O aparecimento de carcaças de jacaré no pantanal de Mato Grosso do Sul preocupa autoridades ambientais na região. Jacarés de diversos tamanhos foram encontrados mortos, boiando no Rio Paraguai. Em muitas delas, há sinais de caça: partes do couro e da carne foram retiradas. A cauda, normalmente é retirada, porque serve de alimento. Os flagrantes foram feitos em Corumbá (MS).
Apenas em 2019, nove pessoas foram autuadas com carne de caça de jacaré. A Polícia Militar Ambiental (PMA) fala em ações isoladas. Segundo José Borges, subtenente PMA, a fiscalização não consegue alcançar todas as regiões do pantanal. Um veterinário da região encontrou um animal abatido a mais de 200 quilômetros da área urbana. O animal teria entre 50 e 60 anos, e apenas sua cauda foi retirada.
O veterinário Rodrigo Leal trabalha para um criadouro e frigorífico de jacarés, no Pantanal, e faz controle e manejo dos animais. "O primeiro sentimento é de revolta, porque além de ser abatido para um aproveitamento parcial, de menos de 15%, era um animal que demorou mais de 20 anos para chegar a uma idade reprodutiva, e estava no ápice", relata.
Segundo pesquisadores, apesar da população de jacarés do pantanal estar sob controle, fica o alerta para uma prática que pode desencadear um desequilíbrio no futuro. Segundo a Embrapa Pantanal, "abater um jacaré sem critérios e utilizar parte do animal, deixando o resto no local, é um exemplo péssimo de como trabalhar essa riqueza biológica".
Trata-se de um risco para o meio-ambiente e para o turismo. Lucenir Alves trabalha há 20 anos levando turistas para navegar pelo Rio Paraguai. Para ela, mostrar a natureza pantaneira nessas condições, é uma preocupação.
''Você não vende uma volta de barco, e sim, um passeio para conhecer o pantanal, para ver os animais. Chegando lá, você não encontra o animal vivo e encontra o morto, os turistas voltam decepcionados."
Alessandro Rossi, turista italiano que veio ao pantanal esperando ver os jacarés, ficou decepcionado: "Foi algo muito triste, uma pena. Eu quis ver o jacaré aqui na natureza, mesmo, mas nao gostei nada", comenta.
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