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Protesto no Rio lembra 2 anos da tragédia da ciclovia Tim Maia

21 abril 2018 - 16h31Agência Brasil

Familiares das vítimas da queda de um trecho da ciclovia Tim Maia, que liga o Leblon à Praia de São Conrado, fizeram hoje (21) uma manifestação na zona sul do Rio de Janeiro para lembrar o desabamento, que deixou duas pessoas mortas.

O protesto foi precedido de uma missa na Igreja Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, de onde dezenas de manifestantes saíram em passeata até o local da tragédia, nas proximidades do Mirante do Leblon, em São Conrado. O acidente completou dois anos neste sábado.

Com cartazes e faixas com as fotos do engenheiro Eduardo Marinho Albuquerque, 54 anos, e do gari comunitário Ronaldo Severino da Silva, 60 anos, mortos na queda da ciclovia, procuraram chamar a atenção para o fato de que até hoje ninguém foi punido ou responsabilizado pelo desabamento.

O ato teve à frente o movimento “Não vamos esquecer” e contou com a presença de ciclistas que se solidarizaram com os familiares das vítimas. Os manifestantes também protestaram contra a decisão do prefeito Marcelo Crivella de nomear, no fim do mês passado, o engenheiro civil Fabio Lessa - um dos 14 indiciados pela Justiça do Rio por homicídio culposo (sem intenção de matar) - para a presidência da RioUrbe, empresa municipal responsável pelo gerenciamento das obras públicas do município.

Justificativa

Em nota divulgada hoje, a prefeitura lembrou que o processo envolvendo o engenheiro Fábio Lessa Rigueira ainda não transitou em julgado. “ Ele tem 34 anos de vida pública, vasto conhecimento da cidade e já atuou nas principais obras de urbanismo, como a implementação dos programas Favela Bairro e Bairro Maravilha”, acrescentou a nota.

Há um mês, ao defender a polêmica nomeação de Fábio Lessa para a presidência da RioUrbe, Marcelo Crivella alegou que o engenheiro não estava diretamente envolvido nas obras da ciclovia, mesmo ele sendo um dos 14 réus no processo por homicídio culposo.

O prefeito admitiu à época que tinha conhecimento das criticas que viria. “Mas eu preferi enfrentá-las para que esse profissional tivesse a oportunidade de cumprir a missão que recebeu. Ele não estava envolvido diretamente, não foi fiscal, não foi revisor de projetos, não foi orçamentista. Não teve participação nenhuma. Tinha um cargo no setor que cuidava da obra, mas não tinha participação” disse enfático.

O desabamento

O desabamento ocorreu cerca de três meses após a inauguração da obra, que fazia parte do pacote de realizações dos Jogos Olímpicos Rio 2016. A ciclovia foi projetada para ligar a Barra da Tijuca, na zona Oeste da cidade, ao Mirante do Leblon, na orla da zona sul da cidade.

No empreendimento, idealizado na gestão do prefeito Eduardo Paes, foram gastos mais de R$ 40 milhões e a obra dividida em dois trechos: o primeiro margeando a Avenida Niemeyer até a Praia de São Conrado e o segundo ligando São Conrado à barra da Tijuca.

A arquiteta Ana Tereza Nadruz, uma das criadoras do movimento “Não vamos esquecer”, estava entre as dezenas de pessoas que participaram do protesto. Os manifestantes usavam camisas e cartazes pedindo justiça e segurança. Ela também pediu a demolição da ciclovia em decorrência dos inúmeros problemas existentes na obra.

Também presente à manifestação, Cláudia Medeiros, produtora de eventos e uma das fundadoras do movimento, explicou a inciativa afirmando que o fato poderia acontecer com qualquer um. “O movimento é para protestar contra o que aconteceu. Queremos solução, não esquecer. Ao mesmo tempo, queremos justiça e punição para os responsáveis. Estamos diante do absurdo de o prefeito nomear um dos indiciados pela tragédia para fiscalizar obras públicas municipais.”

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