Estão em exposição, em Brasília, até o dia 16 de dezembro, as únicas peças que restaram de coleção do acervo antropológico do Museu Nacional do Rio de Janeiro A exposição Índios: Os Primeiros Brasileiros, em exibição no Memorial dos Povos Indígenas, reúne, segundo o curador da mostra João Pacheco, a única coleção restante do acervo antropológico de mais de 40 mil peças do Museu Nacional da Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, consumido pelo incêndio de domingo passado (2). O incêndio destruiu a maior parte do seu acervo de 20 milhões de peças.
As peças não se perderam porque já estavam em exposição desde o dia 29 de agosto no Memorial dos Povos Indígenas. Entre os itens expostos, há uma série de imagens dos raríssimos Mantos Tupinambás e um conjunto de praiás (vestimentas rituais) do povo indígena Pankararu, maracás, arcos e flechas, cocares, todos de povos indígenas do Nordeste, como os Xucuru, Kiriri, Tupinambá e Fulniô.
O professor de antropologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e curador da exposição João Pacheco comemora a sorte em ter os objetos integrando uma mostra fora do Rio. “Se o material não estivesse nessa exposição, provavelmente teria sido destruído também com o restante da coleção. É o que resta de memória das atividades antropológicas do Museu Nacional", disse.
Pacheco disse que a coleção em exposição foi reunida por ele dentro de um projeto de pesquisa. “O aspecto muito triste é que essa é a única coleção que restou de todo o acervo do Museu Nacional. Todo material foi destruído, todo nosso acervo. Quarenta mil peças de todos os povos indígenas do Brasil, peças de mais de 100 anos, recolhidas por viajantes no tempo do Brasil Império, peças mais recentes, material do Brasil, África e Oceania. Material arqueológico muito precioso também foi perdido”, destacou.
Segundo o professor, algumas peças que não vieram para Brasília ficaram guardadas em um galpão anexo ao museu. “Essas peças também se salvaram”, disse.
Entre as peças em exposição, Pacheco destaca os praiás, que representam seres encantados para os índios Pankararu. “Os seres encantados ocupam essas regiões e vêm para participar das festas dos indígenas. São figuras referenciais para a vida dos Pankararu. Eles usam como usamos o crucifixo. É um elemento de proteção do corpo e da vida de cada um dos indígenas Pankararus”, explicou.
As imagens e documentos expostos permitem que o público viaje pela história do Brasil e dos povos indígenas. A maior parte do acervo traz registros sobre os povos da Região Nordeste e retrata a colonização, as narrativas indígenas e os desafios atuais.
A exposição já foi vista por um público estimado em mais de 230 mil visitantes de seis cidades: Recife, 2006 e 2007; Fortaleza, 2008; Rio de Janeiro, 2010; Córdoba-Argentina, 2013; Natal, 2014; e Salvador, 2016-2017.
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