O “Olho de Agamotto – Dispositivo Eletrônico para Guiar Deficientes Visuais”, projetado e desenvolvido pelos alunos do Ensino Médio da Escola do Sesi de Corumbá, conquistou mais um prêmio em Mato Grosso do Sul. Após ter recebido o prêmio de melhor projeto multidisciplinar da edição 2017 da Fecipan (Feira de Ciência e Tecnologia do Pantanal) no mês de outubro, no sábado (11/11) a bengala eletrônica ganhou o 1º lugar na área de Engenharia da 4ª FetecMS (Feira de Tecnologia, Engenharias e Ciências de Mato Grosso do Sul), realizada pela UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e Grupo Arandú de Tecnologias e Ensino de Ciências e contando com recursos concedidos pelo CNPq.
O evento trabalha com estudantes de escolas públicas e privadas do 4º ao 7º ano do Ensino Fundamental (categoria Júnior) e do 8º ano do Ensino Fundamental até a 3ª série do Ensino Médio (regular, técnico e EJA). O evento reuniu a comunidade escolar dos ensinos Fundamental e Médio de diversas instituições de ensino, além de representantes dos parceiros do evento, como secretarias municipais e estadual de Educação, Exército Brasileiro e universidades de Mato Grosso do Sul.
Segundo a diretora da Escola do Sesi de Corumbá, Mirian Correa da Silva de Jesus, a FetecMS 2017 alcançou um número recorde de inscrições neste ano com 270 trabalhos, dos quais 180 foram selecionados para serem apresentados. “Os critérios utilizados para análise foram a criatividade e inovação, conhecimento científico do tema, organização e clareza de ideias e adequação à norma culta de linguagem. O trabalho selecionado foi avaliado na feira por equipe composta por professores e pesquisadores, sendo que teve até avaliação online por 337 avaliadores de todo o País e dentre eles 200 já tinham participado da avaliação na última edição da Feira”, detalhou.
O estudante Fábio Gustavo, um dos alunos responsáveis pelo desenvolvimento do projeto, destaca que eventos como a FetecMS 2017 são necessários para a inclusão dos discentes que se interessam pela evolução da área cientifica. “Essas feiras estimulam a gente a propor uma maior exploração da nossa criatividade baseada no conhecimento obtido através da nossa formação escolar”, declarou. “O evento em si foi importante para uma expansão maior do projeto e, com isso, cada vez mais a gente vai ampliando o nosso conhecimento. Só tenho à Escola do Sesi por todo esse apoio”, disse a estudante Naiara Aparecida, uma das alunas responsáveis pelo desenvolvimento do projeto.
O Projeto
Para um deficiente visual, caminhar por espaços públicos pode ser algo inimaginável. Em um exercício de equilíbrio e concentração, seguem guiados pelo piso tátil, que os leva, na teoria, a desviar de obstáculos, e atravessam as ruas, orientados por equipamentos sonoros instalados nos semáforos. Mas, e quando a acessibilidade acaba? Foi pensando em proporcionar um ambiente mais inclusivo para os deficientes visuais que cinco alunos da Escola do Sesi de Corumbá desenvolveram um sistema batizado de “Olho de Agamotto”.
Usando conceitos das aulas de robótica, disciplina que integra a grade curricular das escolas do Sesi, os alunos usaram o modelo Lego “EV3” para construir o “Olho de Agamotto”. O nome do dispositivo foi baseado no amuleto que o personagem das HQs (Histórias em Quadrinhos) do Grupo Marvel, “Dr. Estranho”, carrega no pescoço e é inspirado no mundo real em “O Olho que Tudo Vê”, de Buda, nome dado a Siddhartha Gautama, líder religioso que viveu na Índia e fundou o “budismo”.
Na ficção, o “Olho de Agamotto” permite a quem o carrega percorrer distâncias e dissipar disfarces e ilusões, enquanto no caso do protótipo desenvolvido pelos alunos do Sesi ele conta com um sistema de GPS integrado e sensores programados para indicar os comandos sonoros que serão transmitidos para o deficiente visual. “Não é necessário um pacote de internet móvel para a programação funcionar. São satélites de GPS que oferecem para o receptor do Olho de Agamotto a sua posição e destino final”, explicou Adilson Corrêa Júnior, da 3ª série do Ensino Médio, um dos alunos responsáveis pelo desenvolvimento do projeto.
“Nossa intenção é levar bem-estar para o deficiente visual. Estas pessoas deixarão de ficar totalmente dependentes das sinalizações públicas, já que em muitos lugares elas simplesmente não existem, e poderão ter mais autonomia”, disse Maria Fernanda da Silva. Outra vantagem, acrescenta a estudante Naiara Firmino Rodrigues é a correção postural do deficiente visual. “O deficiente anda a maior parte do tempo agachado por causa da bengala, então alguns problemas se postura são corrigidos. Com o Olho de Agamotto, as pessoas com deficiência visual passam ter uma locomoção mais segura e com melhor tempo de deslocamento”, afirmou.
A estudante Kianny Climaco Guerreiro conta que o projeto surgiu após o grupo verificar as privações vivenciadas pelas pessoas que não enxergam. “São pessoas privadas de muitas experiências por não serem capazes de ver. Então decidimos ajudar”, finalizou, destacando que o projeto foi idealizado pelo aluno Allison Barbosa, sob orientação dos professores Carlos Roberto Leão Campos e Marcelly Tavares.
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