Empresários brasileiros e uma comitiva do Governo do Paraguai se reuniram no último dia 21 em Brasília. O encontro foi promovido pela CNI (Confederação Nacional das Indústrias) e na ocasião o presidente da Fiems, Sérgio Longen, e o presidente paraguaio Horacio Cartes trataram sobre as opções para ampliar ainda mais a aproximação econômica entre o Brasil e o país vizinho.
“A CNI trabalha pela melhoria do ambiente de negócios, construção de parcerias estratégicas e o aumento do fluxo de comércio e investimentos entre os dois países. Nós precisamos entender que a competitividade da nossa indústria não é ameaçada pelo Paraguai, mas pela Ásia”, destacou Longen.
Ele acrescenta que há grande potencial para elevar o fluxo bilateral de investimentos e de comércio e fortalecer iniciativas de cooperação em áreas diversas, com ganhos positivos para ambos os lados. “O setor industrial brasileiro defende um acordo para evitar a dupla tributação entre o Brasil e Paraguai. A celebração de um acordo com o Paraguai é prioridade para o setor privado brasileiro, na medida em que aumentará a segurança jurídica e a competitividade das operações de empresas paraguaias e brasileiras”, pontuou, completando que, no âmbito do Mercosul, o Brasil possui somente um acordo nesse sentido com a Argentina.
Por isso, no entender do presidente da Fiems, como o Brasil é o principal investidor no Paraguai em número de projetos, sendo os principais setores alimentos, tabaco, construção civil, serviços financeiros, transporte, têxtil, TI e máquinas e equipamentos, os impactos positivos desse acordo alcançariam operações envolvendo pagamentos de serviços e royalties, os quais são fundamentais na agregação ao comércio bilateral de manufaturas. “Assim, a celebração de um acordo para evitar a dupla tributação poderá contribuir para a facilitação de negócios e investimentos em curso e futuros”, justificou.
Fronteira
Sobre a região de fronteira entre Mato Grosso do Sul e o Paraguai, Sérgio Longen reforça que a Fiems tem trabalhado no sentido de aumentar a competitividade das indústrias sul-mato-grossenses, utilizando-se dessa proximidade com os paraguaios.
“O Paraguai é um país pequeno e nós precisamos de certa forma ter as nossas empresas vivas. Por isso, defendemos que possamos produzir parte em Mato Grosso do Sul, parte em território paraguaio. Nosso projeto Indústria Sem Fronteiras, aliado ao Programa Fomentar Fronteiras, do Governo do Estado, contribui para industrializar os municípios localizados na região de fronteira”, explicou.Ele acrescenta que a vinda do presidente Horacio Cartes ao Brasil é um avanço significativo nessa aproximação econômica.
Já o presidente do Paraguai, Horacio Cartes, ressalta que a aproximação entre os dois países é muito mais importante para a indústria brasileira. “O que a gente entende é que hoje nós nos completamos, pois, o país que não é competitivo fica fora do mercado internacional. Então estamos trabalhando para alinharmos os interesses do Paraguai com os do Brasil. Vemos que nesses quatro anos a minha administração conseguiu evoluir muito, mas há muito ainda que falta ser feito para Paraguai e Mato Grosso do Sul trabalharem juntos”, afirmou.
O ministro da Indústria e Comércio do Paraguai, Gustavo Leite, analisa que não falta vontade de aproximação econômica entre os dois países. “Já temos acordos para evitar a dupla tributação com o Chile, por exemplo, e com o Taiwan, então por que não com o Brasil? O Ministério das Finanças no Paraguai é que trata desse assunto, mas gostamos muito da proposta feita pela CNI. Para nós é uma boa oportunidade e acredito que o empresário não pode tributar em dois lugares, não é justo”, afirmou.
Ele ainda acrescenta que o Brasil e o Paraguai têm um excelente relacionamento, com o Brasil sendo o segundo investidor no Paraguai e um dos nossos principais mercados de exportação. “Para o Brasil, o Paraguai também é muito interessante. No futuro, se nós jogarmos juntos, poderemos substituir pelo Paraguai aquilo que o Brasil traz da China, da Tailândia, da Ásia”, finalizou.
Repercussão
O presidente da Apex Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), embaixador Roberto Jaguaribe, acrescenta que o Brasil apoia quase 1.300 empresas brasileiras que exportam para o Paraguai. “Nós temos interesse de apoiar a internacionalização de empresas no Paraguai e estamos interessados em encaminhar com a CNI. Acreditamos que essa facilidade nacional que o governo do presidente Cartes tem oferecido para a instalação de empresas com investimento estrangeiro é benéfica também para a indústria brasileira”, analisou.
O deputado estadual Paulo Corrêa (PR), presidente da Comissão de Indústria e Comércio da Assembleia Legislativa, afirma que foi muito importante essa reunião na CNI, pois criou a possibilidade de empresários brasileiros de todos os Estados do País fazerem negócios com o país vizinho. “Acredito que seja um bom momento para sondarmos as oportunidades do Paraguai e ver de que forma Mato Grosso do
Sul sai ganhando com isso, pois já temos o Programa Fomentar Fronteiras, do Governo do Estado, que disponibiliza uma alíquota de ICMS muito interessante para o empresário que instalar sua indústria na faixa de fronteira. O evento serve para que os empresários também possam entender melhor esse intercâmbio Brasil e Paraguai”, falou.
O prefeito de Ponta Porã (MS), Hélio Peluffo, ressalta que se trata de uma oportunidade única para Mato Grosso do Sul se mostrar. “Temos de elogiar esse trabalho que a Fiems vem fazendo, de compartilhar as vantagens oferecidas pelos governos do Paraguai e de Mato Grosso do Sul para a atração de empresas. Para Ponta Porã, isso é de extrema importância e por isso reafirmo que o presidente Sérgio Longen tem feito um trabalho diferenciado, que tem proporcionado a Ponta Porã a oportunidade de abrir as portas para os investidores”, declarou.
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