroba e outras substâncias oleosas, segundo pesquisadores e médicos veterinários não são um meio eficaz de afastar o mosquito da dengue.
No máximo diminui a concentração por uma hora e, garantem picadas em uma pele cheirosa. De acordo com a médica veterinária do setor entomologia do CCZ (Centro de Controle de Zoonoses), Elaine Araújo, "as receitas caseiras funcionam menos que os repelentes com produtos químicos. O correto mesmo é não deixar depósitos de água acumulada, pois combatemos a larva e não deixamos que ela cresça".
"Não adianta fazer os repelentes caseiros, evite a coleção de água parada no ralo, calha. A receita caseira pode fazer efeito em até 50% dos casos, mas dura pouco tempo. Óleos e cravo da índia não funcionam nem para os pescadores", informou a médica veterinária.
A justificativa é partilhada com o resultado de pesquisas feitas na Unesp de Botucatu, que testaram as principais receitas caseiras para afastar o Aedes aegypti. Os resultados foram divulgados pela revista "Unesp Ciência".
Com a chegada do verão, época em que os casos de dengue disparam, as fórmulas mágicas e "naturais" proliferam quase tão rápido quanto o mosquito que transmite a doença, ganhando espaço em correntes de e-mail, redes sociais e até em alguns programas de televisão.
"O maior perigo é a falsa sensação de segurança. As pessoas aplicam essas substâncias achando que vão estar protegidas contra a doença, mas, na verdade, estão vulneráveis", diz Hélio Miot, professor de Dermatologia e um dos coordenadores da pesquisa, que será publicada na "Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical".
Para combater o mosquito diariamente, Elaine Araújo, não recomenda usar repelentes comprados todos os dias, pois "podem intoxicar o organismo de quem estiver usando prolongadamente". Além disso, a médica veterinária explica que o mosquito da dengue vem se adaptando ao longo do tempo em água limpa e hoje, está migrando até as fossas.
A dengue possui quatro tipos de sorotipos, sendo que a hemorrágica pode ser desenvolvida em qualquer um deles, e pode até matar uma pessoa.
Teste
Na Unesp, para realizar o experimento, os cientistas usaram andiroba, cravo-da-índia, citronela, óleo de soja e outros produtos que a crença popular diz afastar o mosquito.
"Eles afastaram os mosquitos por um curto período. Algumas centenas de segundos apenas. Nenhum superou os repelentes industrializados", avaliou Hélio Miot.
Velas
As velas à base de citronela e andiroba, porém, podem fazer diferença."Qualquer meio que bagunce esses sensores já ajuda. Acender fogueiras é um método muito antigo de espantar insetos", diz Miot.
"Qualquer vela, mesmo as comuns, vai contribuir. Isso, porém, só funciona em ambientes fechados e com tamanho restrito. Numa varanda, por exemplo, não serviria pra nada", completou o pesquisador da Unesp.
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