Até o início da tarde desta terça-feira (19), 27 pessoas foram presas na Operação Rush contra crimes cometidos no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro. As investigações da Polícia Federal apontaram o funcionamento de três esquemas com envolvimento de funcionários de empresas aéreas. Os criminosos enviavam grandes carregamentos de drogas para o exterior, furtavam bebidas de aeronaves e desviavam bagagens da fiscalização aduaneira.
A maior parte das prisões foi no Rio de Janeiro, mas também houve prisões em São Paulo, São Vicente e Angra dos Reis (RJ). Carros de luxo e blindados foram encontrados na casa de suspeitos de envolvimento, além de grande quantidade de dinheiro em moeda estrangeira ainda não contabilizada.
Ao todo, foram emitidos 36 mandados de prisão temporária e um de condução coercitiva, contra uma pessoa que oferecia sua conta bancária para um dos membros da organização criminosa. Nessa conta corrente foram encontrados R$ 300 mil.
A maior parte dos envolvidos era de funcionários de empresas que atuavam no Galeão, como as companhias aéreas Avianca, TAP e KLM. O tráfico internacional de drogas enviava os entorpecentes para os aeroportos de Amsterdã, na Holanda, e Lisboa, em Portugal. O delegado da Policia Federal Wagner Menezes, que participou da investigação, vê fortes indícios de esquemas semelhantes nesses aeroportos.
"Ficou evidente que o esquema também era operado nos aeroportos de destino. Uma vez tiveram que interromper a remessa porque os funcionários do aeroporto de destino estavam de férias", disse.
Dos mandados de prisão, mais de dez se referem ao grupo que atuava no tráfico internacional de drogas. Esse grupo gerava etiquetas duplicadas com o nome de passageiros inocentes que viajariam em vôos domésticos e usava malas com drogas que eram enviadas ao exterior. No caso que deu origem à investigação, as identidades usadas eram de um casal de idosos aposentados. Eles viajaram para Salvador e tiveram malas com seus nomes enviadas para a Holanda.
"Nos preocupou porque todos nós estamos sujeitos a embarcar em um voo doméstico e nos deparar com uma situação dessas", afirmou o delegado.
Crimes envolviam malas de voos internacionais
Outro grupo atuava burlando a fiscalização da Receita Federal e da Polícia Federal sobre as bagagens que chegavam do exterior. Os criminosos tiravam as malas da área restrita de voos internacionais e desviavam para passageiros interessados em não pagar taxas sobre produtos adquiridos no exterior.
Dois servidores da Receita Federal estão entre os suspeitos de pertencer ao esquema e tiveram mandado de prisão emitido. Um deles foi preso, e o outro fugiu quando percebeu a movimentação no aeroporto. Para o delegado, a presença de um esquema que desviava bagagens da fiscalização aponta fragilidade da segurança.
"Isso é muito perigoso porque com esse procedimento qualquer coisa pode entrar ou sair", disse ele. Acrescentou que muitas vezes os funcionários envolvidos não conferiam o conteúdo das bagagens, preferindo não saber o que estava nelas.
O delegado titular da Delegacia Especial do Aeroporto do Rio de Janeiro, Fábio Andrade, destacou que a operação é resultado do aprendizado adquirido nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016 e do contato com órgãos de fiscalização de outros países.
"O trabalho de cooperação foi muito bom. Tudo o que foi aprendido gerou um legado para a delegacia e a gente está colocando em prática", finalizou.
Reportar Erro