Desde dezembro de 2016 os radares e lombadas eletrônicas de Campo Grande estão desligados devido ao encerramento do contrato de operação e locação dos aparelhos com as empresas Perkons e Cidade Morena. Porém, algo curioso foi observado no período pós-desligamento: o número de acidentes registrados diminuiu consideravelmente.
O caso tem poucos similares no país, e por mais que existam varias analises passíveis sobre isso, o fato tem uma constatação clara, com os radares desligados, e mesmo havendo divulgação da situação para a opinião publica, o número de sinistros caiu.
De acordo com informações da Agetran (Agência de Transporte e Trânsito) de dezembro de 2015 a dezembro de 2016, período em que os radares ainda estavam em funcionamento, foram registrados 7.243 acidentes na Capital. Os radares e lombadas eletrônicas foram desligados mais precisamente no dia 6 de dezembro de 2016. Deste dia até o dia 31 de dezembro de 2017 o numero de acidentes registrados foi de 5.749. A redução é de 1.494 acidentes em um ano.
Para o advogado e membro e membro da Cemurb (Comissão Especial De Mobilidade Urbana) da OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Mato Grosso do Sul), Bruno Alves, há várias explicações para isso. A primeira seria o aumento na fiscalização móvel. “Tivemos a formação de mais agentes de trânsito. Em 2016 o Detran/MS (Departamento Estadual de Transito de Mato Grosso do Sul) formou em um curso em torno de 50 servidores para poderem atuar na fiscalização de trânsito, em setembro de 2017 eles fizeram outro curso para começarem a atuar. Inclusive foi uma época em Campo Grande que onde você passava tinha blitz”, explicou.
Além disso, o advogado explicou que a partir do desligamento dos radares fixos, a Agetran passou a utilizar mais os radares móveis.
Outro motivo para a redução seria o fato dos condutores não acreditarem que os radares realmente estão desligados e continuam reduzindo a velocidade. “Eu acredito que seria muito simplório a gente alegar que os radares são desnecessários. Eles são necessários. Por que o condutor reduz sim a velocidade quando passa perto do equipamento de fiscalização. Ele evita furar o sinal vermelho onde tem equipamento”, salienta.
O advogado destaca também que várias ações do Detran e da Agetran vem fazendo com que os acidente diminuam. “Não é só o excesso de velocidade que causa acidente. Tem sido retirado de circulação das vias, por exemplo, condutores sem habilitação, e o número é muito alto, tem aumentado o número de apreensões dos condutores que dirigem embriagadas, veículos que não tem condição de circular nas vias também são recolhidos”, diz.
Bruno Alves diz que também acredita que a educação no trânsito tem influenciado nessa redução, mas ao ser indagado se ao invés de apenas estarem desligados, os radares foram retirados se essa redução continuaria, ele disse acreditar que não.
“Quando há uma fiscalização dificilmente você vê um motorista dirigindo e falando ao celular, quando a fiscalização não existe você encontra vários deles. Um país europeu remodelou o ordenamento viário, fez uma modificação brusca e tirou, por exemplo, os limites de calçada, apenas pintou de coloração diferenciada, mas não se via diferença de nível, nem a faixa central na rua. O ambiente ficou mais limpo e eles disseram que os acidentes reduziram, por que a partir do momento que você não tem limitação, parece que o condutor cria um pouco mais de responsabilidade. Só que o nível de educação do condutor em um país desses é muito diferente do nosso”, concluiu.
Já o autônomo Mario Sousa Silva, entrevistado no cruzamento da Afonso Pena com a Treze de Maio, disse que "todo mundo"sabe que os radares estão desligados, mas como a sinalização não foi retirada, a "gente acaba respeitando". A opinião singela de um motorista anônimo, pode revelar uma outra vertente, a de que sinalização farta, pode reduzir também o numero de acidentes. Isso por que as placas alertando sobre a existência de radares nos cruzamentos é bastante ostensiva, bem demais que as demais inclusive.Elas estão sempre na altura dos semáforos, e de fácil visualização, Ou seja o apelo visual vigoroso, pode ter mais resultado, que uma multa no final do mês,.
Radares desligados
Segundo a Perkons, ao todo 66 equipamentos não estão aplicando autuações por excesso de velocidade e desrespeito ao sinal vermelho. Também foram desligados os “Olhos Vivos”, administrados pelo Consórcio Cidade Morena, que controlava o avanço de sinal, parada na faixa e velocidade.
Até o momento, nada aconteceu por conta disso, aliás as estatísticas até melhoraram, independente das interpretações.
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